sexta-feira, março 05, 2010

Teorias competem pela extinção dos dinossauros

Durante 30 anos vigorou uma teoria que defende que o impacto de um meteorito - um asteroide que se choca contra a superfície da Terra - ocorrido na região que hoje é o México, teria sido responsável pelo desaparecimento dos dinossauros, há 65 milhões de anos. Mais recentemente, um grupo de pesquisadores descobriu uma super cratera de impacto nas costas da Índia, que teria provocado um cataclismo inimaginável e que, ela sim, seria a responsável pela extinção dos dinossauros. A cratera de Chicxulub, no México, que até então detinha a fama sozinha pela extinção dos dinossauros e da maior parte da vida na Terra na ocasião, levou outro impacto de um estudo que comprovaria que a cratera teria sido criada 300 mil anos [sic] antes da extinção dos dinossauros.

Há ainda outras teorias, como a possibilidade de que a extinções dos grandes répteis pré-históricos ter sido causada por erupções vulcânicas.

Agora, um grupo de 41 cientistas de instituições de 12 países fez uma revisão de todas as pesquisas científicas feitas ao longo dos últimos 20 anos de modo a tentar determinar qual corrente de pensamento detém os melhores argumentos para explicar as causas da extinção dos dinossauros e de mais da metade de todas as outras espécies que viviam na Terra.

Um estudo de revisão não é uma pesquisa nova. Ele consiste em uma análise metódica e criteriosa dos estudos já feitos sobre o tema, de modo a avaliar o rigor e a capacidade explicativa de cada um.

O estudo, que está sendo publicado na edição desta sexta-feira da revista Science, conclui que o impacto ocorrido no México foi mesmo o responsável pela extinção em massa no fim do período Cretáceo.

Segundo os cientistas, há provas suficientes [mas, como você verá logo abaixo, mesmo assim as pesquisas continuarão] não apenas para apoiar a teoria do asteroide, mas também para descartar outras teorias vigentes sobre a extinção.

A revisão sugere que o asteroide tinha 10 km de diâmetro e atingiu a Terra a uma velocidade de cerca de 20 quilômetros por segundo. O impacto teria ocorrido na região da península de Yucatán e teria liberado um milhão de vezes mais energia do que qualquer bomba atômica já testada. Dados obtidos por meio de imagens de satélite indicam que a cratera de Chicxulub, que tem 200 quilômetros de diâmetro, seria o local exato do impacto.

Segundo os pesquisadores, o impacto liberou grandes quantidades de água, poeira, gases e partículas de carboneto e fuligem, o que teria causado um bloqueio da luz solar e o consequente esfriamento da Terra.

Ainda de acordo com os cientistas, a grande quantidade de enxofre liberada pela colisão contribuiu para a formação de chuvas ácidas na terra e nos oceanos e também teria tido um efeito na queda de temperatura.

"O impacto de Chicxulub foi uma perturbação extremamente rápida dos ecossistemas da Terra, numa escala maior do que qualquer outro impacto conhecido desde que a vida surgiu na Terra", disse Sean Gullick, um dos autores do estudo.

Além dessas consequências, os cientistas ainda fizeram simulações em laboratório e revisões de estudos anteriores para afirmar que o impacto do asteroide ainda teria causado terremotos, tsunamis e incêndios. "O impacto causou um tsunami muitas vezes maior do que a onda que se formou no Oceano Índico e atingiu a Indonésia em dezembro de 2004", afirmou o geólogo marinho Tim Bralower, da Universidade da Pensilvânia, que participou do estudo. "Essas ondas causaram uma destruição massiva no fundo do mar", afirmou.

De acordo com os cientistas, além de ter provocado a extinção dos dinossauros, a colisão causou o desaparecimento de cerca de 70% de todas as espécies que habitavam a Terra na época. O fenômeno foi tão catastrófico que a maior parte da vida extinta teria sumido em questão de dias.

O estudo sugere que um dos argumentos mais fortes que apoiam a teoria, além da escala do impacto do asteroide no solo terrestre, seria uma camada de argila encontrada em diversas amostras de solo do período Cretáceo e Paleogeno e estudada desde 1980 após ter sido descoberta pelo geofísico Luiz Alvarez. Essa camada é rica no elemento irídio, abundante em asteroides e cometas, mas dificilmente encontrado em grandes concentrações na superfície da Terra.

Além disso, a camada ainda possui uma faixa de cerca de um metro onde não há fósseis de dinossauros ou de outros animais, o que poderia indicar um desaparecimento repentino.

Segundo os cientistas, essa camada de argila é encontrada em todos os sítios com amostras da fronteira entre os períodos Cretáceo e Paleogeno no mundo, o que demonstra que o fenômeno foi "realmente global".

De acordo com o estudo, nenhuma outra teoria existente sobre o fim dos dinossauros remete à extinção em massa de espécies entre esses dois períodos de maneira tão global quanto a do impacto do asteroide ou apresenta mecanismos para explicar como houve uma mudança biótica tão abrupta. [...]

"Temos, agora, grande confiança de que o asteroide foi a causa da extinção do Cretáceo-Terciário. O impacto provocou incêndios de grande escala, terremotos com mais de 10 pontos na escala Richter e deslizamentos de dimensões continentais, que, por sua vez, causaram tsunamis", disse Joanna Morgan, do Imperial College London.

"Entretanto, o prego final no caixão dos dinossauros foi o material ejetado em alta velocidade na atmosfera. O resultado foi que o planeta ficou no escuro, levando a um inverno global e matando muitas espécies que não conseguiram se adaptar a esse ambiente infernal", disse.

"Ironicamente, enquanto esse dia marcou o fim do reinado de 160 milhões de anos dos dinossauros, acabou sendo um grande momento para os mamíferos, que até então viviam sob a sombra dos grandes répteis. A extinção foi um momento crucial na história da Terra, ultimamente abrindo caminho para que os humanos se tornassem a espécie dominante no planeta", destacou Gareth Collins, também do Imperial College London.

Segundo Schulte, apesar das provas, dificilmente a discussão sobre o desaparecimento dos animais será interrompida pelo resultado dessa revisão.

"Nós desenvolvemos um caso forte, mas as discussões vão continuar. Eu acredito que isso é basicamente ciência e nunca podemos dizer nunca," afirmou.

(Inovação Tecnológica)

Nota: Extinção em massa; cratera localizada logo abaixo do estrato em que estão os fósseis de dinossauros que somente fossilizam se forem soterrados por lama; camada de lama encontrada no "período" (estrato) Cretáceo; extinção em massa e repentina; deslizamentos de proporções continentais; etc. Se os cientistas admitissem o modelo diluvianista e unissem todas essas evidências num único evento catástrófico hídrico, veriam que isso faz muito mais sentido que uma catástrofe causada por um único meteorito. Recomendo a leitura do livro Uma Breve História da Terra, do geólogo Dr. Nahor Neves de Souza Jr. (www.scb.org.br).[MB]