A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse nesta segunda-feira que a Europa pode estar vivendo o momento mais difícil desde a Segunda Guerra Mundial, enquanto os novos líderes de Grécia e Itália corriam para formar governos e limitar os danos da crise de dívida da zona do euro. “A Europa está em um dos mais difíceis, talvez o mais difícil momento desde a Segunda Guerra Mundial”, declarou Merkel ao seu partido conservador em Leipzig. Ela disse temer que o continente fracasse se o euro falhar e prometeu fazer de tudo para impedir que isso aconteça. Mas no discurso de uma hora feito aos colegas da União Democrata-Cristã (CDU), Merkel não ofereceu novas ideias para resolver a crise, que obrigou Grécia, Irlanda e Portugal a pedir ajuda externa, gerando preocupação sobre a sobrevivência da união monetária de 17 nações. “Se o euro fracassar, então a Europa fracassa, e nós queremos impedir e nós iremos impedir isso. Isso é no que estamos trabalhando, porque é um projeto histórico enorme”, disse Merkel.
No drama de Roma, o presidente italiano pediu que o ex-comissário europeu e novo premiê do país, Mario Monti, forme um novo governo para restaurar a confiança do mercado na economia, cuja dívida é grande demais para o bloco do euro resgatar. Enquanto isso, os mercados financeiros mostravam alívio cauteloso com um leilão de bônus do país, que atraiu boa demanda dos investidores. Foram vendidos três bilhões de euros em títulos de cinco anos, mas os juros bateram recorde, atingindo 6,29%. Diante da alta dos rendimentos, o Banco Central Europeu (BCE) começou a comprar bônus do governo italiano logo após o leilão.
As nomeações de Monti e de um novo primeiro-ministro na Grécia, Lucas Papademos, foram recebidas com otimismo pelos mercados, mas era difícil apagar uma insegurança tão enraizada.
O premiê Silvio Berlusconi fez um discurso de despedida no domingo, pedindo que o BCE se torne um banco de último recurso para ajudar o euro. “Isso se tornou uma crise para nossa moeda comum, o euro, que não tem o apoio que toda moeda deveria ter”, afirmou em uma mensagem por vídeo.
Embora os problemas da Itália e a saída de Berlusconi tenham mandado para segundo plano a Grécia, que tem uma economia bem menor, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os líderes europeus manterão Papademos sob pressão para implementar reformas radicais.
Pesquisas de opinião mostram que o premiê tecnocrata tem apoio de três em cada quatro gregos. Mas ele enfrentava seu primeiro protesto nesta segunda-feira, com manifestantes acusando o novo governo de trabalhar de acordo com os interesses dos banqueiros. Inspetores do FMI, do BCE e da União Europeia (UE) começam a chegar a Atenas nesta segunda-feira, aumentando a pressão para a Grécia qualificar-se para um segundo programa de resgate, no valor de 130 bilhões de euros, e para uma parcela de empréstimos de oito bilhões de euros do resgate anterior.
(Terra)
Leia também: “A Europa à deriva”