Admiro
muito o trabalho do filósofo e teólogo norte-americano William Lane Craig e já
postei algumas coisas sobre ele aqui no blog (confira).
Os livros dele são muito bons, especialmente quando ele defende
apologeticamente a existência de Deus e a ressurreição de Jesus (a
especialidade dele). Mas há um vídeo no YouTube em que ele se esforça para
demonstrar que os dias da criação não seriam literais, de 24 horas, e usa
argumentos muito fracos para alguém do nível dele (confira abaixo). Confesso
que fiquei negativamente surpreso. O que ele faz é uma exegese defeituosa e
injusta para com o texto bíblico. É muito contorcionismo hermenêutico: a intentio operis e a intentio auctoris são desprezadas pela intentio lectoris, como disse meu amigo Frank Mangabeira. Ellen
White estava certa:
“As
interpretações vagas e imaginosas das Escrituras, as muitas teorias
contraditórias concernentes à fé religiosa, as quais se encontram no mundo
cristão, são obra de nosso grande adversário para confundir o espírito de tal maneira
que não saiba distinguir a verdade. E a discórdia e divisão que há entre as
igrejas da cristandade são em grande parte devidas ao costume que prevalece de
torcer as Escrituras, a fim de apoiar uma teoria favorita.
“Com
o intuito de sustentar doutrinas errôneas ou práticas anticristãs, alguns
apanham passagens das Escrituras separadas do contexto, citando talvez a metade
de um simples versículo, como prova de seu ponto de vista, quando a parte
restante mostraria ser bem contrário o sentido. Muitos assim voluntariamente
pervertem a Palavra de Deus. Outros, possuindo ativa imaginação, lançam mão das
figuras e símbolos das Escrituras Sagradas, interpretam-nos de acordo com sua
vontade, tendo em pouca conta o testemunho das Escrituras como seu próprio intérprete,
e então apresentam suas fantasias como ensinos da Bíblia” (O Grande Conflito, p. 521).
“Quando
quer que o estudo das Escrituras se inicie sem espírito de oração, humildade e
docilidade, as passagens mais claras e simples, bem como as mais difíceis,
serão torcidas do seu verdadeiro sentido. A Bíblia inteira deveria ser dada ao
povo tal qual é. Melhor lhe seria não ter nenhuma instrução bíblica do que
receber os ensinos das Santas Escrituras tão grosseiramente desvirtuados” (O Grande Conflito, p. 52).