Circula na internet um vídeo que faz parte de uma pesquisa sobre a inconsciência do racismo entre crianças negras. Peço licença para fazer alguns comentários. Tive meu primeiro professor negro apenas no 2° Colegial, e nunca tinha me dado conta disso. Era Geraldo. Foi meu melhor professor de História. Sua esposa, também negra, era uma ótima professora de Sociologia. Eles eram tementes a Deus. Tenho saudades deles. Estudando o assunto, descobrimos que não existem raças, mas etnias; não há gente “de cor”, mas gente negra ou mulata. As palavras “negro” ou “negra” são tão bonitas e honrosas quanto “morena”, ou “branco”. Na verdade, não há negros, brancos, índios e “olhinhos puxados”, mas pessoas. Todos somos simplesmente pessoas. Portanto, por exemplo, ao apontar uma pessoa em meio a um grupo, não fale: “Aquele preto ali” ou “Aquele senhor de cor”, mas “Aquele senhor negro” ou “Aquele senhor de camisa listrada”, assim como você faria normalmente para identificar outros. Trate as pessoas como tais, sem desmerecê-las, pois, às vezes, fazemos isso sem perceber. Sei que muitos de nós já temos consciência disso.
Em relação à chamada superioridade branca, chego a pensar que não passa de receio quanto a uma possível superioridade negra, manifesta com muita superação e lágrimas em diversas áreas. Que o diga Jesse Owens, atleta negro que ganhou quatro ouros olímpicos diante de Hitler e seu surpreso estádio nazista em 1936. Posso imaginar você acrescentando em sua mente nomes como Martin Luther King Jr., Lewis Hamilton (atual campeão de F1), Nelson Mandela, Barack Hussein Obama, Ben Carson (o neurocirurgião adventista de fama mundial), Joaquim Barbosa (STF), Rodrigo Pereira da Silva (primeiro adventista negro a ser professor de Teologia no Brasil) e tantos outros.
Deus nos criou iguais biológica e moralmente. A cor da pele responde apenas por zero vírgula zero, zero... alguma coisa do DNA – isso é fato. Nosso cérebro tem um quilo e meio. Há espaço para todos debaixo do Sol; todos só precisam de oportunidade.
Fico profundamente indignado com essa hipocrisia, às vezes silenciosa, que será extirpada apenas no Céu. Vivemos num campo de concentração há mais de seis mil anos, mas podemos nos livrar do fermento racista individualmente, em Cristo Jesus.
(Diogo Cavalcanti, pastor e jornalista)