terça-feira, julho 25, 2017

Academia se abre aos “saberes tradicionais”. Mas nada de criacionismo

Trinta e seis mestres e mestras de saberes tradicionais, entre parteiras indígenas, mestres do Reinado do Rosário, pais e mães de santo do candomblé, ceramistas xacriabás e xamãs xavantes, passaram a frequentar a academia graças ao Programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais, iniciado há cinco anos na UFMG, durante uma edição do Festival de Inverno. Um balanço da iniciativa foi apresentado pelo professor César Geraldo Guimarães, do Departamento de Comunicação Social da UFMG, na mesa-redonda Democratização da produção do conhecimento: sábios, intelectuais e militantes, na tarde desta terça-feira, dia 18, no âmbito da SBPC Afro e Indígena. Os integrantes da mesa discutiram alternativas à segregação e ao sufocamento dos saberes populares e tradicionais no meio acadêmico.

“Percebemos essa situação problemática e resolvemos convidar os mestres tradicionais para serem protagonistas. Parece algo mínimo em relação ao tamanho das engrenagens das universidades, mas, acompanhando o convívio entre os discentes e os mestres, percebemos que algo se transforma em quem os escuta, e isso é essencial para a continuidade dos esforços”, analisou o professor. [...]

(UFMG)

Nota: Não é interessante ver que estão concedendo espaço em campi seculares para crenças como candomblé, xamanismo e outras, ao mesmo tempo em que consideram o design inteligente e o criacionismo “religiões” que não podem ter espaço na academia? Isso muito embora esses dois modelos conceituais disponham de muito mais argumentos científicos que os tais “saberes tradicionais”. Isso me faz lembrar do tempo em que cursei Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina. Houve ocasiões em que sofri preconceito pelo simples fato de ser adventista e defender o criacionismo. No entanto, pude ver em carros de professores adesivos que diziam “Eu creio em duendes” e cartazes espalhados pelo campus, divulgando eventos relacionados com a nova era e até palestras de gurus orientais. Em mais de duas décadas, nada mudou nesse aspecto. Pelo visto, os verdadeiros alvos de segregação e sufocamento são outros... [MB]