Paulo visita asilos, hospitais e prisões |
Há
pouco mais de vinte anos, o violinista Paulo Torres foi visitar
uma tia que estava internada no antigo hospital Saint Claire, em Curitiba, por
complicações de um enfisema pulmonar. Estudioso do instrumento desde pequeno e
já um profissional de renome com algumas páginas em seu extenso currículo,
trouxe seu violino para entreter e acalmar a paciente. Enquanto solava algumas
peças barrocas, percebeu que pacientes dos outros quartos estavam saindo ao
corredor, ávidos por ouvir o som angelical que vinha daquele quarto. Como macas
e camas não comportavam a numerosa plateia, Torres começou a visitar todos os “hóspedes”,
tocando sua música para os pacientes interessados. Até chegar ao quarto de uma
jovem que dormia. “Ela abriu os olhos e tentou falar comigo, mas só saíram sons
guturais. A mãe dela, que estava no quarto começou a chorar e a gritar, e
médicos começaram a entrar no quarto. Fiquei assustado”, lembra. Não era para
menos: a paciente estava havia três anos em coma e despertou ao som de seu
violino. “Percebi que minha música poderia ser usada como um instrumento divino
para levar consolo, paz, alegria, tranquilidade e momentos de reflexão para
pessoas enfermas.”
O
trabalho voluntário de Paulo Torres o levou a buscar fundamentação em uma área
cada vez mais estudada na medicina: o uso da música como terapia e humanização
do tratamento médico. “Existem muitos estudos que associam a música sacra e a
música barroca a uma melhora física e emocional dos pacientes.”
Com
o tempo, o violinista passou a mobilizar outras pessoas para o trabalho de
levar a música aos hospitais. “Organizamos concerto de Natal, de dia das mães.
Levamos o [coral infantil] Curumim a um Centro de Hemodiálise, a Orquestra de
Câmara da PUC também trabalha conosco, sempre levando conforto e musicalidade
para as pessoas”, lista.
A
busca pelo tema também o levou a dar palestras em diversas cidades, tanto para
pacientes quanto para a comunidade médica sobre o assunto. O trabalho
voluntário, aos poucos, foi se tornando uma das missões de vida do violinista,
que não esconde o entusiasmo e a paixão pelo assunto: “Tenho um antigo sonho de
que Curitiba se torne uma referência, senão mundial, ao menos nacional no uso
da música no tratamento hospitalar”, confessa.
Bach,
Hendel, Haydn e Mozart estão sempre no repertório de Paulo Torres. Há diversos
estudos que comprovam o benefício da música clássica para pacientes em
recuperação.
Desde
então, Torres não parou mais. O castrense de 58 anos e pai de cinco filhos
encontra brecha em suas funções como professor da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUC-PR) e da Escola de Música e Belas Artes do Paraná,
primeiro violinista da Orquestra Sinfônica do Paraná e membro da Academia
Paranaense de Letras e, voluntariamente, toca para pacientes em diversos
hospitais da cidade. Também toca em orfanatos, asilos e prisões – onde
chamarem. “Mais bem-aventurado é dar do que receber”, justifica o trabalho com
uma frase do apóstolo Paulo, reflexo de sua religiosidade desenvolvida na
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Traz em seu repertório música erudita barroca,
clássica e sacra, além de hinos das mais variadas denominações.
De
pacientes que se recuperaram melhor a pessoas que exalaram seus últimos
suspiros ao som do violino, as histórias que acumulou com essas experiências ao
lado de pianistas – uma de suas filhas entre eles, Daniella Pereira –, dariam
um livro, se as datas e os locais não estivessem tão difusos. Mesmo assim, vale
contar a que compartilhou com uma colega de fé.
Certa
ocasião, Torres entrou em um quarto da UTI com sua filha, trazendo um teclado
sobre o carrinho de alimentos, para tocar o hino adventista “Não me esqueci de
Ti” ao pé da cama de uma paciente. “Ela se levantou, tentou arrancar as
máscaras que a envolviam e arregalou os olhos. Me afastei, porque achei que
estava fazendo mal a ela”, conta. Duas semanas mais tarde, no mesmo hospital,
porém, aquela paciente encontra sua filha no corredor, a abraça e chora
copiosamente. “Ela disse que estava sem nenhuma esperança. E que, na manhã do
dia em que tocamos para ela, ela havia pedido para que mandasse um sinal de que
Ele não havia se esquecido de sua fiel.” A prova estava justamente no hino
adventista, coincidentemente um de seus favoritos.
Confira a seguir a
cobertura desse testemunho em vários veículos de comunicação:
Rede
Record – 5’30” em rede nacional (clique aqui)
Rede
Massa (SBT) – 14 minutos de reportagem (clique aqui)
TV
Educativa, Boletim eParaná 12/11 – encerra o jornal (começa em 00:47) (clique
aqui)
TV
Educativa, jornal eParaná – encerra a edição (clique aqui)
G1
(clique aqui)
Gazeta
Maringá (clique aqui)
Gospel
Prime (clique aqui)
Fanpage
da Prefeitura de Curitiba (clique aqui)