Neste fim de semana, estive no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (Iacs), em Taquara, RS, onde apresentei algumas palestras sobre criacionismo para os alunos e pessoas da comunidade em volta do internato. Foram momentos muito especiais, de reencontro com pessoas queridas (especialmente o meu “pai na fé”, o bibliotecário Vanderlei Ricken). Domingo bem cedo, fui para Porto Alegre tomar o avião que me deixaria em Campinas, SP. Quando cheguei ao meu lugar na aeronave, um homem de barba, vestindo uma camiseta vermelha, aparentando uns 40 anos, estava sentado numa das poltronas daquela fileira. Pedi licença, sentei-me ao lado dele, e, com o canto dos olhos, percebi que ele lia uma apostila sobre o filósofo Hegel. Ele também percebeu o livro que eu carregava: A Lógica do Consumo, de Martin Lindstrom (muito bom, por sinal). Iniciamos uma conversa sobre trivialidades que aos poucos foi migrando para a filosofia, depois que eu mencionei ter notado a apostila que ele tinha nas mãos. Descobri que meu companheiro de voo é mestrando em Filosofia. A conversa prometia ser boa. E foi.
Falamos sobre os pré-socráticos, sobre Sócrates e o livro Sócrates e Jesus, que eu li recentemente (meu amigo mostrou interesse na obra e prometi lhe enviar uma resenha); avançamos no tempo e chegamos ao período moderno; conversamos sobre Kant, Nietzsche, e, depois, sobre os pós-modernistas Foucalt e Derrida, entre outros. Foi uma conversa animada e muito instrutiva, mas eu queria muito enveredar pela teologia, sem ser “agressivo”. Orei a Deus em pensamento e pedi que Ele providenciasse um “gancho”. Foi quando meu interlocutor falou sobre sua pesquisa de mestrado. Após ouvi-lo atentamente, disse que também estava escrevendo minha dissertação na área de Teologia, no Centro Universitário Adventista de São Paulo. Ele mostrou interesse quando falei sobre o adventismo e o objeto da minha pesquisa, que também envolverá algumas correntes filosóficas.
Quando o avião já estava em procedimento de pouso (o tempo passou rápido), o filósofo me recomendou o livro Metodologia Filosófica, de Dominique Folscheid (que parece muito bom), trocamos nossos e-mails, com a promessa de prosseguir o diálogo, e nos despedimos (ele ia para Fortaleza, a fim de participar de um congresso).
Foram quase duas horas de um bom bate-papo filosófico-teológico, a mais de 10 mil metros de altura.
Michelson Borges