Traudl Junge, secretária de Hitler durante a 2ª Guerra, relata no livro Até o Fim (Ediouro) suas impressões a respeito do Führer enquanto conviveu com ele e seus colaboradores na “Toca do Lobo”, como era chamado o quartel-general nazista. Toda a informação que podia obter da guerra era cuidadosamente fornecida pelo próprio Hitler e seus imediatos, que faziam questão de transmitir a maior tranquilidade e segurança. Tendo vivido nesse período cercada de conforto e amenidades, Traudl conta que, ao fim da guerra, enfrentou imensa dificuldade para acreditar que Hitler, uma pessoa extremamente cortês e paternal, pudesse ter cometido tamanhas atrocidades. Passou anos do pós-guerra procurando entender como é que havia sido “tão ingênua e alienada durante o período em que esteve tão próxima do centro das decisões”, segundo o texto da contracapa do livro.
Foi com muita dificuldade que chegou à conclusão de que havia sido mesmo contaminada pelo incrível poder de sedução do grande líder. Aliás, essa foi uma de suas motivações para escrever o livro a partir de seus diários. Ela queria alertar para o fato de que o poder sedutor de líderes fanáticos jamais pode ser subestimado.
Uma de minhas filhas leu todo o livro e recitou alguns trechos em voz alta para mim. Achei o livro muito interessante. O que mais me impressionou foi este trecho, que descreve um dos momentos corriqueiros passados por Traudl com Hitler (e Eva Braun) na “Toca do Lobo”, quando o ditador confessa sua filosofia de vida e seu relacionamento para com a religião:
“[Hitler] não tinha qualquer ligação religiosa; achava que as religiões cristãs eram mecanismos hipócritas e ardilosos para apanhar incautos. Sua religião eram as leis da natureza. Conseguia subordinar seu violento dogma mais facilmente a elas do que aos ensinamentos cristãos de amor ao próximo e ao inimigo. ‘A ciência ainda não chegou a uma conclusão sobre a raiz que determina a espécie humana. Somos provavelmente o estagio mais desenvolvido de algum mamífero, que se desenvolveu do réptil a mamífero, talvez do macaco ao homem. Somos um membro da criação e filhos da natureza, e para nós valem as mesmas leis que para todos os seres vivos. Na natureza a lei da guerra vale desde o começo. Todo aquele que não consegue viver, e que é fraco, é exterminado. Só o ser humano e, principalmente, a Igreja têm por objetivo manter vivos artificialmente o fraco, o que não tem condições de viver e aquele que não tem valor” (p. 104).
Fica claro aqui que o conceito de luta das espécies e da sobrevivência do mais apto foi aquilo que lhe permitia matar sem problemas de consciência (aliás, existe consciência sob a ótica darwinista?). É o mesmo pensamento evolucionista que também leva à ação aqueles que estão por aí, não tão famosos quanto Hitler, mas, como ele, desejando ser mais fortes, subjugar ou destruir os mais fracos e levar vantagem em tudo, sem qualquer pudor ou dor de consciência. Eles estão no meio político, no transito, na vida do crime, na economia e até nas empresas. Não existe esperança para um mundo que, no fundo, está sendo dominado por esse tipo de ideia. Mais cedo ou mais tarde, se nada diferente acontecer, ele se autodestruirá!
No conceito evolucionista a ética é vencer. Roubar pode, desde que você não seja pego. Quem rouba sem ser descoberto é vitorioso. Mas se você é descoberto, foi bobo e perdeu. É a sobrevivência do mais apto, nem que seja para roubar. E matar? É lógico que isso também não é errado. Aliás, dentro do conceito evolucionista, não existem absolutos, nem certo nem errado. Existe, sim, o forte e o fraco. Quem pode mais, chora menos. Juízo, julgamento superior, como ensina a Bíblia, não existe. Então, vão prestar contas para quem? Tire a Deus da vida e tudo vira certo, desde que seja “para o meu lado”. E como o evolucionista não crê em Deus... É tudo puro incensário ao egoísmo! Vamos esperar para ver quem estava certo...
Em um curso de que participei, uma professora evolucionista chegou ao cúmulo de afirmar que o incesto só seria errado nas sociedades que assim o convencionaram, como, por exemplo, a nossa (ufa!). Mas, dentro do conceito evolucionista (amplamente aceito em nossa sociedade), a pedofilia não seria uma atitude errada, desde que seja algo bom para você, e se você não for descoberto. Como explicar para um evolucionista o erro da pedofilia? Morte, acompanhada de violência sexual (necrofilia), também pode (lembra-se do Maníaco do Parque?). É simplesmente a lei do mais forte. É assim que funciona a natureza. Era assim a mente de Hitler.
Se um rapaz evolucionista se casa com uma linda garota, mas depois se depara com uma “espécime” mais apta, ou seja, que lhe chame mais a atenção, tchau... Esse mesmo pensamento de Hitler é o que está por trás das invasões das propriedades alheias, que vemos em nosso país. Nesse caso, claro que as invasões são realizadas a despeito das leis do país, mas... (é o evolucionismo mostrando as garras).
Preciso reconhecer que Hitler e Darwin não estavam completamente errados. Existe mesmo hoje uma tremenda competição na natureza, com a sobrevivência do mais apto. Só faltou para eles a análise da hipótese de que, como diz a Bíblia, as coisas não foram sempre assim, e, segundo eu também creio, não o serão. (Se você não acredita, vamos ter que esperar para ver.) Eles não analisaram a possibilidade de que, segundo a Bíblia, Deus tenha criado um universo perfeito, e que o seu perfeito amor estaria baseado na liberdade de escolha (livre arbítrio). Eles também não sabiam que onde existe livre-arbítrio, existe a possibilidade de se divergir e de trair. De acordo com a Bíblia, Deus nunca criou autômatos, mas seres livres, pensantes.
Lá está escrito que um desses seres livres resolveu se rebelar. Deus é bom, mas não é leniente. Sendo então expulso do Centro de Comando do Universo, Lúcifer veio à Terra recém-criada e, extremamente sedutor, como seu filho Hitler e todo fanático totalitário, transmitiu sua rebelião aos primeiros seres humanos, que a aceitaram de bom grado, afastando-se do Criador.
Como aquilo que aconteceu entre Traudl e Hitler, nem imaginavam o que estava por trás daquela fala tão mansa. E quando se afastaram de Deus e se apegaram ao rebelde, desligaram-se da fonte da vida. De acordo com a Bíblia, todo o mundo natural sofre por causa disso. As pessoas morrem, as coisas envelhecem, apodrecem, se estragam, as flores murcham, etc. É por isso que existem “Hitlers” e guerras até hoje.
Deus poderia ter destruído todos os rebeldes, inclusive o chefe deles, e acabar com todas as consequências ruins e tristes que a gente vê por aí. Mas aqueles que não haviam participado da rebelião, então, teriam no relacionamento o medo como um árbitro. Seria a violência como forma de pressão para a manutenção do “amor” (tem muita gente tentando manter um relacionamento nessa [paupérrima] base).
Mas Deus sabe que a violência sempre gera rebelião. Ainda que, por falta de condições, não se realize, está lá, dormente, pronta a explodir ao menor descuido. E Deus não queria um amor obrigado. Imagino que deve ter havido desequilíbrio ou perda de energia tal que ocasionou a desorganização e a morte. Para acabar com tudo isso, Ele, o Criador, resolveu assumir essa perda – morrendo! E quem, mesmo ainda hoje, acredita nisso, e utiliza seu livre-arbítrio para escolher se conectar a Ele através da mente, pode receber de volta essa energia. De acordo com o que se sabe, isso ocorre não apenas no nível emocional e espiritual, mas físico também.
Um dia eu também não acreditava. Minha vida era tão ruim que não podia piorar. E eu resolvi experimentar. Uma das bases do método científico não é justamente a experimentação? Então, por que não experimentar orar, ler a Bíblia? Quero desafiar você a justificar sua mente científica, e fazer uma experiência. Não precisa contar para ninguém. Se não acontecer nada, o que você perdeu? Mas se tudo isso for verdade... Sem experimentar, nunca se vai saber o gosto! Hitler não quis.
(Marcos Bomfim é pastor, terapeuta familiar, apresentador do programa “Novo Tempo em Família” da Rede Novo Tempo de Rádio e colunista do site www.outraleitura.com.br)