O tribunal de Justiça de Albacete, na Espanha, condenou por difamação um catedrático e vice-diretor acadêmico de uma universidade que chamou os participantes de um congresso espírita de “charlatões”. Fernando Cuartero, da Universidade de Castilla-La Mancha (UCLM), tentou impedir, no ano passado, que o campus universitário da UCLM sediasse um seminário espírita chamado “Vida depois da vida”. Como não conseguiu, fez um protesto público diante dos participantes e os chamou de “enganadores vulgares”. A organização do evento, que contou com a participação de médiuns, videntes, parapsicólogos e escritores, processou o catedrático. Segundo a juíza do caso, Otília Martínez Palácios, a crítica de Cuartero teve caráter de injúria e difamação. “Chamar parapsicologia de pseudociência é uma crítica social aceita, mas isso não quer dizer que (os parapsicólogos) sejam vulgares enganadores”, disse ela ao anunciar a sentença. “Essas expressões são desnecessárias para criticar um seminário”, completou a juíza, que condenou o catedrático a pagar uma multa de 204 euros (R$ 483), mais os custos do processo (valor não divulgado pela Justiça) e uma retratação pública.
O organizador do seminário que levou o catedrático aos tribunais, Rafael Campillo, disse que a decisão judicial é uma vitória não só dos espíritas, mas de todos os que defendem a liberdade religiosa. “Quando o senhor catedrático Fernando Cuartero se sentiu livre para nos chamar de vulgares enganadores, ultrapassou um limite legal. Nenhuma fé religiosa pode ser atacada em nome de uma liberdade de expressão ofensiva”, afirmou Campillo à BBC Brasil.
O incidente aconteceu em outubro de 2009. O departamento de comunicação da universidade disse à BBC Brasil que o espaço do campus foi alugado para o evento e que a UCLM permitiu que seu logotipo aparecesse nos cartazes de propaganda como “colaboradora de forma gratuita, sem mais participações ou interesses”.
Ao ser informado do seminário, Cuartero entregou pessoalmente ao reitor uma carta dizendo que “no campus de Albacete se celebrará uma espécie de curso sobre experiências ligadas a morte, espiritismo e outras bobagens de pura pseudociência de charlatões. Algo impróprio de uma instituição científica como uma universidade”. [...]
(Folha.com)
Nota: Por mais que o espiritismo seja anticientífico, Cuartero evidentemente faltou com o respeito aos adeptos dessa crença. Curiosamente, alguns anos atrás, o campus da USP sediou o 1º Simpósio de Medicina e Espiritualidade, entretanto, aqui não houve manifestações contrárias à realização do evento. Mas quero chamar atenção para outra coisa: os criacionistas já foram chamados pela imprensa brasileira de bobos, anticientíficos, obscuros, esquizofrênicos e até criminosos. Tenho tudo isso documentado na palestra “Criacionismo na mídia”. Ainda bem que os criacionistas são mais pacíficos que os espíritas espanhóis...[MB]
terça-feira, novembro 09, 2010
Acadêmico que chamou espíritas de charlatões leva multa
terça-feira, novembro 09, 2010
espiritualismo