É
nossa concepção de futuro que dá forma ao presente, que
define os contornos e o tom de ações e pensamentos nossos durante o dia. Se
nosso senso de futuro é fraco, temos uma vida marcada pela indiferença. Boa
parte das doenças emocionais e mentais e dos suicídios ocorre entre pessoas que
sentem que “não têm futuro”. A fé cristã sempre foi caracterizada por um forte
senso de futuro, sendo o exemplo mais notório a crença na segunda vinda de
Jesus. Desde o dia em que Jesus ascendeu ao Céu, Seus seguidores vivem na
expectativa de Seu retorno. Ele prometeu que voltará, e eles creram nisso – e
continuam a crer. Para os cristãos, essa é a questão mais importante com
relação ao que se crê e sabe a respeito do futuro.
O
efeito prático dessa crença é carregar cada momento do presente com esperança,
pois, se o futuro é dominado pela volta de Jesus, sobra pouco espaço na tela
para a projeção das nossas ansiedades e fantasias. Essa certeza afasta a
confusão da nossa vida. Livres do medo, podemos corresponder espontaneamente à
liberdade que Deus nos dá.
Ao
mesmo tempo, a crença pode ser mal compreendida, de modo que se transforme em
medo paralisante para alguns e indolência para outros. As duas cartas de Paulo
aos cristãos em Tessalônica, entre outras coisas, corrigem essas opiniões
equivocadas e debilitantes, incentivando-nos a continuar a viver em alegre e
inteligente expectativa com respeito ao que Deus fará em Jesus (Eugene H.
Peterson, A Mensagem: Bíblia em linguagem
contemporânea [São Paulo: Vida, 2011], p. 1.686).
Autores
Primeira
Tessalonicenses foi enviada à igreja de Tessalônica por três autores: Paulo,
Silvano e Timóteo (1Ts 1:1; veja 2Ts 1:1). Paulo foi claramente o autor
principal da carta (1Ts 2:18; 3:5; 5:27), mas ele se sentiu feliz em dividir a
cena com seus colegas de ministério.
Silvano
(chamado de “Silas” no livro de Atos) era líder na igreja de Jerusalém (At
15:22), profeta (At 15:32) e cidadão romano (At 16:37, 38). Ele se tornou
companheiro de viagem de Paulo depois que este se separou de Barnabé (At
15:36-41). Paulo e Silvano foram espancados e presos juntos pouco depois que
chegaram a Tessalônica.
Timóteo
era um jovem que Paulo conheceu em sua primeira viagem missionária. Ele
imediatamente se uniu a Paulo no ministério (At 16:1-3) e ajudou Paulo e
Silvano a fundarem a igreja em Tessalônica (At 17:1-9).
Audiência
O
contexto de 1 e 2 Tessalonicenses é descrito em Atos 17 e 18, além de ser
sugerido nas cartas de Paulo. Após uma experiência dolorosa em Filipos (At
16:12-40; 1Ts 2:2), Paulo e seus companheiros Silas e Timóteo se dirigiram à
cidade de Tessalônica, onde havia uma sinagoga judaica (At 17:1).
Em
Tessalônica, Paulo pregou com base na Bíblia que era necessário que o Messias
sofresse primeiro e depois ressuscitasse dos mortos. Ele também procurou
mostrar que Jesus havia cumprido as profecias sobre o Messias (At 17:2, 3).
Muitos judeus e gregos creram na mensagem (At 17:4), mas houve um alvoroço (At
15:5, 6) e as autoridades da cidade precisaram intervir (At 17:8, 9). Em
resultado, Paulo e Silas (e provavelmente Timóteo) saíram imediatamente da
cidade (At 17:10).
Após
dificuldades adicionais em Bereia, Paulo se dirigiu a Atenas, enviado por Silas
e Timóteo (At 17:14, 15). Paulo então enviou Timóteo de volta a Tessalônica
para ver como estava a igreja (1Ts 3:1, 2). Silas também voltou a Tessalônica
(At 18:5), provavelmente para visitar mais uma vez a igreja recém-fundada em
Filipos. Após sair de Atenas, Paulo foi a Corinto (At 18:1), onde ele se uniu
novamente a Silas e Timóteo (At 18:5). Lá, ele escreveu 1 Tessalonicenses.
Data e local de escrita
Na
época de Paulo, a Grécia estava dividida em duas províncias romanas. A
província ao norte, que incluía Tessalônica e Filipos, era chamada Macedônia. A
província ao sul, que incluía Atenas e Corinto, era chamada Acaia. Ambas as
províncias são mencionadas juntas em 1 Tessalonicenses, bem como em Atos 19:21
e em algumas cartas de Paulo (Rm 15:26; 2Co 9:2; 11:9, 10). Tessalônica era a
maior cidade da Macedônia, com um porto no Mar Egeu e uma grande estrada (a Via
Egnatia) que levava ao Mar Adriático e, de lá, a Roma.
A
primeira carta a Tessalônica provavelmente foi escrita em Corinto, visto que
Paulo conhecia o pensamento das pessoas da Acaia (1Ts 1:7, 8), província na
qual Corinto estava localizada. A carta foi escrita em 50 ou 51 d.C., pouco
depois da visita original de Paulo a Tessalônica (1Ts 2:17).
Mensagem
É
natural que os novos cristãos enfrentem sérios desafios logo após a conversão.
Paulo sabia disso. Sendo que o apóstolo não podia estar junto dos cristãos de
Tessalônica, ele primeiramente enviou Timóteo para reunir informações sobre a
igreja. Timóteo relatou a fidelidade deles e alguns desafios que estavam
enfrentando. Então, Paulo tratou dessas questões e experiências na carta que
conhecemos como 1 Tessalonicenses. Dois temas se destacam na carta:
1. O fim dos tempos – A
igreja em Tessalônica estava sofrendo com problemas comportamentais em parte
por causa de ideias confusas sobre o retorno de Jesus e os eventos que
cercariam esse retorno. Portanto, o foco principal de 1 Tessalonicenses está
nos últimos dias da história da Terra. De fato, cada capítulo da carta se
encerra com o tema da segunda vinda de Cristo (1:9, 10; 2:19, 20; 3:13;
4:13-18; 5:23, 24).
Os
tessalonicenses parecem ter chegado à conclusão equivocada de que Paulo teria
ensinado que todos eles viveriam até o retorno de Jesus. Aparentemente, eles
acreditavam que os cristãos que haviam morrido estariam em desvantagem quando
Jesus retornasse (4:13-15). Em sua carta, Paulo lhes assegura que os mortos
justos ressuscitarão primeiro para participar plenamente desse evento com os
vivos (4:15-17). Ele também deixa claro que a vinda de Jesus não será secreta
(4:16) e que nós iremos encontrar o Senhor nos ares, não no solo (4:17).
Em
1 Tessalonicenses 5:1-11, Paulo volta sua atenção ao preparo para a segunda
vinda. O momento do retorno de Jesus será uma surpresa (5:2, 3), mas os
cristãos estarão prontos por causa de seu estado de alerta e autodisciplina
(5:4-8), cheios de esperança e participantes dos benefícios da morte de Cristo
(5:8-10). Um entendimento correto sobre o tempo do fim leva ao encorajamento no
tempo presente (4:18; 5:11).
2. Santificação –
Sendo que a igreja dos tessalonicenses se mantinha firme em sua decisão por
Cristo, Paulo também focalizou as lutas que enfrentavam para viver a fé. Na
sociedade romana da época, predominava a imoralidade sexual. Em contraste com
isso, Paulo ensinava que o sexo fora do casamento traz prejuízo a todos
(4:3-6).
Parece
também que alguns tessalonicenses haviam parado de trabalhar (4:11; 2Ts 3:6, 7,
11), viviam às custas de outros (2Ts 3:6, 7) e haviam se tornado intrometidos e
indisciplinados (1Ts 5:14; 2Ts 3:6, 7, 11), perdendo o respeito até mesmo dos
vizinhos não cristãos. Paulo respondeu a esse problema enfatizando que os
cristãos devem cuidar de seus próprios negócios (1Ts 4:11, 12) e sustentar a si
mesmos enquanto aguardam o retorno de Jesus (2Ts 3:6-9).
Esboço
I.
Saudações e ação de graças (1:1-5)
II.
Motivos para ação de graças (1:6–3:13)
A. Imitação dos membros da igreja
(1:6-10)
B. Exemplo dos apóstolos (2:1-12)
1. Pano de fundo (2:1,
2)
2. Caráter dos apóstolos
(2:3-8)
3. Comportamento dos
apóstolos (2:9-12)
C. Exemplo da Judeia (2:13-16)
D. Desejo de Paulo de vê-los
(2:17–3:13)
1. Tentativas anteriores
de visitá-los (2:17-20)
2. Visita substituta de
Timóteo (3:1-5)
3. Resultado da visita
de Timóteo (3:6-10)
E. Bênção de transição (3:11-13)
III.
Conselhos práticos (4:1–5:22)
A. Ética sexual (4:1-8)
B. Ética comunitária (4:9-12)
C. Os mortos em Cristo (4:13-18)
D. O Dia do Senhor (5:1-11)
E. Vida da igreja (5:12-22)
IV.
Bênção final (5:23-28)
(Andrews Study Bible [Berrien Springs, MI: Andrews University Press,
2010], p. 1.566-1.568. Traduzido por Matheus Cardoso. http://bible.andrews.edu)