quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Cresce número de cientistas desconfiados do darwinismo

Recentemente [no blog Uncommon Descent], temos visto James Shapiro, um geneticista molecular não darwinista e autor do livro Evolution: A View from the 21st Century, debater com teóricos e pesquisadores do Design Inteligente. Eis uma resenha [de dez páginas] de sua obra, escrita por Adam Wilkins, um expoente biólogo do Reino Unido e ex-editor do journal BioEssays, publicada no Genome Biology and Evolution (24 de janeiro de 2012). Wilkins admite algo que todo mundo sabe, mas que alguns darwinistas convictos como ele irão admitir de verdade: um crescente grupo de cientistas, especialmente aqueles da biologia molecular, biologia do desenvolvimento ou genética do desenvolvimento, e da microbiologia não está convencido do suposto poder da seleção natural de Darwin em criar o mundo de vida que nós vemos:

“... o argumento sustentado no livro de que a importância da seleção natural para a evolução tem sido imensamente exagerada representa um ponto de vista que tem um grupo crescente de adeptos. (Alguns meses atrás, fiquei surpreso de ouvir isso expresso, nos termos mais contundentes, de outro microbiólogo muito eminente.) Minha impressão é de que a biologia evolucionária está cada vez mais se separando em dois campos, divididos justamente sobre essa questão. De um lado, estão os geneticistas de população e os biólogos evolucionários que continuam a acreditar que a seleção tem um papel ‘criador’ e crucial na evolução, e, de outro lado, há um grupo crescente de cientistas (a maioria deles que entraram na evolução vindo da biologia molecular, da biologia do desenvolvimento ou da genética de desenvolvimento e a da microbiologia) que a rejeitam.”

Ele pensa que isso ainda não seja uma crise de paradigma a la Thomas Kuhn.

O resto da resenha é interessante, especialmente sua defesa da seleção natural:

“Os argumentos da evidência paleontológica a favor da importância da seleção natural dizem respeito, na sua maioria, às tendências de mudanças morfológicas de longo tempo, que são visíveis em muitas linhagens. É difícil imaginar o que mais, a não ser que a seleção natural pudesse ser responsável por tais tendências, a menos que alguém invoque forças sobrenaturais ou místicas tais como a muito popular, mas definitivamente desacreditada, força da ‘ortogênese’.”

Considere o que isso significa: a verdadeira razão em colocar Darwin somente [como explicação] – em oposição a qualquer outra maneira pela qual a evolução possa ocorrer – é que de outro modo nós devemos invocar o sobrenatural? Alguém pode se perguntar o que todos esses cientistas que rejeitam “Darwin somente” pensam disso.

Nosso velho amigo Larry Moran pensa que deriva genética é importante na evolução. (Eu te peguei! Um católico no armário!) Lynn Margulis, famosa por causa da endosimbiose? (Oh, você sabe o que eles dizem dela...) E o próprio Shapiro? (Eu ouvi dizer que ele vai a reuniões secretas com...)

Finalmente, as pessoas que querem ouvir a si mesmas pensam que elas têm que dizer o suficiente. A evidência é importante. A falta de evidência é importante. A liberdade de pensar é importante. E a evolução não é sobre proteger a posição do lobby de Darwin vs. Deus.

Nota: A Nomenklatura científica já tomou conhecimento do poder epistemológico das teses de Shapiro (um cientista evolucionista não darwinista) nesse livro, que só falta dizer: uma iminente e eminente mudança paradigmática em biologia evolucionária já se faz necessária.

Você não vai ler sobre essas questões de ceticismo sobre a eficácia da seleção natural em sites de ciência como o HypeScience, em outros blogs científicos, muito menos nas publicações de divulgação científica como o JC E-Mail (órgão da SBPC), Ciência Hoje, Galileu, Superinteressante e os jornais e revistas como a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Globo, Veja, Época.

Por que esses grandes veículos midiáticos não abordam temas assim? Por que, hein? É porque quando a questão é Darwin, é tutti cosa nostra, capice?

(Desafiando a Nomenklatura Científica)