Não se alinha com a evolução? Rejeite |
Por
volta de 1950, o registo fóssil não era amigo de Darwin. Hoje, passados 150
anos, o registo fóssil também já não é amigo de Richard Dawkins. Darwin disse: “Porque
todas as coleções de restos fósseis não disponibilizam evidências claras
da transição gradual e das mutações entre as formas de vida?” A
pergunta era difícil de evitar – o elefante na sala –, mas também era
perturbadora, visto que Darwin reconheceu que o registo fóssil poderia
confirmar ou refutar sua teoria: “Se se puder demonstrar a existência de um órgão complexo
que nunca se poderia formar através de modificações pequenas, graduais e
sucessivas, minha teoria entraria em colapso absoluto.” Darwin reconheceu
também o seguinte: “A singularidade das formas específicas [o registo fóssil] e
o fato de elas não estarem misturadas em inúmeros elos de transição é uma
dificuldade óbvia.”
Em
seu livro The Panda’s Thumb, o
paleontólogo evolucionista Stephen Jay Gould reflete sobre a frustração de
Darwin e ressalva: “O registo fóssil causou mais preocupação do que alegria a
Darwin.” Deparando-se com evidências tão pobres, e até evidências contrárias,
Darwin evitou o problema alegando que “apenas uma pequena porção da superfície
da Terra já foi geologicamente explorada.” A “explicação” dele manteve viva a
esperança de que explorações futuras desenterrariam os sempre esquivos
“inúmeros elos de transição”.
As
coisas não mudaram muito durante os últimos 150 anos. “Precisamos de mais
fósseis”, suplicou Dawkins, em seu livro de 2009, The Greatest Show on Earth. Ao voltar as costas ao registo fóssil,
Dawkins avançou com o conceito das “evidências comparativas”: “Tal como eu
sugeri no princípio deste capítulo, as evidências comparativas sempre foram
mais convincentes do que o registo fóssil.”
Independentemente
do que as “evidências comparativas” sejam (Dawkins não as definiu), ele está rejeitando
o registo fóssil como evidência essencial em favor da teoria de Darwin. “Não
precisamos dos fósseis para demonstrar que a evolução é um fato.” Segundo
Dawkins, o registo fóssil deveria ser retirado da sua posição dentro do debate,
até mesmo um dos mais notórios ícones evolutivos, o Archaeopteryx.
Em seu livro The Greatest Show on Earth,
Dawkins afirma: “Aguentar um simples fóssil famoso como o Archaeopteryx é dar
espaço para um argumento falacioso.”
Quando
Darwin estava desesperado por encontrar os “inúmeros elos de transição”, ele
rapidamente se voltou para o [então] recentemente descoberto Archaeopteryx.
Para Darwin, o Archaeopteryx emergiu como a evidência-chave que fazia a conexão
entre os répteis e os pássaros: “Mesmo o espaçoso intervalo entre as aves e os
répteis foi demonstrado recentemente [por Huxley] como estando parcialmente
unido de uma forma inesperada, pela avestruz e pelo extinto Archaeopteryx.”
Durante
a parte final do século 20, a rejeição do Archaeopteryx como um elo perdido
entre os répteis e as aves começou a ganhar apoio entre os paleontólogos.
Segundo Larry Martin (paleontólogo de vertebrados e curador do Museu de
História Natural e do Biodiversity Research Center, da Universidade do
Kansas), “o Archaeopteryx não é ancestral de qualquer grupo moderno de aves”.
O
estatuto de “elo perdido” do Archaeopteryx é apenas uma ilusão, e, segundo
Henry Gee (paleontólogo e biólogo evolutivo e editor- sénior da prestigiada
revista Nature), uma história para crianças.
Abandonar
o Archaeopteryx como fóssil transicional é, na verdade, apenas a ponta do
iceberg do mais amplo problema que o registo fóssil constitui para a teoria da
evolução. Em seu livro intitulado The
Evolution of the Long-Necked Giraffe, o geneticista Wolf-Ekkehard Lönnig
(Max-Planck Institute, na Alemanha), tal como Dawkins, ressalva de modo cândido
o fato de que “a série gradual de intermediários, segundo Darwin os entendia,
nunca existiu nem nunca vai existir”.
Tempos
atrás, a evolução era uma teoria em crise; hoje a evolução está em crise e
vazia de uma teoria. Sem as evidências do registo fóssil, segundo o próprio
Darwin, “minha teoria entraria em colapso absoluto”.
Conclusão:
a rejeição do registo fóssil por parte de um dos últimos proponentes hardcore
do gradualismo evolutivo assinala o fim da era darwiniana, e serve para
ressalvar ainda mais a natureza filosófica (e não científica) da teoria da evolução.
Uma
coisa se torna cada vez mais aparente: os evolucionistas não têm qualquer
compromisso com o gradualismo de Darwin, mas, sim, com o naturalismo. Para o
evolucionista comum, qualquer mecanismo serve, desde que seja “natural” – isto
é, que possa ser usado contra quem defende a criação Divina.