Exemplos
de preconceito ao se mencionar Ellen
Tenho observado de perto o preconceito
gerado quando se menciona o nome de Ellen White em grupos e comunidades
criacionistas nas redes sociais. Só para citar alguns poucos exemplos, são
frequentes comentários do tipo: “Ellen White, é sério isso? Nem pretendo ler”,
“Ellen White falou um monte de baboseira”, “Você acha que vou usá-la como base
científica? Nunca!”, ou: “Usar Ellen White como base científica é forçar a
barra.” E por aí vai.
Isso sempre me causou estranheza e despertou
curiosidade. Aqui vai uma pergunta retórica: Se em grupos como esses são
mencionadas fontes bibliográficas de autores cristãos diversos a fim de apoiar
argumentos criacionistas, por que a simples menção aos escritos de EGW gera
tanta revolta? Bem, essa foi a curiosa comoção causada, em um grupo de assuntos
criacionista, por uma recente matéria postada neste blog, intitulada “Pesquisas com híbridos reforçam o que Ellen White escreveu no século 19”.
O autor da matéria, jornalista Michelson
Borges, teve que se justificar quando confrontado por criacionistas não adventistas,
fazendo a seguinte réplica:
“Não a coloquei como ‘base’ de nada. Apenas
disse que uma afirmação que ela fez no século 19 aparentemente foi confirmada
pela ciência, como muitas outras. Em anos recentes, os cientistas estão fazendo
experiências de hibridização de espécies diferentes, coisa impensável poucos
anos atrás, antes da era da engenharia genética. Curiosamente, uma escritora do
século 19 tocou nesse assunto e, obviamente, foi mal compreendida na época.
Hoje se constata que ela tinha razão. Só isso. Não a usei como ‘referência
científica’ de nada. Pelo contrário: parti da descoberta científica e apontei
para um texto antigo em que ela falava a mesma coisa. Se em lugar de ter sido
EGW fosse Agostinho, ou Calvino, ou Lutero, ou mesmo, vá lá, Nostradamus, qual
teria sido a reação ao post? Um dos
conselhos importantes de Paulo é este: ‘Não desprezem as profecias. Analisem
tudo, retenham o que for bom’ (1Ts 5:20, 21). A atitude de um pesquisador
honesto da verdade é sempre conceder o benefício da dúvida e seguir as
evidências, levem aonde levar.”
Contudo, é importante fazer aqui uma
ressalva a fim de não cairmos em generalizações desnecessárias: nem todo
criacionista não adventista apresenta essa postura de repulsa e preconceito. Dois
bons exemplos podem ser vistos nos seguintes comentários equilibrados e de bom
senso, escritos naquele mesmo grupo:
“O que importa é se a fonte é passível de
verificação científica, seja ela Ellen White ou qualquer outro. Se ela é
passível de observação, experimentação, formulação de hipóteses ou
previsibilidade. Não sou adventista, mas vejo o quanto a Igreja Adventista tem
contribuído no campo científico” (Zenaldo Marinho, secretário de Agricultura de
Campina Grande).
“Não
sou adventista, porém acho que podemos usar qualquer autor iluminado por Deus
em nossas citações. Se eu postar algo citado por Max Lucado, ficará melhor?
Temos que ver se o problema é com a autora ou com a denominação a qual ela representa.
O segundo é preconceito” (Alexandre Kretzschmar, pentecostal, autor do livro Onze de Gênesis).
Como afirma o professor adjunto do
Departamento de Química da Universidade
Estadual Vale do Acaraú, Dr. Draulio Sales, “independentemente de ser
Ellen White ou qualquer outro escritor, faz parte de um pesquisador,
independentemente de ser criacionista ou evolucionista, ler qualquer material
para opinar sobre ele. Às vezes, queremos que os evolucionistas respeitem
nossas leituras e posições (muitos também não querem ler), mas agimos com
preconceito da mesma forma”.
Para Glauber Araújo, pastor, mestre em
Ciências da Religião e editor de livros na Casa
Publicadora Brasileira, “todo
criacionista (adventista ou não) precisa conhecer e ter os escritos de Ellen
White, considerando a forma como ela influenciou o surgimento desse movimento
do qual hoje participamos. O historiador da ciência Ronald Numbers discute a
questão da história e do surgimento do criacionismo, especialmente em seu
esforço moderno de conciliar o livro de Gênesis com as teorias científicas. No
capítulo em que ele fala sobre George McCready Price, é discutido o papel
influenciador de Ellen White sobre Price, e a forma como ele tentou comprovar a
posição criacionista de White usando o conhecimento que ele tinha de geologia.
Embora Ellen White não seja aceita como profetisa por todos os criacionistas,
se o link que Numbers faz entre Price
e White é realmente válido, devemos colocar Ellen White como uma das principais
influenciadoras do criacionismo moderno. Embora a produção literária de White
não seja ‘científica’, no sentido estrito da palavra, seu poder de influência
sobre o criacionismo americano não pode ser simplesmente descartado. Se a tese
de Numbers realmente se confirma, um
criacionista que nunca leu o que White falou sobre criacionismo seria a mesma
coisa que um metodista que nunca leu John Wesley, ou um presbiteriano que nunca
leu João Calvino”.
Talvez o problema esteja no preconceito em
relação a ela ser ou não uma profetisa, e não em relação as suas declarações
pertinentes que contribuíram com as diversas áreas do conhecimento humano.
Segundo Leonardo Souza, estudante de Teologia do Instituto Adventista Paranaense
(IAP), “não há nada de errado em demonstrar que a ciência atual confirma coisas
que ela [Ellen White] já havia falado. Precisamos ter cuidado para que o
preconceito contra as declarações proféticas dela não nos faça confundir as
coisas como se ela fosse menos que qualquer outro autor devocional, com
declarações extremamente pertinentes para várias áreas do conhecimento e
reconhecidas por varias entidades não adventistas”.
A
influência de Ellen nas diversas áreas do conhecimento
Influência
na sociedade - Foi
divulgada em novembro uma inusitada lista com os nomes dos 100 norte-americanos
mais influentes de todos os tempos. A listagem é um trabalho da Smithsonian Magazine, uma publicação que
pertence ao Smithsonian Institute, e inclui a escritora adventista Ellen White.
(Saiba mais na matéria “Ellen White na lista de americanos mais influentes”.) Inclusive a Universidade de Oxford,
uma renomada instituição de ensino, publicou uma obra sobre Ellen White
intitulada Ellen Harmon White: American prophet.
Educação
e saúde - “O sistema educacional adventista, as inúmeras clínicas e
os hospitais de referência (como o de Loma Linda), bem como a ênfase criacionista que a IASD mantém, você acha que vêm em
grande parte a partir dos conselhos de quem? No mínimo um pouquinho de respeito
em relação a estas contribuições seria bem-vindo”, pediu Michelson Borges no
referido debate no grupo criacionista.
“Principalmente em matéria de saúde e
qualidade de vida, a igreja foi pioneira graças a ela, numa época em que se
fechavam as janelas e se trancavam no quarto para curar gripe, ou praticavam
sangria para curar s febre. É surpreendente todo esse conhecimento sendo
escrito por uma mulher que não terminou a quarta série do primário”, disse
Isaias de Almeida, bacharel em Teologia Faculdade Adventista da Bahia.
Geologia
e paleontologia - Para os amantes de Geologia, Paleontologia e
ciências naturais, existe um livro gratuito intitulado Geologia e Ciências Naturais: Declarações de Ellen White, editado
pela Unaspress.
“O interessante é que cientistas
criacionistas não adventistas chegaram às mesmas conclusões que Ellen White, inspirada
por Deus, ao escrever sobre como se formou o petróleo, como se deu a formação praticamente
instantânea de fósseis no dilúvio, a questão da geologia da Terra antes e após o
dilúvio, etc.”, disse também Isaias.
Física,
Cosmologia e mais saúde - Vejamos alguns comentários bem
interessantes de pesquisadores acerca desse tema. O astrônomo Josué Cardoso dos
Santos, embaixador
da Osiris-Rex Sample Return Mission, coordenada pela Universidade do Arizona,
diz:
“É importante ressaltar também outros
aspectos, tais como o espaço aberto em Órion [ver a matéria “A beleza e os mistérios de Órion”], o sistema nervoso e tumores causados por
determinados tipos de alimento que só foram descobertos nos séculos 20 e 21. No
tempo dela, muitas dessas coisas eram loucura e impossíveis de se verificar.
Por isso, é importante ressaltar e valorizar as contribuições dela e de tantos
outros para a causa criacionista. Só podemos enxergar mais longe estando sobre
os ombros de gigantes! Entendo quão relevantes foram as respostas e informações
que a cosmovisão biblico-criacionista dela nos deram. Sem dúvida, proveu assim
um embasamento e suporte para todos nós, de que é essa a mais fidedigna visão
de mundo. Esse é um ponto sobre o qual qualquer criacionista pode concordar
razoavelmente bem.”
O físico Dr. Cleomacio da Silva, professor adjunto da
Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (UPE), faz a seguinte
declaração: “As afirmações de Ellen White sobre Deus não violam Suas
leis naturais, estão de acordo com estudos realizados por físicos, como Tipler.
Como foi Tipler que disse, o mundo aplaudiu, mas, quando Ellen White fala, as
críticas surgem. Estudei e estudo os escritos de Ellen White, e todas as suas
afirmações são verdadeiras. Afirmo que, aos 53 anos, tenho vitalidade de um
jovem, por seguir seus conselhos sobre saúde.”
Para finalizar, deixo mais um comentário
pertinente do idealizador e mantenedor deste blog acerca da importância de
lermos e pormos à prova, antes de rejeitarmos a priori por preconceitos, as informações úteis de Ellen White: “Precisamos
conhecer bem o que rejeitamos, antes de rejeitar, e conceder o benefício da dúvida,
especialmente quando as evidências são fortes. O fato é que, se ela realmente
foi inspirada por Deus e eu a rejeitar sem conhecer seus escritos, estarei
perdendo grandes oportunidades de ter contato com um conhecimento útil; se ela
não foi inspirada, estudar o que ela escreveu representará apenas perda de
tempo (ou não...). O que se exige do cristão é que, antes de descartar qualquer
pretenso profeta, o submeta aos testes bíblicos, a fim de evitar dois
problemas: (1) rejeitar um verdadeiro profeta ou (2) aceitar um falso. Para
finalizar, algo que me chama a atenção: especialmente nossos irmãos
pentecostais dão muito valor às profecias (o que não está errado,
evidentemente) e aceitam muitas pessoas como sendo profetas hoje em dia (mesmo
pessoas cujas profecias falham, o que é uma reprovação óbvia no primeiro
requisito/teste). Mas, para alguns desses, quando se fala em Ellen White, é um
Deus nos acuda! Não entendo isso, a não ser por uma coisa: preconceito. Meu
conselho aos duvidosos é: em lugar de ficar assistindo a vídeos com críticas
infundadas aos adventistas e a Ellen White ou reproduzindo ataques, vão à
fonte. Leiam o que ela escreveu. Se estiver em desacordo com a Bíblia e a
ciência, descarte. Mas, se estiver de acordo, agradeça a Deus pelo presente.”
(Everton Alves)