quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Projeto Atlanta: Ele virá!

A noite sobre o chão de pedras foi extremamente desconfortável. Durante a madrugada, o frio me castigou e a roupa molhada no corpo demorou horas para secar. As feridas da queda na Colômbia também escolheram esta noite para doer. A sensação de abandono e o sentimento de desprezo alcançaram níveis assustadores. A mente fervilhava e foi necessário agarrar-me ao Espírito Santo e clamar Sua companhia e consolo para levantar o ânimo e sentir o desejo de prosseguir neste desafio. Não apenas em avançar com o Projeto Atlanta, mas com o ministério da volta ao mundo.

Deitado sobre o frio e duro chão de pedras, eu não poderia pensar em outra coisa senão em minha casa no Brasil. Na cama aconchegante e nos lençóis macios de que disponho para dormir. Tinha que afastar da mente as lembranças de minha esposa e filhos, senão poderia sair correndo em busca da primeira condução de volta ao meu país.

Todavia, com o corpo moído e atacado por uma estafa, fruto desses maus tratos, resolvo reunir forças físicas, mentais e espirituais e levantar. Meu olhar se volta para o meu destino: Atlanta, Estados Unidos.

Ao me perguntar sobre o que me induz a fazer esta viagem, nestas condições, encontro respostas incompreensíveis ao ser humano: Deus me pediu. Ele me chamou dentro de uma trilha na floresta da Amazônia e me disse: “Filho meu, tu que corres aqui todas as manhãs e que buscas tua glória pessoal, Eu te escolhi para que saias por todo o mundo, da mesma forma como fazes agora, correndo, e vás anunciar que Meu Filho Jesus em breve virá!”

Isso é algo em que não dá para acreditar simplesmente. Em pleno século 21, alguém dizer que ouviu a voz de Deus e que recebeu uma missão de percorrer o mundo anunciando o retorno “breve” de Seu Filho. Realmente, por onde passo, poucos prestam atenção na importância desse chamado. Porém, quero dizer que a fé nessas palavras mudou a minha vida e de minha família. Elas nos levaram a Jesus e à igreja. Transformaram nossos destinos, caráter e sonhos.

Por isso, enquanto viver, pretendo ir até aos lugares mais longínquos para pregar que “Ele breve virá”. Já percorri o Brasil, o Uruguai, o Paraguai, a Argentina, a Venezuela, a Colômbia e estou no Panamá. Nesses países, deixei um rastro de esperança nessa promessa dos Céus. São mais de 30.000 km anunciando que Ele breve virá. Eu sei que Ele virá. Creio que Ele virá.

Ainda não sou um velhinho de cabelos brancos, barba comprida e com a aparência de um profeta. Mas, por favor, creia: Ele breve virá! Ele me disse que virá!

É com esse combustível de fé que monto na “gorducha” (bike) e pedalo mais 100 km até outra cidade panamenha chamada Penonomé. Encontro um lugar para dormir e no dia seguinte avanço até Santiago, aonde chego depois de 113 km. Deixando Santiago, pedalo outros 130 km e atinjo Las Lajas. Alcanço essa cidade por volta das 20h30 e, como em Capira, o único lugar disponível para dormir que encontro é em um posto de gasolina, em um cubículo pequeno e quase exposto ao tempo.

Porém, mais de 300 km de estradas ficaram para trás nesta jornada rumo a Atlanta. O Panamá está sendo engolido pelas rodas da “gorducha” como foi a Venezuela e a Colômbia. As montanhas e todas as barreiras impossíveis também estão sendo vencidas pela fé.

O que sinto é que problemas de menor importância devem ser passados por alto porque meu objetivo está num país distante, ou seja, nos Estados Unidos da América do Norte. Preciso pensar que longe é um lugar que não existe. Não existe por causa de minha fé e do sentimento profundo do amor de Deus e de Sua infinita bondade para comigo. Minhas orações diárias buscando livramento, coragem e força sobem a todo instante ao Seu trono de graça. Elas são como incenso aromático que enchem a taça de Sua compaixão.

O príncipe do Universo está aqui. Ele vive no meu coração. Ele domina o meu ser. Deixe-se contagiar pelo poder da Palavra de Deus. Ela tem fluído do meu interior. Quero compartilhar com todos.

Venha comigo. Vamos para Atlanta. Chegaremos lá com um passo a cada dia nos braços de nosso Salvador.

Até breve...

(George Silva de Souza, atleta e autor livro Conquistando o Brasil)