O
cinema trata o fim do mundo como se fosse verdade. Uma verdade de duas horas. O
espectador fica em suspense quando assiste “O Dia depois de Amanhã”. Quando o
filme acaba, ele sai para comer como se não houvesse amanhã. Para Hollywood e
para o vendedor de pipocas, o fim do mundo pode ser só ficção, mas o lucro é
bem real.
Como
os maias “agendaram” a destruição do planeta para o dia 21/12/12, vamos lembrar
de seis ficções e uma verdade sobre o fim do mundo:
Ficção 1: Presságio. O começo: números e
cálculos feitos por uma garota há mais de 50 anos são interpretados como
previsões (acertadas) de catástrofes. O fim: aniquilação total. O
lado religioso: em meio a várias referências bíblicas (quatro cavaleiros,
profecias), arruma-se até uma espécie de “nave de Noé”.
Ficção 2: O Fim do
Mundo. O começo: cientista descobre que um planeta
desgovernado atingirá a Terra. O fim: colisão de planetas. O lado
religioso: uma arca de Noé espacial levará alguns habitantes sorteados para um
lugar seguro.
Ficção 3: O Abrigo.
O começo: um homem tenta avisar a todos sobre a iminente destruição. O
fim: o apocalipse tarda, mas não falha. O lado religioso: ninguém acredita
na pregação dele. O filme pode ser um tanto enigmático, mas possui um subtexto
teológico instigante.
Ficção 4: A Última
Noite. O começo já é o fim: o mundo vai acabar à
meia-noite do último dia do ano de 1999. O lado religioso: descrença
geral. Seis horas antes do fim, alguns personagens se conformam e outros querem
fazer tudo o que não fizeram antes na vida. “Quando o Filho do homem vier,
achará fé na Terra?”
Ficção 5: 2012. O começo: a profecia
dos maias vai se cumprir no dia marcado. O fim: monumentos (e grande parte
da população) não sobrevivem. O lado religioso: os que sobreviveram vão
recomeçar a vida numa nova região que se formou após a catástrofe planetária. O
apocalipse e o gênesis sem a intervenção de Deus.
Ficção 6: Deixados para Trás. O começo: após o arrebatamento dos fiéis, o mundo é entregue ao Anticristo. O fim: a interpretação teológica de Tim LaHaye é mesmo o fim. O lado religioso: o filme dá uma requentada numa teoria (arrebatamento secreto) surgida em 1827 e se torna o engodo mais lucrativo do cinema evangélico norte-americano.
Verdade 1: O livro
do Apocalipse. Lido apressadamente, esse livro parece
uma história mítica e tremendamente excludente. Mas, lido com acuidade, o
Apocalipse também pode ser visto como uma história de amor. É que, com relação
ao juízo divino, o amor vem junto com a justiça. Por isso, para quem não crê,
soa terrível. Para quem crê, soa esperançoso. Mas atenção: segundo a
Bíblia (Mateus 7), até para quem diz crer pode não haver um final feliz.
As
variações do fim do mundo contadas por livros e filmes vão da melancolia ao
escárnio. Banalizado por descrentes e desacreditado por causa de fanáticos
marcadores de datas, o fim do mundo, pelo menos de acordo com a Bíblia,
representa um novo começo. Como você faria se quisesse entender seriamente
qualquer assunto, sugiro que o leitor procure os especialistas e teólogos que
tratam do tema como uma verdade coerente.
É
incrível como Hollywood nunca pretendeu filmar a versão bíblica do apocalipse.
Uma história de grandes conflitos, esperança e concretização de antigas
profecias: se os cristãos não proclamarem corretamente, as pedras
hollywoodianas clamarão?
(Joêzer Mendonça, Nota na Pauta)