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Talvez ainda não existam respostas firmes. Mas o Dr. Gary Small, psiquiatra da Universidade da Califórnia em Los Angeles, argumenta que a exposição diária a tecnologias digitais como a Internet e a celulares inteligentes pode alterar a maneira pela qual o cérebro funciona.
Quando o cérebro passa mais tempo envolvido em tarefas relacionadas à tecnologia e menos tempo exposto a outras pessoas, ele se afasta das habilidades essenciais no trato social, como por exemplo a interpretação de expressões faciais durante uma conversa, afirma Smalls.
Assim, os circuitos cerebrais envolvidos no contato interpessoal podem perder a força, ele sugere. Isso poderia gerar desconforto em situações sociais, incapacidade de interpretar mensagens não verbais, isolamento e menos interesse nas formas tradicionais de aprendizado escolar.
Small diz que o efeito é mais forte nos chamados "nativos da era digital" - as pessoas que estão na adolescência e na casa dos 20 anos e "estão conectadas à tecnologia digital desde a primeira infância". Ele acredita que seja importante ajudar os nativos da era digital a melhorar suas habilidades no trato social, e as pessoas mais velhas - os imigrantes da era digital - a melhorar seus conhecimentos tecnológicos. (...)
Mais de dois mil anos atrás, Sócrates alertou sobre uma revolução diferente na informação - a ascensão da palavra escrita, que ele considerava como forma de aprendizado mais superficial do que a tradição oral. Mais recentemente, o surgimento da televisão despertou preocupações quanto à possibilidade de que as crianças se tornassem mais passivas ou violentas, ou que desenvolvessem maior dificuldade de aprender. (...)
A vida na era do Google pode mudar até mesmo a maneira como lemos. Normalmente, quando uma criança aprende a ler, o cérebro constrói percursos que gradualmente permitem uma análise e compreensão mais sofisticada, diz Maryanne Wolf, da Universidade Tufts.
Ela classifica essa análise e compreensão sob a rubrica "leitura profunda". Mas isso requer tempo, mesmo que apenas uma fração de segundo, e o moderno mundo conectado confere primazia à velocidade, ou seja, à obtenção rápida do maior volume possível de informação, ainda que superficial.
Wolf questiona o que acontecerá à medida que as crianças começarem a realizar mais e mais de suas primeiras leituras online. Os cérebros delas responderão contornando certas porções dos percursos normais de leitura, exatamente as que conduzem à compreensão profunda mas requerem mais tempo? E isso prejudicará a capacidade delas de compreender o que leram?
As questões merecem estudo, acredita Wolf. Em sua opinião, as crianças precisam de instrução adaptada a obter compreensão das leituras que fazem no mundo digital.
Alguns pesquisadores sugerem que o cérebro na verdade se beneficia de um uso intenso da Internet.
Um grande estudo conduzido por Mizuko Ito, da Universidade da Califórnia em Irvine, concluiu recentemente que o tempo investido em conversas online com amigos - por exemplo, no envio de mensagens instantâneas - oferece aos adolescentes lições importantes de que precisarão para o trabalho e a vida social na era digital. Isso inclui lições sobre questões como a privacidade online e o que é apropriado postar e comunicar na Internet, diz Ito.
Rowe diz que ele e seus amigos muitas vezes discutem se a tecnologia não é prejudicial. Isso envolve debater o argumento de que usar muito o computador torna as pessoas ineptas em termos sociais.
Ele diz, evidentemente, que "nós passamos muito tempo no computador e ainda assim temos vidas sociais normais e perfeitas".
(Terra)