terça-feira, julho 11, 2017

Cuidado com dietas, terapias e tratamentos mágicos

Há mais de um século a Igreja Adventista do Sétimo Dia, com base na Bíblia e nos escritos de Ellen White, vem promovendo os chamados oito remédios naturais (que eu tenho chamado de oito dicas do Fabricante): água, luz solar, ar puro, exercício físico, repouso adequado, alimentação natural, equilíbrio e confiança em Deus. É claro que, para adotar um estilo de vida pautado por essas recomendações, é preciso tomar decisões e ser perseverante. No entanto, os resultados compensam o esforço: maior longevidade e uma vida mais saudável. Pesquisas têm confirmado que esse estilo de vida funciona, basta mencionar os dados divulgados por universidades como a de Loma Linda, na Califórnia, e do Estudo Advento, da USP. Adventistas que utilizam os oito remédios naturais podem viver até uma década a mais que o restante da população. Só que, como dá algum trabalho comer de maneira saudável, dormir mais cedo e praticar exercícios, por exemplo, há pessoas que preferem apelar para “atalhos” e dar ouvidos a conselheiros que as afastam das orientações inspiradas. Aí adotam modismos dietéticos e comportamentais e acabam colhendo os frutos amargos disso.

Muitas ideias sobre “tratamentos naturais” aparecem diante da igreja e são rapidamente espalhadas, mas grande parte delas está bem distante do princípio da prevenção expresso em Êxodo 15:26: “E disse: Se ouvires atento a voz do Senhor teu Deus, e fizeres o que é reto diante de Seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos Seus mandamentos, e guardares todos os Seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque Eu sou o Senhor que te sara.”

É especialmente complicado e até perigoso quando alguns profissionais de saúde, naturopatas e até médicos se valem de sua formação para falar de áreas nas quais não são especialistas. Para o grande público, o fato de alguém ser médico, por exemplo, já credencia essa pessoa a falar sobre qualquer aspecto da saúde. É a mesma coisa se um cardiologista usasse sua especialidade como ponte para se credenciar como autoridade em Gastroenterologia ou Neurologia. Isso para não falar nas tais terapias alternativas que se valem de procedimentos e tratamentos duvidosos como a iridologia e a homeopatia, para citar apenas dois.

Mas atrapalha tanto assim seguir os conselhos de certos médicos midiáticos? Temos tanta informação de qualidade disponível na literatura adventista, especialmente a que é produzida pela Casa Publicadora Brasileira, que informações distorcidas e de segunda mão só atrapalham.

Semana passada, um amigo médico atendeu uma paciente que antes estava com colesterol borderline e que tinha recebido dele a indicação para mudança de estilo de vida, atividade física, etc. Ela voltou depois de quatro meses com colesterol total de 385! O médico passou uns 20 minutos conversando com a paciente, tentando entender o que tinha “saído errado”. Foi quando voltou para o básico e perguntou: “Com que frequência a senhora está comendo ovos?” “Como dois ovos todos os dias”, ela respondeu. “Por quê?”, o médico voltou a perguntar. “Porque vi um vídeo em que o doutor fulano recomenda isso”, foi a resposta dela.

E lá foi o meu amigo conversar mais 30 minutos sobre mudança de estilo de vida. A conclusão dele é que as pessoas gostam de soluções mágicas como as que são apresentadas por alguns especialistas na internet e por vários que aparecem no meio adventista. Isso é mais fácil que fazer as mudanças reais.

Infelizmente, há muitas pessoas cortando indiscriminadamente isso e aquilo da dieta, tomando hormônios para emagrecer, buscando atalhos absurdos e achando que isso é “reforma de saúde”. Alguns estão adquirindo uma aparência cadavérica e adoecendo aos poucos. E o pior: ensinando aos outros que essas atitudes extremas são da vontade de Deus. Não, isso não é reforma de saúde! Isso é um fardo desnecessário e uma atitude que só atrai zombaria sobre uma causa que deveria impressionar o mundo e atraí-lo para a luz da revelação divina.

O diabo continua sendo bem-sucedido em lançar as pessoas para os extremos: ou o da intemperança e desconsideração para com os conselhos de saúde, ou o do extremismo e da adoção de práticas que não são da vontade do Criador. Que Deus nos ajude a alcançar o equilíbrio regido pela revelação e pelo bom senso.

Michelson Borges