Um livro confiável |
As diversas áreas de
estudo e as ferramentas da ciência nos fornecem subsídios para ler e
interpretar a Bíblia com outros olhos. Gosto de usar a metáfora dos “dois
livros do Criador” conhecida originalmente pela afirmação do físico e astrônomo
italiano Galileu Galilei. No ano de 1613, em uma carta de Galileu Galilei
endereçada a Benedetto Castelli, Galilei disse que tanto a natureza quanto a
Bíblia são obras de Deus; são, portanto, dois livros desprovidos de erro e não
podem se contradizer.[1: p. 282] No
entanto, para Galilei, a natureza e a Bíblia são dois livros escritos em
linguagens diferentes, com finalidades diferentes, não se podendo lê-los da
mesma forma. Por sua vez, em 1905 a escritora cristã Ellen White, a fim de
demonstrar que não há conflito real entre ciência e Bíblia, disse o seguinte:
“Na verdadeira ciência, nada pode haver que esteja em contradição com o ensino
da Bíblia; uma vez que procedem ambas do mesmo Autor, a verdadeira compreensão
delas demonstrará sua harmonia.”[2: p.
462] Concordo com os dois autores citados acima ao afirmar que ambos os livros se
complementam.
Os “pais da ciência”, ao
longo do tempo, partiram da Bíblia para investigar o cosmos e nosso planeta,
assim como seus fenômenos, sem deixar de lado a submissão a Deus. O astrônomo inglês
Sir Frederick William Herschel (1738-1822), que descobriu o planeta Urano, certa
vez disse: “Todas as descobertas humanas parecem ter sido feitas com o único
propósito de confirmar fortemente as verdades contidas nas Sagradas Escrituras.”[3]
Embora a Bíblia não seja um livro científico nem tenha sido escrita com esse
propósito, ela apresenta verdades que podem ser consideradas “científicas”.
Quando a Bíblia é posta à prova em relação aos aspectos nela relatados, cedo ou
tarde finalmente esses fatos são comprovados. A seguir, vejamos alguns desses
“fatos científicos” que podem ser encontrados nas Sagradas Escrituras:
As
correntes marítimas – No Salmo 8:8, o rei Davi já falava de
“caminhos nos mares” (escrito 2.800 anos antes). Isso estimulou Matthew Maury,
oceanógrafo e pesquisador marítimo, considerado o “pai da oceanografia moderna
e da meteorologia naval”, a descobrir “rios submarinos”, ou seja, as correntes
marinhas que hoje conhecemos e que influenciam a natureza por onde passam.
A
Terra é redonda – Isaías 40:22 já se referia à Terra como sendo
redonda. Mas só no século 15 grandes navegadores como Cristóvão Colombo o
provaram na prática, confirmando mais uma vez que a Bíblia estava certa.
O
ar tem peso – Jó 28:25 já afirmava que o ar tem peso. Embora a
atmosfera seja invisível e aparentemente desprovida de peso, ela, na verdade,
tem peso e massa. O barômetro, instrumento usado para medir a pressão
atmosférica, só foi inventado em 1643, entretanto, a Bíblia já declarou antes
disso que o ar (ou a atmosfera) tem peso.
O
universo foi criado do nada – Hebreus 11:3 afirma que “pela
fé compreendemos que o universo foi criado por intermédio da Palavra de Deus”.
Esse ensinamento bíblico foi atacado tanto pela filosofia grega quanto pelo
ateísmo moderno. Mas o descobrimento da relatividade geral na segunda década do
século 20 foi seguido por estudos de suas consequências cosmológicas. Tais
estudos indicavam que o universo (o espaço-tempo) teve uma origem e se expande
desde então (modelo do Big Bang). As primeiras evidências observacionais dessa
expansão foram reunidas em 1927 e depois confirmadas por observações
independentes em 1929, apoiando o relato bíblico.
O
planeta está suspenso sobre o nada – Jó 26:7 diz que “Deus suspende
a Terra sobre o nada”. Isso era inadmissível naquela época, quando se pensava
que a Terra era carregada pelo deus Atlas ou por um grande animal que o
sustentava em seus ombros (1.500 a.C.). Jó, ao contrário, já sabia que a Terra
não estava suspensa sobre nada que fosse material, mas sobre um vazio,
exatamente como os satélites mostram o nosso planeta. Os naturalistas da época
só descobriram que a Terra não era sustentada por nada em 1650.
Os
quatro pontos cardeais – A Bíblia usa a expressão “extremidade da
terra” como sendo “até à parte mais distante da terra”. Isso não sugere que a
Terra seja plana ou que tenha beiradas. 1 Crônicas 9:24 diz: “Os porteiros
estavam aos quatro lados; ao oriente, ao ocidente, ao norte, e ao sul.” Em Isaias
11:12 vemos: “E levantará um estandarte entre as nações, e ajuntará os
desterrados de Israel, e os dispersos de Judá congregará desde os quatro
confins da terra.” De igual modo, vemos em Jeremias 49:36 o seguinte: “E trarei
sobre Elão os quatro ventos dos quatro cantos dos céus, e os espalharei na
direção de todos estes ventos; e não haverá nação aonde não cheguem os
fugitivos de Elão.”
A humanidade sempre se
direcionou pelos astros. Os rumos dos ventos são conhecidos desde a Grécia
Antiga. Durante a Idade Média, esses rumos ganharam nomes relacionados com as
localidades próximas ao Mediterrâneo: Tramontana (norte), Greco (nordeste),
Levante (leste), Siroco (sudeste), Ostro (sul), Libeccio (sudoeste), Ponente
(oeste) e Maestro (nordeste). No século 14, os mapas portulanos começaram a
usar essas direções de forma mais sistemática para navegação marítima.
As
dimensões da arca de Noé – Em Gênesis 6, Deus revelou a Noé as
dimensões da arca que ele deveria construir. Em 1609, em Hoor, na Holanda, um
navio foi construído de acordo com essas medidas (30:5:3), revolucionando a
engenharia naval. Em 2013, Cientistas da Física da Universidade de Leicester
calcularam as dimensões para a construção da arca de Noé e descobriram que ela
não poderia navegar, mas poderia flutuar com segurança devido à sua forma
retangular, e acomodaria perfeitamente todos os tipos básicos. Thomas Morris, coautor
do estudo, disse: “O que está relatado [na Bíblia] definitivamente funciona.”
(Clique aqui para saber mais.)
A
existência de Babilônia – Muitos estudiosos alegavam que a Babilônia
era um reino fictício, fruto de uma “mitologia” bíblica, até que arqueólogos
encontraram vários indícios de sua existência em artefatos que comprovavam o
contexto bíblico e, mais tarde, acharam a própria cidade-estado que já foi uma
das mais poderosas de sua época no mundo então conhecido, no atual território
do Iraque. (Clique aqui e aqui para saber mais.)
Leis
meteorológicas – A Bíblia descreveu o “ciclo” de correntes de ar
dois mil anos antes de os cientistas o descobrirem: “O vento vai para o sul, e
faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo
os seus circuitos” (Eclesiastes 1:6). Atualmente, já está bem estabelecido
cientificamente que o ar ao redor da Terra gira em gigantescos circuitos, no
sentido horário em um hemisfério e no sentido anti-horário no outro hemisfério.
Ciclo
da água – A água evapora de oceanos ou outras fontes e cai no solo em
forma de chuva, neve ou granizo, alimentando os rios e nascentes (Jó 36:27, 28;
Eclesiastes 1:7 e 11:3; Isaías 55:10; Amós 9:6). Cientistas já descobriram
sobre isso, inclusive essas informações constam em livros didáticos de ensino
fundamental. Já os gregos antigos acreditavam que era a água de oceanos subterrâneos
que alimentava os rios. No século 18 ainda se acreditava nisso.
Fogo
no interior da terra – Em Jó 28:5 é dito que “a terra, da qual vem
o alimento, é revolvida embaixo como que pelo fogo”. Hoje já conhecemos bem a
representação esquemática, presente em livros didáticos, do núcleo terrestre e
sua composição magmática.
O
barro e a origem da vida – A Bíblia também afirma que o homem foi
formado do pó da terra (Gn.2:7) e do barro (Jó 33:6), fato este que era motivo de
escárnio por parte dos darwinistas pelo menos até recentemente, quando os
cientistas descobriram que os ingredientes necessários para fazer um ser humano
podem ser encontrados no barro. Em 2003, uma pesquisa publicada na revista Science sugeriu que, tal como é relatado
na Bíblia, a vida na Terra possivelmente tenha surgido do barro. Essa foi a
forma mais “cientificamente correta” de dizer que a Bíblia acertou exatamente o
alvo! Também é bom lembrar que, quando morremos, nosso corpo volta ao pó
novamente (Gn 3:19). (Clique aqui para saber mais.)
A
diabetes – Em Provérbios 25:27, o rei Salomão advertia que
comer muito mel não é bom. O mel também contém sacarose (carboidrato), além de
outros tipos de açúcar (frutose e glicose), sendo desaconselhado seu uso
generalizado como substituto do açúcar comum. Hoje já se sabe que, em excesso,
o mel, assim como o açúcar cristal e o mascavo, também engorda e faz subir o
açúcar no sangue. A vantagem no uso do mel é que, enquanto o açúcar de mesa não
contém vitaminas nem sais minerais, o mel possui. Estudo publicado em 2009 na International Journal of Food Sciences and
Nutrition concluiu: “O consumo cauteloso desse alimento por pacientes
diabéticos é recomendado.” Portanto, realmente funciona o conselho bíblico dado
por Salomão.
Alimentos
limpos e imundos – Em Levítico 11, Deus fala sobre alimentos limpos
e imundos. Hoje em dia, a Organização Mundial da Saúde tem regras estritas para
a exportação da carne de porco, pelo fato de esta apresentar risco muito
elevado de doenças. Já foi verificado também que outras carnes proibidas por
Levítico, como mariscos e outros frutos do mar, também transmitem variedade de
doenças. (Clique aqui para saber mais.)
Práticas
de higiene – As leis de saúde dadas à nação de Israel incluíam
regulamentos sobre se lavar depois de tocar num cadáver, isolar pessoas com
doenças infecciosas e eliminar fezes humanas de forma segura (Levítico 11:28;
13:1-5; Deuteronômio 23:13). Por outro lado, na época em que esses regulamentos
foram dados aos israelitas, os egípcios tratavam as feridas abertas com uma
mistura que continha excremento humano.
Jejum
e a longevidade – Os judeus e cristãos há milhares de anos se
utilizam da prática do jejum para o benefício da saúde física e espiritual. O
primeiro jejum coletivo na Bíblia aparece em Juízes 20:26: “Então todos os
filhos de Israel, e todo o povo, subiram, e vieram a Betel e choraram, e
estiveram ali perante o Senhor, e jejuaram aquele dia até à tarde.” Por muito
tempo os céticos ridicularizaram os cristãos devido essa prática bíblica. Até
que em 3 de outubro de 2016, a Assembleia Nobel no Instituto Karolinska premiou
Yoshinori Ohsumi com o Nobel de Fisiologia ou Medicina por suas descobertas dos
mecanismos de autofagia. Ele descobriu que o jejum ativa mecanismos de
autodefesa das células que garantem a elas maior longevidade. O segredo está na
autofagia, um mecanismo importante de autolimpeza que existe em todas as
células de nosso corpo. Segundo explica Soraya Smaili, professora livre-docente
da Escola Paulista de Medicina, “o jejum induz a autofagia [...] e a autofagia
induz a longevidade. A busca agora é entender a conexão entre a autofagia
ativada pelo jejum e a longevidade das células”. Smaili acrescenta que jejum
adequado é aquele de 12 e no máximo 24 horas. Logo, o jejum tem o poder de
desintoxicar o organismo e deixar a mente mais clara, daí porque ele faz parte
das práticas espirituais. (Saiba mais aqui.)
Vinho
e sua proibição – Existem vários termos na Bíblia que são traduzidos
como vinho (suco de uva) ou bebida forte. Todos os vinhos embriagantes e as
demais bebidas fortes são tidas na Bíblia como mortíferas (Pv 23:29-32) ou
alvoroçadoras (Pv 20:1; Ef 5:18) e impróprias para o consumo daqueles que
seguem a sabedoria e a justiça (Pv 23:20, 31, 32 e Pv 31:4). Só há um tipo de
vinho que é bênção do Senhor: tyrosh,
o puro suco da uva recém-espremida. Isaías 65:8 diz: “Assim diz o Senhor: Como
quando se acha vinho (tyrosh) num
cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele.” Já os críticos e
céticos da Bíblia por muito tempo ridicularizaram os que seguiam os conselhos
bíblicos de não ingerir bebida alcoólica. A mídia frequentemente tem reportado
que uma taça de “vinho” protege as pessoas contra as doenças do coração. Porém,
estudo publicado na revista Science
em 2006 revelou que a substância que realmente traz benefícios para o ser
humano é o composto natural do suco da uva chamado de “resveratrol”. E, em
2012, pesquisa publicada na Circulation
Research mostrou que apenas o vinho tinto “não alcoólico” faz reduzir
significativamente os níveis de pressão arterial nos homens em comparação com
os vinhos alcoólicos.
Quer conhecer mais fatos
científicos contidos na Bíblia? Leia os seguintes livros:
Ray Comfort, Scientific Facts in the Bible: 100
Reasons to Believe the Bible is Supernatural in Origin (Newberry, FL: Bridge-Logos Publishers, 2001. 95p);
Magno Paganelli, Ciência e Fatos Bíblicos (Belo
Horizonte, MG: Dynamus, 2004. 124p).
(Everton Alves)
Referências:
[1] Galilei, G. Lettera
a Benedetto Castelli. In: Favaro, A. (Ed.). Edizione nazionale delle opere di
Galileo Galilei. Firenze: Barbèra Editore, 1932 [1613]. v. 5, p. 281-8.
[2] White EG. The ministry of healing. Washington,
D.C: Riview and Herald Publishing, 1905. 541p.
[3] Herschel J. In: Morris HM. Men of Science, Men of
God. El Cajon, CA: Master Books, 1982, p.42.