quarta-feira, abril 11, 2018

Evolucionistas não sabem o que faz a seleção natural na teoria da evolução


No dia 28 de março, o blog Desafiando a Nomenklatura Científica destacou o artigo “Processes and patterns of interaction as units of selection: An introduction to ITSNTS thinking”, de W. Ford Doolittle e S. Andrew Inkpen, publicado no PNAS. Após leitura atenta do artigo de Doolittle e Inkpen, depreende-se que os cientistas evolucionistas não sabem o que faz a seleção natural como mecanismo evolucionário, e os autores deixaram isso bem claro no artigo. Consideremos seus questionamentos. “O pensamento ITSNTS” questiona a teoria evolutiva padrão ESN (evolução por seleção natural):

1. A seleção natural não tem uma teoria de como ela age nas comunidades.

2. Os pontos de vista padrões da seleção natural não abordam a adaptação e a função de “multiespécies.”

3. A seleção natural não pode explicar as comunidades estáveis ou comunidades bacterianas redundantes.

4. A seleção natural não pode explicar os processos que beneficiam as comunidades de reprodutores dissimilares.

5. A seleção natural não pode explicar como os processos que beneficiam as múltiplas comunidades reestabelecerem a si mesmos.

6. Dupre argumenta que “muito da biologia contemporânea defende uma ontologia geralmente mecanicista e reducionista de ‘coisa’ (ou ‘substância’)”.

7. O lugar-comum do livro-texto focaliza no sucesso reprodutivo dos indivíduos, um hábito de pensamento que ignora a história contingente da síntese moderna e da genética de população.

8. Algumas formulações de seleção natural são vagas porque as unidades de seleção propostas têm “demais progenitores” (a reclamação de Godfrey-Smith). Isso desnorteia os conceitos de herança.

9. A seleção natural é ambígua sobre o que significa “benéfico”. “Não é claro que qualquer propriedade pode ser considerada ‘benéfica’ a comunidades não permanentes e não reprodutoras.”

10. Algumas formulações de seleção natural violam o Princípio de William que afirma que “a adaptação em um nível requer que tenha havido seleção naquele nível”.

11. Algumas funções “são mais estáveis ou ecologicamente resilientes do que são as composições taxonômicas das montagens executando-as”. Isso demanda uma explicação evolucionária.

12. A ESN não explica facilmente a redundância.

13. A ESN é vaga na questão do que é mais relevante para a evolução: a frequência de alelos na população ou o indivíduo portando-os?

14. Os biólogos estão indecisos sobre se os memes sofrem seleção natural. Sperber é um desses “céticos de memes” que Doolittle menciona.

15. Os biólogos também debatem se a linguagem ou a cultura são submetidas pela seleção natural.

16. É difícil determinar se a seleção natural se constitui em um mecanismo ou uma necessidade lógica (uma premissa aceita a priori).

17. Sober argumenta que a ENS é “uma verdade a priori no sentido de que nenhum experimento poderia refutá-la”.

18. A teoria da construção de nichos é outro “mecanismo” da ENS que está sendo questionado entre os evolucionistas.

19. Os evolucionistas enfrentam as “transições embaraçosas em recontar a história da vida”, tal como a etapa da unicelularidade para a multicelularidade.

20. O que é mais importante: o diferencial de reprodução ou o diferencial de persistência? O que faz mais sentido e é mais “satisfatório”?

21. A dificuldade de se estabelecer linhagens relevantes para a ESN pode ser assim ilustrada: “Eu sou o filho de meu pai, mas o meu coração não é a descendência do coração de meu pai.”

22. Em quais variedades pode a ESN ser comparada? A evolução das funções da comunidade microbiana através dos intestinos análoga à evolução dos lagartos pelas ilhas?

23. Antes da proposta de Doolittle, estava faltando “um jeito sensível de se discutirem as adaptações e funções relevantes às comunidades e ecossistemas em geral”.

24. Alguns evolucionistas têm dito que há uma “urgente necessidade de uma estrutura [teórica] geral” para decidir o que constitui a “saúde” de um sistema.

25. Um problema importante na teoria evolucionária é o papel dos componentes abióticos em ecossistemas. Eles podem desempenhar papéis importantes, mas não são reproduzidos biologicamente. Bouchard destacou que “a evolução como mudança em frequências alélicas parece não se aplicar aos sistemas que têm um grupo heterogêneo de alelos e material abiótico interagindo de modo sistemático”.

26. Há um século os biólogos têm debatido em quais níveis o “princípio tipo lei” da seleção natural de Darwin opera. Ela opera em processos bem como em coisas?

Nota:Charbel Niño El-Hani, lembra de uma conversa que tivemos após minha palestra sobre a Teoria do Design Inteligente numa sessão da ABFHiB, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, em 2007 (se não me falha a memória), na qual você me disse que eu tinha embarcado numa canoa furada? Lembra da minha resposta? Eu disse que apostava todas as minhas fichas no cavalo da TDI contra o pangaré da seleção natural de Darwin. Charbel, meu amigo, Doolittle e Inkpen estão me vindicando, e até aqui eu estou ganhando o derby.”