segunda-feira, janeiro 02, 2017

Papa exorta líderes a combater “praga do terrorismo”

Contra os radicais
O papa Francisco disse, neste domingo, que é urgente que líderes globais trabalhem juntos para combater “a praga do terrorismo”. Ele afirmou, em seu discurso de Ano Novo, que uma mancha de sangue cobre o mundo em sua entrada em 2017. O líder católico falou para cerca de 50 mil pessoas na Praça de São Pedro, em seu tradicional discurso. O papa deixou de lado por um momento o texto que havia preparado. E, com tristeza, condenou o ataque a uma casa noturna em Istambul que matou ao menos 40 pessoas. “Infelizmente, a violência nos atingiu mesmo nessa noite em que desejamos o bem e a esperança. É com dor que expresso minha solidariedade ao povo turco. Eu rezo pelas muitas vítimas e pelos feridos e por toda a nação em luto”, disse. Ele disse também que o ano de 2017 será o que as pessoas fizerem dele. “Peço ao Senhor que sustente todos os homens de bem para que com coragem levantem suas mangas e lutem contra a praga do terrorismo e sua mancha de sangue que está cobrindo o mundo com uma sombra de medo e uma sensação de perda”, acrescentou o papa. [...]


Nota: Pouco antes do fim do ano, outro atentado chocou o mundo, desta vez em Berlim. O principal suspeito é Anis Amri, morto por policiais na Itália, e que jurou fidelidade aos jihadistas. A Amaq, agência de notícias do Estado Islâmico, publicou um vídeo, gravado antes do ataque em Berlim, em que Amri aparece prestando lealdade ao Daesh, afirmando que suas ações eram uma vingança pelos bombardeios contra muçulmanos. O terrorista acrescentou ainda que queria punir os “comedores de [carne de] porco” e tornar-se um mártir. No tempo que passou na Alemanha, estabeleceu contato com guerrilheiros do Estado Islâmico, voluntariou-se como homem-bomba e traficou drogas na capital alemã. Numa segunda-feira, teria roubado um camião e matado o motorista polaco, lançando-se depois contra um mercado de Natal, matando 11 pessoas.

Já faz algum tempo que o papa e a mídia em geral vêm identificando os “fundamentalistas” como pessoas que seguem à risca os textos que consideram sagrados. Infelizmente, essa alcunha não está mais apenas associada aos radicais islâmicos. Cristãos criacionistas, que entendem o relato de Gênesis como literal, também já foram chamados de “fundamentalistas”. Agora esse terrorista islâmico afirma que quis punir os que comem carne de porco... Adventistas creem na literalidade dos primeiros capítulos de Gênesis e não comem carne de porco, mas isso não faz deles “fundamentalistas” (com a acepção negativa que a palavra assumiu em anos recentes) nem radicais extremistas violentos. Mas quem vai explicar isso para o mundo? [MB]