domingo, setembro 13, 2009

Darwinismo e psicologia sexual

"Seria possível agora entender a disputa entre Aquiles e Agamenon, na llíada, por uma bela escrava, e porque os filhos nascidos dessas conquistas eram tolerados pelas esposas legítimas, sendo homens livres e utilizando o nome do pai biológico. A 'psicologia evolucionista' poderia até mesmo transformar em paradigma biológico, verdadeiro objetivo perseguido pela natureza, a mulher grega da época heróica de Homero, a reprodutora que cuida da casa, dos filhos e das escravas, que o marido transforma em concubinas a seu bel-prazer. Da mesma forma, a prostituição, protegida pelo Estado em Atenas, poderia também ser um imperativo biológico. Os jônios, quem diria, poderiam agora ter seu comportamento sexual e sua organização social explicados pela 'nova ciência' e, ainda por cima, verem-se transformados em exemplos modelares da evolução biológica do comportamento moral.

"É bem verdade que esta não seria a primeira tentativa. Basta lembrar que há pouco mais de vinte anos manchetes anunciavam uma nova ciência e um livro revolucionário: Sociobiologia: A nova síntese. Seu autor, Edward Wilson, de Harvard, pretendia explicar os comportamentos sociais humanos, e a própria organização social, sob a ótica do darwinismo. Os supostos genes que determinariam a riqueza dos indivíduos, posição social, sucesso empresarial e até mesmo a cultura (!), profetizados na época pela sociobiologia, provaram ser apenas mais um exercício de ficção científica ou de proselitismo ideológico. (...)

"O que nos diz de novo a 'psicologia evolucionista'? Numa discutível aproximação freudiana, ela estaria centrada na 'psicologia sexual, que inclui tudo, desde o amor-próprio instável de um adolescente aos juízos estéticos que homens e mulheres fazem uns dos outros, os juízos morais que fazem uns dos outros, e mesmo os juízos dos que pertencem ao seu próprio sexo'. Existiria uma diferença básica entre a moralidade do homem e a da mulher, uma vez que 'grande parte dessa psicologia sexual humana decorre da escassez de ovos (sic) se comparados aos espermatozóides'."

(Nélio Bizzo, "Darwinismo, ciência e ideologia". In: Perspectivas em Epistemologia e História das Ciências. Universidade Estadual de Feira de Santana, 1997 - citado em Humor Darwinista)

Deu também no blog Humor Darwinista: "A extrema raridade das formas de transição no registro fóssil persiste como 'segredo do negócio' da paleontologia. As árvores evolutivas que adornam nossos manuais têm dados apenas nas pontas e nos nodos dos seus ramos; o resto, por mais razoável que seja, é inferência, e não evidência de fósseis" (Stephen Jay Gould, O Polegar do Panda).