A revista National Geographic publicou a notícia do achado de um fóssil raro na Austrália. Para os pesquisadores, esse único osso da pata superior do animal sugere que dinossauros foram capazes de percorrer o vasto continente pré-histórico de Gondwana. O fóssil é de um dinossauro carnívoro, um terópode, estreitamente aparentado ao Megaraptor namunhuaiquii, carnívoro de grande porte e garras pontudas que vivia no que hoje é a Argentina, diz a equipe comandada por Nathan Smith, do Museu Field, de Chicago.
“A descoberta pode ajudar a redefinir o mapa do mundo na era dos dinossauros, segundo os pesquisadores, porque o dinossauro australiano recém-encontrado demonstra que os animais eram capazes de atravessar toda a extensão de Gondwana no período cretáceo, entre 145 milhões e 65 milhões de anos atrás. Isso por sua vez sugere que as massas terrestres que um dia formaram parte de Gondwana se separaram mais tarde do que usualmente estimado”, afirma a reportagem.
Interessante é que o comprimento do osso, 19,3 cm, sugere que o dinossauro australiano tinha cerca de metade do tamanho do megaraptor, e essa diferença de tamanho pode indicar duas coisas: (1) que se trata de uma espécie diferente, ou (2) que o espécime fosse um exemplar juvenil, disse Smith. Mas a equipe já vai optando pela primeira possibilidade...
Segundo a National, até agora, os cientistas acreditavam que os animais australianos estivessem isolados das formas de vida de outras porções de Gondwana, ao longo da maior parte do cretáceo, por causa da geografia e do clima. “O que temos agora é uma demonstração de que deve ter havido algum intercâmbio de animais entre a Austrália e as demais porções de Gondwana, cerca de 100 milhões de anos atrás”, disse Smith. Tirando a idade controversa, os criacionistas sempre defenderam a idéia de um megacontinente anterior ao dilúvio.
Smith enfatiza que o novo estudo não confirma essas novas teorias. Mas “acredito que no futuro começaremos a encontrar mais (fósseis australianos) que realmente demonstrarão estreita afinidade com outros animais da América do Sul”, ele disse.
Interessante também é que, a despeito da fé de Smith, o casal australiano que liderou a escavação do terópode não está convencido quanto à nova teoria. Note bem o que disse Patricia Vickers-Rich, paleontologista da Universidade Monash, em Victoria: “Isso é interpretação demais com base em um só osso.”
O registro de fósseis de dinossauros australianos “é muito limitado”, ela disse ainda, “e por isso essas grandes generalizações sobre biogeografia estão se baseando em provas bastante limitadas”.
Tom Rich, curador de paleontologia de vertebrados no Museu de Victoria, concorda com o comentário de sua mulher. Ele acrescenta que outros dinossauros australianos do período parecem mais semelhantes aos da Ásia que aos da América do Sul. O motivo disso “é um completo mistério para mim”, porque um mapa-múndi da época mostraria a Austrália muito mais longe da Ásia do que é o caso hoje.
Pelo menos esse casal é mais “pé no chão”. Acho que o que Smith queria mesmo era ser mencionado pela National Geographic. Não é que conseguiu?