sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Tá faltando compostura

Em sua coluna na revista Veja desta semana (p. 20), Lya Luft denuncia a falta de compostura que toma conta do nosso país. Vale a leitura do texto todo, mas quero destacar aqui o último parágrafo: “Escrevi há tempos dois artigos dizendo que família deveria ser careta: cada dia me convenço mais de que toda a sociedade deveria ser um pouquinho mais careta. Com jovens menos pressionados a enveredar precocemente por uma sexualidade que ainda não é a deles nem psíquica nem biologicamente. Com adultos que não precisem inventar uma modernidade fictícia, mas ser amorosos e responsáveis – mais naturalmente alegres, não tendo de se expor de corpo e alma. Feito, diz minha amiga Lygia Fagundes Telles, 'carne em gancho de açougue'. Essa aceleração no escrachado, no pretensamente liberado, essa ânsia de ser uma celebridade, de ser notado (não necessariamente amado), essa exigência de ter imediatamente um emprego bom, fácil, muito bem pago, e todas as sensações que o mundo (da fantasia) pode oferecer, depressa, logo, agora, não têm volta. Pois a construção de uma vida, uma profissão, uma pessoa, importa pouco diante da onda de caricaturas de mulheres, homens ou gays que invade nossas telinhas e respinga no nosso colo. E o mundo gira para a frente. Tudo está virando um grande cenário de reality show? Que reality, aliás? Pois não me parece que essa seja a realidade concreta. E é isso que alimenta minha esperança de que, apesar de tudo, se afirme e espalhe a velha mania do bom gosto e da compostura, que, como caldo de galinha, nunca fez mal a ninguém.”