terça-feira, julho 17, 2012

Animais também choram a morte de seus filhotes

Deu no G1: Um golfinho foi fotografado carregando o corpo de seu filhote no mar em uma espécie de “ritual de luto”. A cena foi presenciada por turistas em uma região autônoma da China chamada Guangxi Zhuang, famosa por concentrar esses animais. O mamífero adulto levantou o filhote morto várias vezes até a superfície, como se estivesse tentando ajudá-lo a respirar. Depois, empurrou o bebê da costa em direção a águas mais profundas. Um corte profundo foi observado na barriga do filhote, o que pode ter sido feito pela hélice de um barco. Muitas embarcações frequentam o local para levar turistas.

Anteriormente, pesquisadores já observaram golfinhos carregando ou empurrando filhotes que nasceram mortos ou morreram ainda jovens. Os animais demonstram angústia e ficam até vários dias com o corpo do bebê por perto.

“Rituais de luto” no reino animal já foram vistos entre baleias, elefantes, chimpanzés e gorilas. Embora os especialistas relutem em atribuir emoções humanas aos bichos, esse comportamento dos golfinhos parece mostrar que eles têm, pelo menos, consciência sobre sua mortalidade e podem até “contemplar” uma eventual morte. Outros indivíduos parecem incapazes de aceitar o fato.

Em 2011, o G1 também publicou esta notícia: O site do jornal britânico Daily Mail divulgou [...] a imagem de uma chimpanzé lamentando a morte do filhote de apenas 16 meses de idade. O registro foi feito por câmeras de cientistas do Instituto Max Planck de Psicolinguística, da Alemanha, que estudavam exatamente como os primatas enfrentam perdas.

A chimpanzé filmada carregou o corpo morto do filhote durante 24 horas, antes de largá-lo cuidadosamente no chão. A mãe continuou a observar e a tocar no corpo. Ela ainda levou outros chimpanzés para notarem o primata falecido.

Com forte relação com os filhotes, a fêmea de chimpanzé carrega a cria durante os dois primeiros anos e continua a amamentá-la até os seis anos de idade.

Comentário da jornalista Agatha Lemos: “Ainda acham que os animais podem ser mortos sem consequências... eles próprios sofrem com as perdas. Queria que a evolução explicasse o apego entre os animais. Será que eles choram por que, com  a morte de seus filhos, sentem (por intuição ou instinto) que estão mais vulneráveis perante grupos mais fortes e com mais unidades? É claro que não! Choram e lamentam porque não foram feitos para morrer.”

Nota: Quando era criança, infelizmente (nesse aspecto), o quintal da casa dos meus pais dava para o quintal da casa de um senhor que tinha uma mercearia e vendia, entre outros produtos, carne suína. Ele mesmo matava os animais em seu terreno e até hoje me lembro dos gritos desesperados dos porcos e leitões, antes mesmo de serem esfaqueados no coração (isso quando o algoz não errava o golpe, sendo necessárias mais estocadas). Sempre tive a impressão de que os animais sabiam que iam ser sacrificados e protestavam com todas as forças, tendo o medo estampado nos olhinhos arregalados. Também já vi cenas de bois e vacas “chorando” sobre o sangue derramado de seus filhotes ou companheiros. Faz tempo que me convenci de que meu estômago e minhas preferências gastronômicas não são assim tão importantes para justificar a morte de seres vivos que sofrem perdas e desejam viver, assim como os humanos que os matam. Por isso, há quase 20 anos, decidi nunca mais comer nada que tenha tido mamãe.[MB]