A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, recebeu um estrondoso aplauso do congresso do seu partido, a União Democrata Cristã, ao anunciar que o problema da Alemanha não passa por um excesso de islã, mas sim de uma escassez de cristianismo. O comentário de Merkel surge no contexto de um debate alargado sobre a identidade alemã, o lugar dos cerca de 4 milhões de muçulmanos na sociedade e o multiculturalismo, um projeto que a chanceler considera ter falhado. “Não temos demasiado islã, temos pouco cristianismo. Temos poucas discussões sobre a visão cristã da humanidade”, afirmou a política, que em diversas ocasiões já manifestou publicamente a sua fé cristã. A Alemanha precisa de mais debate sobre “os valores que nos guiam e a nossa tradição judaico-cristã. Temos que realçar isso com confiança, então conseguiremos chegar à coesão na nossa sociedade”.
As palavras de Merkel surgem numa altura em que foi tornado público que o seu partido quer passar uma resolução para consagrar a identidade judaico-cristã da Alemanha. Uma medida que não significa a exclusão dos muçulmanos, insiste a chanceler. “Esperamos que aqueles que venham para cá a respeitem [a tradição judaico-cristã], mantendo todavia a sua identidade pessoal.”
A liberdade religiosa não está em causa, adianta Merkel, que aproveitou para deixar uma mensagem sobre as minorias cristãs em países de maioria islâmica, ao dizer: “Claro que somos pela liberdade de cada um praticar a sua fé. Mas a liberdade cristã não pode parar nas nossas fronteiras. Isso se aplica também a cristãos noutros países do mundo.”
(Renascença)
Nota: Esse problema, embora acentuado na Europa, não é exclusividade de lá. Segundo o senso do IBGE do ano 2000, passa de 7% o número de pessoas na população brasileira que se declaram sem religião. A igreja parece estar falhando em três frentes básicas: (1) não está provendo respostas consistentes e que demonstrem a racionalidade da fé cristã para os de mentalidade secularizada e/ou científica, o que evidencia que a boa e velha apologética cristã precisa ser reutilizada com força; (2) não está se mostrando relevante para os pós-modernos que veem as igrejas como museus de doutrinas engessantes e lugar em que faltam relacionamentos significativos, o que mostra que muitos cristãos não estão permitindo que o poder transformador do evangelho lhes contagie a vida e irradie amor desinteressado; e o mais importante (3): não está buscando o poder do Espírito Santo, capaz de abalar o mundo, como aconteceu nos primeiros anos da era cristã, quando um punhado de crentes de origem humilde espalhou a mensagem de salvação em todos os recantos do Império, levando milhões de pessoas à conversão. A igreja cristã precisa redescobrir suas raízes e sua mensagem bíblica.[MB]