quarta-feira, outubro 16, 2013

Alguns pontos obscuros sobre a evolução

Os fundamentos são sólidos?
Em resposta ao meu artigo “Revista desconversa quando o assunto é evolução”, publicado no Observatório da Imprensa, o biólogo Adelino de Santo Júnior (que também é mestre em Ecologia pela USP), escreveu o texto “Alguns pontos sobre a evolução das espécies”. Vou deixar de lado os argumentos ad hominem que não levam a lugar algum e me deter na argumentação de Adelino. Já que ele apontou alguns “pontos”, passo a seguir aos contrapontos, os quais agrupei em três grandes áreas, para simplificar a discussão:

Primeiro ponto: Adelino afirmou: “Nós não viemos dos macacos, nós somos macacos! Caso houvesse um agrupamento biológico definido como ‘macacos’, certamente estaríamos dentro dele. A espécie humana faz parte da ordem dos primatas, na qual se inserem todos os macacos!”

Quando Adelino diz que somos macacos, ele levanta um problema para os cientistas. Quais os critérios que nos definem como macacos? O DNA? E os taxonomistas? Será que estão de acordo com os geneticistas? Então por que somos classificados como Homo sapiens e não como Pan troglodita? Outra coisa: Por que Adelino evitou mencionar o gênero Homo? Ele não salienta para os leitores que a paleoantropologia é uma das áreas científicas mais controversas e polêmicas. Por exemplo, o registro fóssil permanece fragmentário, pois nenhum fóssil de hominídeo foi encontrado para o período entre 6 e 13 milhões de anos atrás, tempo em que a diversificação entre as linhagens de chimpanzés e humanos teria ocorrido. Um artigo interessante sobre esse tema é “Pattern pluralism and the Tree of Life hypothesis, de Doolittle e Baptest (PNAS, 29 de janeiro de 2007 [doi: 10.1073/pnas.0610699104]). Nele é questionado o dogma da ancestralidade comum universal.

Donald Johanson (o descobridor de Lucy) e Blake Edgar destacaram, em 1996: “Cerca da metade do intervalo de tempo nos últimos três milhões de anos permanece não documentada por quaisquer fósseis humanos”, e “desde o período mais antigo da evolução hominídea, mais de quatro milhões de anos atrás, somente um punhado de fósseis não diagnosticados tem sido descoberto” (Donald Johanson and Blake Edgar, From Lucy to Language [New York: Simon & Schuster, 1996], 22-23).

Devido à condição “fragmentária” e “desconexa” dos dados, Richard Lewontin, paleontólogo da Universidade Harvard, disse que “nenhuma espécie hominídea pode ser estabelecida como nosso ancestral direto” (Richard Lewontin, Human Diversity [New York: Scientific American Library, 1995], 163).

Outro grande desafio enfrentado pelos paleoantropólogos são os próprios exemplos de fósseis. Geralmente, os fósseis tipicamente hominídeos consistem literalmente de meros fragmentos de ossos. Isso dificulta ao cientista chegar a conclusões definitivas sobre a morfologia, o comportamento e as relações de muitos espécimes. Stephen Jay Gould admitiu isso, quando disse: “A maioria dos fósseis hominídeos, muito embora sirvam como base de especulação interminável e contar de historinhas bem elaboradas, são fragmentos de mandíbulas e de pedaços de crânios.”

A paleoantropologia é uma área científica que lida com dados fragmentados, mas, mesmo assim, os paleoantropólogos fazem afirmações confiantes sobre como teria ocorrido a evolução humana. A discordância grave entre os cientistas sobre nossos ancestrais é bem descrita por Constance Holden, no artigo “The politics of paleoanthropology” [A política da paleoantropologia], publicado na revista Science. No artigo, Holden reconhece que “a principal evidência científica” em que os paleoantropólogos se apoiam “para construir a história evolucionária do homem” é “um deplorável conjunto pequeno de ossos. [...] Um antropólogo comparou a tarefa à reconstrução da trama de Guerra e Paz com 13 páginas selecionadas aleatoriamente” (Constance Holden, “The politics of paleoanthropology”, Science, 213 [1981]: 737-40).

No Abstract do artigo “Evolution of the genus Homo”, publicado no Annual Review of Earth and Planetary Sciences, volume 37:67-92 (Volume publication date May 2009), Ian Tattersall e Jeffrey H. Schwartz escreveram o seguinte: “A definição do gênero Homo é quase tão carregada quanto a definição de Homo sapiens. Nós consideramos a evidência para o ‘Homo primitivo’ e encontramos pouca base morfológica para estender nosso gênero para quaisquer das formas fósseis de 2,5–1,6 milhões de anos designadas para o ‘Homo primitivo’ ou Homo habilis/rudolfensis.”

A ausência de fósseis intermediários é tanta que a transição hipotetizada de hominídeos/Homo é confirmada pelos antropólogos da Universidade de Harvard Daniel E. Lieberman, David R. Pilbeam e Richard W. Wrangham: “Uma das várias transições que ocorreram durante a evolução humana, a transição de Australopithecus para Homo, foi, sem dúvida, uma das mais críticas na sua magnitude e consequências. Como em muitos dos principais eventos evolucionários, há tanto boas como más notícias. Primeiro, as más notícias são que muitos detalhes dessa transição são obscuros por causa da pobreza dos registros fósseis e arqueológicos. [...] E quais são as boas notícias? Embora não tenhamos muitos detalhes sobre exatamente como, quando e onde a transição ocorreu de Australopithecus para Homo, temos dados suficientes de antes e após a transição para fazer algumas inferências sobre a natureza geral das principais mudanças que ocorreram” (Daniel E. Lieberman, David R. Pilbeam, and Richard W. Wrangham, “The transition from Australopithecus to Homo”, in Transitions in Prehistory: Essays in Honor of Ofer Bar-Yosef, eds. John J. Shea and Daniel E. Lieberman [Cambridge: Oxbow Books, 2009], p. 1).

Ian Tattersal, um dos maiores especialistas nessa área, também reconhece a falta de evidência de uma transição de hominídeos para humanos: “Nossa história biológica tem sido de eventos esporádicos em vez de acréscimos graduais. Ao longo dos cinco milhões de anos atrás, novas espécies hominídeas regularmente surgiram, competiram, coexistiram, colonizaram novos ambientes e tiveram êxito – ou falharam. Nós somente temos a percepção mais obscura de como essa história dramática de inovação e interação se desenrolou” (Ian Tattersall, “Once we were not alone”, Scientific American [January, 2000]: 55-62).

Ernst Mayr, o “Darwin do século 20”, reconheceu o surgimento abrupto do gênero Homo sem transições: “Os fósseis mais antigos de Homo, Homo rudolfensis e Homo erectus, estão separados dos Australopithecus por uma grande e desconectada lacuna. Como podemos explicar esse salto aparente? Não tendo quaisquer fósseis que possam servir de elos perdidos, temos que lançar mão do honrado método antigo da ciência história – a construção de uma narrativa histórica” (Ernst Mayr, What Makes Biology Unique?: Considerations on the Autonomy of a Scientific Discipline [Cambridge: Cambridge University Press, 2004], 198).

Além disso, uma leitura objetiva da literatura demonstra que as conclusões obtidas nas pesquisas geralmente perdem seu caráter explicativo quando novas evidências surgem nessa área, contrariando aquelas.

Afinal de contas, os humanos são mesmo mais aparentados com chimpanzés ou com orangotangos? “Nossas análises mostram que para ~0,8% de nosso genoma, os humanos são mais aproximadamente relacionados com os orangotangos do que com os chimpanzés” (Asger Hobolth et al, “Incomplete lineage sorting patterns among human, chimpanzee, and orangutan suggest recent orangutan speciation and widespread selection”, Genome Research, vol. 21:349-356 [2011]). Detalhe: ~0,8% equivale a 20 milhões de pares de bases.

Outra pesquisa revela que em “aproximadamente 23% de nosso genoma nós não partilhamos ancestralidade genética imediata com o nosso parente vivo [sic] mais próximo, o chimpanzé. Isso engloba genes e éxons na mesma extensão que as regiões intergênicas. Concluímos que cerca de 1/3 de nossos genes começaram a evoluir assim que as linhagens especificamente humanas antes de ocorrer a diferenciação de humanos, chimpanzés e gorilas” (Ingo Ebersberger, Petra Galgoczy, Stefan Taudien, Simone Taenzer, Matthias Platzer, and Arndt von Haeseler, “Mapping human genetic ancestry”, Molecular Biology and Evolution, vol. 24[10]:2266-2276 [2007]).

E convenhamos, 23% não é uma porcentagem pequena...

As árvores moleculares são baseadas na premissa de que o grau de semelhança genética reflete o grau de relação evolucionária. Um artigo mostra explicitamente essa premissa: “A sistemática molecular é (amplamente) baseada na premissa, primeiramente articulada claramente por Zuckerkandl e Pauling (1962), de que o grau de semelhança geral reflete o grau de parentesco. Essa premissa deriva da interpretação da semelhança molecular (ou dessemelhança) entre os táxons no contexto de um modelo darwinista de mudança contínua e gradual. A revisão da história da sistemática molecular e suas afirmações no contexto de biologia molecular revelam que não existe base para a ‘premissa molecular’. [...] Para os historiadores e filósofos de ciência, as questões que surgem agora são como surgiu a crença na infalibilidade dos dados moleculares para a reconstrução das relações evolucionárias e como essa crença se tornou tão central” (Jeffrey H. Schwartz, Bruno Maresca, “Do molecular clocks run at all? A critique of molecular systematics”, Biological Theory, vol. 1[4]:357-371 [2006]).

Essa semelhança de 99% entre o DNA humano e o do chimpanzé é exata? Embora recentes pesquisas tenham confirmado que certos trechos do DNA humano e de chimpanzé são, em média, 1,23% diferentes, isso é meramente um cálculo com grandes ressalvas. Um artigo na revista Science observou que o cálculo de 1% “reflete somente as substituições de bases, não de muitos trechos do DNA que têm sido inseridos ou deletados nos genomas”.

Então, quando o genoma do chimpanzé não tem nenhum trecho similar no DNA humano, tais sequências do DNA são ignoradas, alardeando-se a estatística de que humanos e chimpanzés são apenas 1% geneticamente diferentes. O subtítulo do artigo da Science é “The myth of 1%” [O mito do 1%], e descreve assim a estatística de 1%: “Pesquisas estão demonstrando que [humanos e chimpanzés] não são tão semelhantes como muitos tendem a acreditar”; “a estatística de 1% é um ‘truísmo’ que deve ser retirado”; “a estatística de 1% é ‘mais um empecilho do que ajuda para a compreensão’”; “a diferença de 1% não foi toda a história”; “pesquisadores estão descobrindo que além da distinção de 1%, pedaços de DNA em falta, extragenes, conexões alteradas em redes de genes e a própria estrutura dos cromossomos confundem qualquer quantificação de condição humana versus condição de chimpanzé” (Jon Cohen, “Relative differences: The myth of 1%”, Science, vol. 316:1836 [June 29, 2007]).

Segundo ponto: Adelino corretamente definiu microevolução como mudanças evolutivas em pequena escala e macroevolução como surgimento de um novo táxon, uma nova espécie. Mas erra em afirmar que elas são definições vagas utilizadas apenas por questões organizacionais. Talvez ele desconheça, mas até hoje existe uma controvérsia científica sobre se os processos observáveis dentro de espécies existentes e pools genéticos (microevolução) podem explicar as mudanças de grande escala ao longo do tempo geológico (macroevolução) e se continuam em ação até hoje. E a macroevolução é um aspecto fundamental na teoria da evolução de Darwin através da seleção natural.

Eis alguns artigos com revisão por pares que mencionam essa controvérsia ainda não resolvida:

David L. Stern, “Perspective: evolutionary developmental biology and the problem of variation”, Evolution 54 (2000): 1079-1091.

“Um dos mais antigos problemas em biologia evolucionária permanece em grande parte sem solução até hoje. [...] Historicamente, os sintetizadores neodarwinistas enfatizaram a predominância das micromutações na evolução, enquanto outros notaram as semelhanças entre algumas mutações dramáticas e transições evolucionárias para defender o macromutacionismo.”

Robert L. Carroll, “Towards a new evolutionary synthesis”, Trends in Ecology
and Evolution, 15 (January, 2000):27.

“Fenômenos evolucionários de grande escala não podem ser entendidos somente na base de extrapolação de processos observados no nível de populações modernas e espécies.”

Andrew M. Simons, “The continuity of microevolution and macroevolution”, Journal of Evolutionary Biology 15 (2002): 688-701.

“Um debate persistente em biologia evolucionária é sobre a continuidade da microevolução e da macroevolução – se as tendências macroevolucionárias são governadas pelos princípios da microevolução.” Embora Simons creia que a disputa possa ser resolvida, mesmo assim ele admite: “A continuidade dos processos seletivos sobre o tempo microevolucionário e macroevolucionário continua a ser uma fonte de discordância em biologia evolucionária (Solé et al, 1999; Erwin, 2000; Carroll, 2001; Plotnick & Sepkoski, 2001); algo que Maynard Smith (1989) descreveu como “não satisfatória”. A questão é se os efeitos da seleção natural operando ao longo do tempo microevolucionário, ou em nível populacional, seriam responsáveis pelas tendências observadas ao longo do tempo macroevolucionário.

A. M. Simons, “The continuity of microevolution and macroevolution”, Journal of Evolutionary Biology, vol. 15:688-701 (2002).

Embora diversas características de processos macroevolutivos possam ser previsíveis a partir da microevolução (Mark Ridley, Evolução, Blackwell, 3ª edição, 2003), para se considerarem os exemplos de especiação mencionados por Adelino, é necessário definir antes o que são espécies e especiação:

Espécies são agrupamentos de populações naturais intercruzantes, reprodutivamente isolados de outros grupos com as mesmas características. Especiação é a divisão de uma espécie em duas reprodutivamente isoladas. O que é interessante destacar é que essas definições nada dizem sobre o grau e a mudança morfológica, comportamental ou genética que evoluiu. Portanto, a definição de “espécie” não implica, necessariamente, que ocorreu mudança biológica significativa entre as duas populações. Na maioria dos casos de “especiação” na literatura científica, as duas populações podem ser nomeadas como “espécies” diferentes sob o conceito biológico de espécie, mas ainda assim as diferenças entre as populações são de pequena escala e triviais.  

Para reforçar sua réplica, Adelino menciona alguns artigos na literatura especializada como eventos comprovados de especiação. Primeiro, é bom esclarecer o seguinte: nenhum criacionista afirma a fixidez das espécies nem nega que a especiação possa ocorrer na natureza, se e somente se a especiação for definida como uma população isolada capaz de reprodução, e que essa definição é trivial demais para as grandiosas afirmações transmutacionistas darwinistas: a evolução de novas estruturas biológicas, planos corporais e taxa superiores.

Por razões de espaço, comento apenas dois desses artigos: Rice WR, Hostert EE. 1993, “Laboratory experiments on speciation: What have we learned in forty years?”, Evolution 47 (6): 1637-1653, Dodd, D.M.B. 1989; “Reproductive isolation as a consequence of adaptive divergence in Drosophila pseudoobscura”, Evolution 43 (6): 1308-1311.

“Pode-se argumentar que a especiação incipiente não ocorreu nesse experimento por duas razões. Primeiro, quantidades de traços de fluxo de genes ocorreram entre a população usando os habitats SE e 4L, pois uma pequena fração de moscas trocou de habitats entre as gerações. [...] Em segundo lugar, o cruzamento forçado entre as duas populações produziu descendência fértil em F1 e F2, e assim o isolamento reprodutivo foi mediado somente pelo comportamento de preferência de habitat. [...] Não ocorreu isolamento reprodutivo irreversível nesse experimento.”

Depois de trinta gerações de mosquinhas das frutas e elas não podiam cruzar livremente? E Rice e Salt afirmaram que foi somente “especiação incipiente que nós cremos ter ocorrido”? Desonestidade intelectual de Adelino ou ele somente citou especialistas mais capacitados para intimidar os críticos pensando que eles não iriam ler nem destacar posteriormente o que realmente foi descoberto a respeito da especiação?

No resumo do artigo “The role of hybridization in plant speciation”, Pamela S. Soltis e Douglas E. Soltis, in Annu. Rev. Plant Biol. 2009, 60:561-88, assim se expressaram sobre a hibridização: “A importância da hibridização na especiação de plantas e evolução tem sido debatida há décadas, com pontos de vista oponentes da hibridização tanto como uma força evolucionária criadora ou ruído evolutivo. A especiação híbrida pode ocorrer tanto em nível homoplóide (i.e., entre duas espécies da mesma ploidia) ou em nível poliplóide, cada um com suas concomitantes consequências genéticas e evolutivas. Enquanto que a alopoliploidia (i.e., resultante da hibridização e duplicação do genoma) há muito tempo tem sido reconhecida como um modo importante de especiação de plantas, as implicações da duplicação do genoma não têm sido tipicamente levadas em conta na maioria das áreas de biologia de plantas.”

Outros artigos que vale a pena conferir são: “The continuity of microevolution and macroevolution” (J. Evol. Biol. 15 [2002] 688-701); “The notion of the Cambrian pananimalia genome” (PNAS, vol. 93, p. 8475-8478, 1996); “Evolutionary Developmental Biology and the problem of variation” (Evolution, 54[4], 2000, p. 1079-1091); “Towards a new evolutionary synthesis” (Tree, vol. 15, n. 1, 2000, p. 27-32).

Finalmente, deixo um desafio para Adelino: Poderia fornecer algum documento científico sobre uma mudança de espécie de bactéria para outro ser? Isso levando em conta que bactérias vêm sendo cultivadas por dezenas de anos (com um tempo de geração médio de 30 minutos), e elas sempre permanecem bactérias, nunca tendo sido publicado um comunicado dizendo que bactéria evoluiu para protozoário, por exemplo. (Seria bom, também, conferir os trabalhos de A. Larssen, que “destroem” o fenômeno da mutação como ferramenta da evolução.) 

Terceiro ponto: Qual é a relação filogenética de as aves possuírem genes para produção de dentes semelhantes aos dentes dos crocodilos? Ancestralidade comum? O que dizer, então, da pesquisa de Mindell et al descrevendo as dificuldades encontradas quando os biólogos evolucionistas tentam construir uma árvore filogenética para os principais grupos de aves usando o DNA mitocondrial? As árvores baseadas nessas moléculas de mtDNA têm divergido com as noções tradicionais das relações entre as aves. Surpreendentemente, os autores até acham semelhança “convergente” entre alguns mtDNAs de aves e os mtDNAs de espécies distantes como cobras e lagartos (D. P. Mindell et al., “Multiple independent origins of mitochondrial gene order in birds”, Proceedings of the National Academy of Sciences USA, vol. 95: 10693-10697 [September 1998]).   

Quanto ao fato de o colágeno dos tiranossauros ser basicamente o mesmo que o das aves, Adelino precisa dizer como o colágeno de tiranossauros (extintos há mais de supostos 65 milhões de anos) pôde ser extraído e pesquisado, se é sabido que o DNA não fica preservado além de 100 mil anos!

Interessante o que Lynn Margulis e seu filho Dorion Sagan escreveram sobre a teoria da evolução: “Nós concordamos que muito poucas proles potenciais sobrevivam para reproduzir e que as populações mudam através do tempo, e que, portanto, a seleção natural é de importância crítica para o processo evolucionário. Todavia, essa afirmação darwinista para explicar tudo da evolução é uma meia-verdade popular cuja falta de poder explicativo é compensada somente pela ferocidade religiosa de sua retórica. Embora as mutações aleatórias tenham influenciado o curso da evolução, sua influência foi principalmente pela perda, alteração e refinação. Uma mutação confere resistência à malária, mas também faz felizes as células sanguíneas dentro dos transportadores deficientes de oxigênio da anemia falciforme. Outra mutação converte um recém-nascido lindo em um paciente de fibrose cística ou uma vítima de surgimento precoce de diabete. Uma mutação faz com que uma mosquinha das frutas voadora de olhos vermelhos não ganhe uma asa. Nunca, contudo, aquela mutação fez surgir uma asa, uma fruta, um caule lenhoso ou uma pata. Resumindo, as mutações tendem a provocar doença, morte ou deficiências. Nenhuma evidência na vasta literatura de mudanças hereditárias mostra evidência inequívoca de que a mutação aleatória em si mesma, mesmo com o isolamento geográfico das populações, resulte em especiação. Então, como surgem as novas espécies? Como que couves-flores descendem de pequeníssimas plantas mediterrâneas tipo repolho, ou porcos de ursos selvagens?” (Lynn Margulis, Dorion Sagan, Acquiring Genomes: A Theory of the Origins of the Species, p. 29 [Basic Books, 2003]).

Pelo visto, depois de “ouvirmos” os entendidos no assunto, podemos perceber que, a despeito dos esforços de alguns evolucionistas, os fundamentos teóricos sobre os quais eles vêm construindo seu modelo não são tão sólidos assim. Há muitos pontos obscuros nessa controvérsia toda. E a humildade intelectual sempre será bem-vinda nesse caso.

(Michelson Borges, jornalista e mestre em teologia)