quarta-feira, fevereiro 16, 2011

A singularidade de Jesus e do cristianismo

“O que estou tentando fazer aqui é evitar que se diga a maior tolice que muita gente diz por aí, a respeito de Cristo: “Estou pronto para aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não posso aceitar a sua reivindicação de ter sido Deus”. Isso é algo que não devemos dizer. Um homem que fosse simplesmente um homem e dissesse o que Jesus disse não seria um grande mestre de moral. De duas uma: ou ele seria um lunático – do mesmo nível do homem que diz ser um ovo cozido – ou então seria o próprio Diabo. Você terá de fazer a sua escolha. Ou ele seria, como é, o Filho de Deus, ou então um louco ou algo pior. Você poderia prendê-lo num manicômio, cuspir na cara dele ou matá-lo como a um demônio; ou então, poderia cair a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Porém, não me venha com essas bobagens moralizantes sobre ele ter sido um grande mestre humano. Ele não nos deixou escolha. E nem pretendia deixar. [...]

“Em última instância, parece que a ideia popular do cristianismo é simplesmente essa: que Jesus Cristo não passou de um grande mestre da moral e que, se seguíssemos os seus conselhos, estaríamos em condições de estabelecer uma melhor ordem social e evitar outra guerra. Isso é bem verdadeiro, mas está longe de contar toda a verdade acerca do cristianismo e não tem a mínima importância prática.

“É verdade que, se seguíssemos os ensinamentos de Cristo, estaríamos vivendo num mundo melhor. Você nem sequer precisa chegar a Cristo. Se todos nós tivéssemos feito o que Platão, Aristóteles ou Confúcio nos ensinaram, teríamos avançado de forma um pouco menos desastrosa. Mas, e daí? Nós nunca seguimos o conselho dos grandes mestres mesmo! Por que deveríamos começar agora? Por que seria mais provável seguir a Cristo do que a qualquer um dos outros? Seria por ele ser o maior mestre de todos? Na verdade, isso torna ainda menos provável sermos capazes de segui-lo. Se não aprendemos as lições elementares, seria possível encarar as mais avançadas? Se o cristianismo não significa mais do que um conjunto de bons conselhos, então ele não tem importância alguma. Não estamos sofrendo de falta de bons conselhos nos últimos quatro mil anos. Um pouco mais não faz diferença alguma”.

(C. S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples, citado em Um Ano com C. S. Lewis)