Em seu Evolução, Ciência e Sociedade, Douglas J. Futuyma define “evolução” da seguinte forma: “A evolução biológica consiste na mudança das características hereditárias de grupos de organismos ao longo das gerações. Grupos de organismos, denominados populações e espécies, são formados pela divisão de populações ou espécies ancestrais; posteriormente, os grupos descendentes passam a se modificar de forma independente. Portanto, numa perspectiva de longo prazo, a Evolução é a descendência, com modificações, de diferentes linhagens a partir de ancestrais comuns. Desta forma, a História da Evolução tem dois componentes principais: a ramificação das linhagens e as mudanças dentro das linhagens (incluindo a extinção). Espécies inicialmente similares tornam-se cada vez mais diferentes, de modo que, decorrido o tempo suficiente, elas podem chegar a apresentar diferenças profundas” (Sociedade Brasileira de Genética, p. 9).
Vejamos ligeiramente por partes:
1. A evolução biológica consiste na mudança das características hereditárias de grupos de organismos ao longo das gerações.
2. Grupos de organismos, denominados populações e espécies, são formados pela divisão de populações ou espécies ancestrais; posteriormente, os grupos descendentes passam a se modificar de forma independente.
3. Numa perspectiva de longo prazo, a Evolução é a descendência, com modificações, de diferentes linhagens a partir de ancestrais comuns.
4. Espécies inicialmente similares tornam-se cada vez mais diferentes, de modo que, decorrido o tempo suficiente, elas podem chegar a apresentar diferenças profundas.
Quanto à assertiva 1, não há o que discutir sobre esse ponto, uma vez que não existem dados para sustentar o fixismo das espécies desde o seu surgimento. Podem-se discutir a forma e o tempo necessários para a ocorrência das mudanças, porém, que elas ocorreram, isso realmente parece um fato óbvio.
Em relação à parte inicial da assertiva 2, entendendo-a como Descendência Comum Limitada (DCL), ou seja, o conjunto de mudanças morfológicas observadas no interior (intraespécies) de um grupo de seres vivos da mesma espécie ao longo do tempo, não há também o que contestar quanto a isso. Os tentilhões são exemplares que demonstram a mudança por esse viés. Ao que tudo indica as mudanças observadas entre os seres vivos favorecem uma visão polifilética da vida, na qual muitas linhagens de animais ou plantas se desenvolveram separadamente, isto é, sem conexões genealógicas.
Já as assertivas 3 e 4 apontam para o que se denomina de Ancestralidade Comum Universal, ou seja, a ideia de que todos os organismos estão relacionados por ascendência comum. Por essa assertiva, vírus, bactérias, plantas e todos os seres vivos estão relacionados entre si. A hipótese, embora tenha lá ampla aceitação no âmbito científico, carece ainda de provas factuais. Mudanças microevolutivas na frequência dos genes não foram vistas como capazes de converter, por exemplo, um réptil em um mamífero ou de transformar um peixe num anfíbio, etc. A aceitação dessa tese só pode ser sustentada mediante um conjunto de esforços direcionados a um objetivo que extrapola a observação factual e a própria ciência. De resto, pairam as incertezas, ou certezas, como queiram os darwinistas.
(Humor Darwinista)