Na Revista Americana de Psiquiatria (American Journal of Psychiatry) de março de 2008, o Dr. Jerald J. Block comenta que a adicção (dependência) da internet parece ser uma desordem mental que merece ser incluída na próxima edição da Classificação Internacional das Doenças usada nos EUA (DSM-V), e mostra resultados de pesquisas nesse sentido. O diagnóstico da desordem que engloba o uso compulsivo-impulsivo de computador, seja on line ou off line, consiste de três subtipos de vício: jogos excessivos, preocupações sexuais e mensagens tipo e-mail ou textos. E qualquer uma dessas modalidades de dependência tem em comum quatro componentes: (1) excessivo uso, freqüentemente associado com perda da noção do tempo ou negligência de necessidades básicas; (2) abstinência, com sintomas de raiva, tensão e/ou depressão quando o computador está inacessível; (3) tolerância, que inclui a necessidade de obter melhores computadores, melhores softwares, ou mais horas de uso, e (4) repercussões negativas, incluindo argumentos, mentiras, isolamento social, pobres realizações e fadiga.
Pesquisas sobre vício com internet têm sido feitas na Coréia do Sul depois que dez pessoas morreram por problema cardíaco quando estavam numa Internet Café (lan house) e após assassinatos muito semelhantes aos que existem em videogames. Naquele país, considera-se a dependência de internet um sério problema de saúde pública. Segundo dados do governo coreano de 2006, aproximadamente 210 mil crianças sul-coreanas entre 6 e 19 anos de idade estão sofrendo disso e requerem tratamento. Talvez 80% precisarão medicamentos e 20% a 24%, internação hospitalar.
Um adolescente sul-coreano gasta, em média, 23 horas por semana em jogos na internet e há um aumento do número de jovens que faltam às aulas ou ao trabalho para ficar mais tempo no computador. Por isso, até junho de 2007 eles treinaram 1.043 conselheiros para o tratamento de vício em internet, e estão introduzindo métodos preventivos nas escolas.
Na China, de acordo com Dr. Block, 13,7% dos adolescentes chineses se encaixam no diagnóstico de adicção pela internet, o que dá cerca de 10 milhões de jovens.
Nos Estados Unidos, por incrível que parece, ainda faltam dados, porque as pessoas acessam computadores para coisas pessoais muito mais tempo estando em casa, ficando difícil fazer uma estatística apurada.
Estima-se que 86% dos viciados em internet apresentem algum outro diagnóstico de desordem emocional classificável clinicamente (sob o ponto de vista médico). Conseqüências desse vício incluem quantidade de sono inadequado, atrasos no trabalho, ignorar obrigações familiares, problemas financeiros e legais, etc.
Como saber se uma pessoa está viciada em internet? Ela precisa responder com um “sim” a cinco das questões abaixo e sem estar num episódio maníaco da doença bipolar:
1. Você se sente preocupado com a internet (fica pensando nas conexões que fez ou nas que pretende fazer)?
2. Sente necessidade de usar a internet cada vez mais tempo a fim de obter satisfação?
3. Tem feito repetidos esforços sem sucesso para tentar controlar, cortar ou parar o uso da internet?
4. Se sente cansado, de mau humor, deprimido ou irritável quando tenta diminuir ou parar o uso da internet?
5. Permanece conectado mais tempo do que havia planejado?
6. Tem comprometido ou arriscado a perda de relacionamentos significativos, trabalho, oportunidades educacionais ou de carreira por causa da internet?
7. Tem mentido para membros de sua família, profissional de saúde ou outros para ocultar a extensão do envolvimento com a internet?
8. Usa a Internet como um meio de escapar de problemas ou para obter alívio de sentimentos de desajuda, culpa, ansiedade, depressão?
Como lutar contra isso? (1) Admitir que existe o problema e estar disposto a mudar; (2) restringir o tempo de uso do computador; (3) avaliar se não se trata de algo secundário a um problema de desenvolvimento (crianças e jovens); (4) pais devem dar bom exemplo não sendo dependentes também de internet ou outra coisa; (5) as crianças e jovens só devem ter acesso à internet após realizar as tarefas da casa e da escola; (6) quebrar o padrão de uso do computador, por exemplo, se a pessoa logo que acorda de manhã vai checar e-mails, ela pode primeiro tomar um banho, tomar o desjejum, ou se logo que chega em casa após o trabalho/escola acessa a internet, ela pode primeiro tomar um banho, jantar...; (7) colocar um “timer” ou relógio com alarme ligado para certa hora, e ao ele disparar, interromper o uso do computador; (8) avaliação psiquiátrica/psicológica para adultos, pois pode estar ocorrendo um transtorno emocional que leva a pessoa ao vício em internet.
(Cesar Vasconcellos de Souza, www.portalnatural.com.br)