O
mundo científico ficou agitado na primeira semana de julho. O Centro Europeu de
Pesquisas Nucleares (CERN) anunciou, no dia 4, de manhã, em Genebra, a
descoberta de uma partícula totalmente nova que pode ser o famoso bóson de
Higgs, entidade subatômica cuja procura já dura quase 50 anos e que também
ficou conhecido como Partícula de Deus. A nova partícula apresenta, em primeira
análise, características de massa e comportamento previstas para o bóson de
Higgs pelo chamado Modelo-Padrão, a “tabela periódica” da física das
partículas.
A
matéria sobre o bóson, publicada por um site brasileiro de divulgação
científica, termina assim: “Sejamos gratos aos cientistas que descobriram mais
uma parte misteriosa da natureza sem a qual nada do que conhecemos hoje
existiria, nem sequer nós mesmos.” Assim, atribuem a criação do Universo a uma
partícula, não ao Criador de todas as partículas. O site agradece aos
cientistas e à partícula, apenas. Por isso, o certo seria chamá-la, do ponto de
vista dessas pessoas, de Partícula Sem Deus.
A
importância do bóson de Higgs, segundo os físicos, está em sua capacidade de
conferir massa às demais partículas. É mais ou menos como uma pessoa que nada
em uma piscina e sai dela molhada. As partículas, ao atravessar o “mar de
bósons de Higgs”, saem dele com massa. Como isso acontece? Aí você terá que
perguntar a um físico... De qualquer forma, a despeito das interpretações
filosóficas, as pesquisas realizadas no LHC (Grande Colisor de Hádrons) têm
sido muito importantes para entender o mundo das partículas subatômicas.
O press release sobre a descoberta procura
arrefecer um pouco os ânimos. Diz o texto: “O próximo passo será determinar a
natureza precisa da partícula e seu significado para nosso entendimento do
Universo. [...] Toda a matéria que podemos ver parece não ser mais de 4% do
total. Uma versão mais exótica da partícula de Higgs pode ser uma ponte para
entender os 96% do Universo que permanecem obscuros.”
Podemos ver apenas
4% da matéria do Universo. 96% dele permanecem como um mistério para os
cientistas. Isso nos dá uma ideia do quão pouco conhecemos sobre o Universo e a
realidade que nos rodeia e deveria inspirar muita humildade aos cientistas.
A
descoberta do bóson tem 4,9 sigmas de significância. Esses “sigmas” medem a
probabilidade dos resultados obtidos. O valor de 4,9 sigmas representa uma
chance menor que um em um milhão de que os resultados sejam mera coincidência.
Por isso, os cientistas consideram esse número como uma confirmação da
descoberta.
Curiosamente, as
chances de que o Universo (com suas leis e constantes finamente ajustadas)
tenha “surgido” por acaso e de que a vida tenha “aparecido” a partir de matéria
inorgânica são ainda menores do que um em um milhão. Mas os cientistas
darwinistas encaram essa improbabilidade como fato!
Resumo da ópera: é
muitíssimo improvável que o Universo tenha surgido por acaso e conhecemos
muitíssimo pouco desse Universo (4%). Logo, não deveríamos excluir a
possibilidade de design inteligente
na criação do cosmos. Se os números e as evidências factuais não nos falam
contrariamente a essa conclusão, o naturalismo se trata unicamente de uma
filosofia adotada por qualquer outro motivo que não o que seria oferecido pela
ciência experimental.
Entender as
partículas – e tudo o que nos rodeia – é uma aventura e tanto do conhecimento e
é algo que deve sempre ser estimulado e promovido. Mas por que negar, baseado
em opiniões e vontades, a existência do Criador das partículas e do Universo?
Michelson Borges
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