Entre os anos de 1645 e 1745, a Terra experimentou período de extremo frio associado a uma dramática diminuição da atividade solar que foi praticamente nula durante décadas. Esse período foi chamado de Mínimo de Maunder. Situação parecida ocorreu entre 1420 e 1570 no Mínimo de Sporer. Entre 1790 e 1830, a Terra voltou a viver dramático resfriamento com a diminuição incomum da atividade solar no Mínimo de Dalton. Nos últimos anos, quando a Terra aqueceu e surgiu o chamado aquecimento global, o Sol esteve ativo com o denominado Máximo Moderno. Muitos cientistas defendem a tese, à qual me filio, que a temperatura planetária tem direta relação com a atividade solar e que a influência humana é menor. Há anos comento sobre pesquisas advertindo para uma iminente redução da atividade solar, mas ainda vejo com cautela alertas sobre uma repetição dos Mínimos de Maunder ou Dalton, o que, na prática, significaria uma nova Pequena Idade do Gelo. Agora, certo é que o ciclo solar atual, que deveria durar 11 anos, já está no seu 13º ano e a atividade segue reduzidíssima. A temperatura do planeta está em queda e o Sol ainda não esboça o começo definitivo do ciclo 24 que deveria ter iniciado faz tempo. Se as previsões de baixa atividade se confirmarem, a emergência climática, termo usado por Gore quanto ao aquecimento, passará a ser resfriamento global. Nesse contexto, já causa furor na comunidade científica inesperado comunicado ontem da NASA que na terça realizará teleconferência para anunciar que "o vento solar é o mais fraco em 50 anos" e que "a situação atual do Sol pode mudar as condições do Sistema Solar". Algo importante está acontecendo, mas muitos, muitos mesmo, ainda preferem ignorar. Até quando?
(Correio do Povo, p. 36, 20 de setembro de 2008)