terça-feira, outubro 01, 2013

A universalidade do sentimento religioso

Criados para crer?
Um estudo maciço levado a cabo junto das mais variadas culturas do mundo apurou que a fé religiosa é natural, até instintiva, no ser humano. Roger Triggm, professor na Universidade de Oxford, afirmou: “Temos tendência para ver propósito no mundo. Vemos operacionalidade. Pensamos que algo se encontra por lá, mesmo que não sejamos capazes de a observar. [...] Toda essa forma de pensar tem tendência a acumular-se até desenvolver-se uma forma de pensar religiosa.” Trigg é co-diretor do projeto de Oxford (com a duração de três anos) que incorporou mais de 40 estudos distintos levados a cabo por dezenas de pesquisadores observando países desde a China até a Polónia, passando pelos Estados Unidos e a Micronésia.

Estudos levados a cabo por todo o mundo apuraram resultados similares, incluindo a amplamente disseminada crença em algum tipo de vida depois da morte e uma tendência instintiva para sugerir que os fenômenos naturais têm um propósito. Trigg afirma que “para as crianças, em particular, era muito fácil pensar de uma forma religiosa”. Mas o estudo apurou que mesmo os adultos eram muito suscetíveis a atribuir a um Agente Invisível a responsabilidade por um evento natural.

Segundo Justin Barrett, o outro co-diretor do projeto, o estudo não diz nada sobre a existência de Deus, deuses ou se existe algum tipo de vida depois da morte. “Este projeto não tem como finalidade provar a existência de Deus ou a existência de deuses. Só porque uma forma de pensar é mais fácil para o ser humano não significa que é a verdadeira forma de pensar, nem que é um fato.”

Trigg vai mais longe e afirma que tanto ateus como os religiosos podem usar esse estudo em seu favor. Segundo Trigg, o famoso secularista Richard Dawkins “pode aceitar os nossos estudos e afirmar que nós temos que ultrapassar essa fase da nossa vida.” Mas as pessoas com fé religiosa podem alegar que a universalidade do sentimento religioso serve ao propósito de Deus. “Os religiosos podem dizer coisas como “Se Deus existe, então Ele criaria em nós uma inclinação natural de buscá-Lo.”

Trigg acrescenta que o bem-sucedido estudo pode não tomar uma posição no que toca à existência de Deus, mas tem implicações profundas para a liberdade religiosa: “Se temos algo que se encontra tão enraizado na natureza humana, contrariá-lo é de qualquer forma não permitir que os seres humanos realizem seus interesses básicos. Existe um impulso muito forte para olhar para a religião como algo privado.”

“[A religião] não é algo do interesse de alguns, mas, sim, algo que faz parte da natureza básica do ser humano. Isso mostra que ela é mais universal, prevalecente e profundamente enraizada, e isso é algo que tem que ser considerado. Não se pode fingir que ela não está lá.”

O estudo, com o nome de Cognition, Religion and Theology Project, sugere fortemente que a religião não enfraquecerá com o tempo, afirmou Trigg: “A tese da secularização dos anos 1960, a meu ver, está irremediavelmente condenada ao fracasso.”

(CNN, via Darwinismo)