O estudo do fóssil de um peixe que viveu há cerca de 365 milhões de anos [sic] sugeriu que a fertilização de óvulos dentro do corpo da fêmea evoluiu mais cedo do que se acreditava anteriormente. O peixe, conhecido como placodermo, pode ter sido o primeiro vertebrado a se reproduzir através da fertilização de óvulos dentro da fêmea [note o uso dos verbos “sugeriu” e “pode” em contraste com o verbo “surgiu”, no título desta matéria; quase sempre afirmam para depois dizer que “não é bem assim”]. Pesquisadores do Museu de História Natural de Londres (NHM, na sigla em inglês) disseram que foi encontrado um embrião de cerca de cinco centímetros de comprimento no fóssil de placodermo. “Este peixe fornece uma das evidências mais antigas de reprodução interna”, disse Zerina Johanson, curadora de fósseis de peixes do museu.
“Nós esperávamos que estes primeiros peixes tivessem um tipo mais primitivo de reprodução, onde espermatozoide e óvulo se combinam na água e os embriões se desenvolvem fora do peixe. Copulação parece ter sido a principal forma como animais pré-históricos primitivos se reproduziam, demonstrando que o ‘sexo’ começou muito mais cedo do que nós pensávamos”, afirmou Johanson.
O fóssil foi encontrado originalmente no oeste da Austrália e estava no acervo do museu desde a década de 80. Inicialmente os pesquisadores acreditavam que o fragmento no interior do fóssil fosse apenas um vestígio de um peixe que ele havia comido pouco antes de morrer.
O fóssil mostra uma modificação na nadadeira pélvica na barriga do peixe. Os autores do estudo, publicado na revista Nature, acreditam que essa estrutura, chamada clásper, teria sido usada pelo macho para se prender à fêmea durante a copulação – um órgão semelhante ao dos tubarões modernos. “O clásper é um órgão ereto de maneira intermitente que é inserido dentro da fêmea para transferir o sêmen”, disse o co-autor do estudo, o paleontólogo John Long do Museu Victoria, na Austrália.
Em um tipo de placodermo esse órgão é diferente. “Este novo grupo tem clásperes mais flexíveis. No artigo na Nature, nós sugerimos que esse é o começo da fertilização erétil masculina, porque parte daquele órgão foi tomado por cartilagem mole”, explicou Long.
O processo de fertilização interna e nascimento diferencia alguns peixes e mamíferos de outros animais tais como répteis e anfíbios. Johanson acredita que esse era o principal método reprodutivo dos primeiros peixe, como os placodermos e pode ter evoluído também em outros grupos de peixes.
(Terra)
Nota: é fácil conjecturar a respeito de modificações anatômicas; difícil é explicar como os primeiros animais sexuados “se deram conta” (por favor, as aspas indicam que estou falando figurativamente) de que a reprodução sexuada era evolutivamente vantajosa. Como podem ter ocorrido dois tipos de mutações em organismos diferentes e que possibilitaram aos seres resultantes delas – macho e fêmea – terem sistemas reprodutores tão diferenciados, mas plenamente compatíveis? Quando foi que espermatozóides e óvulos surgiram e como explicar sua compatibilidade desde o início? Se a fecundação do óvulo ocorria fora do corpo da fêmea, por que passou a ser interna e como explicar que a primeira “grávida” já possuía todos os requisitos necessários para o suporte da vida do embrião? Mesmo sem respostas darwinistas convincentes para essas perguntas, um detalhe na matéria parece que vem se repetindo em descobertas recentes: a evolução de sistemas complexos é “jogada” cada vez mais para o passado. Daqui a pouco, não haverá mais tempo para a macroevolução ter ocorrido.[MB]