Pela
primeira vez, foi feito o sequenciamento de espermatozoides individuais. Depois
de 10 anos de estudo e trabalho no laboratório do professor Stephen Quake, na
Universidade de Stanford (EUA), quase 100 espermatozoides de um indivíduo
normal, com descendência normal, tiveram seu código genético individual
sequenciado e comparado com o código genético do seu doador. Com esse
sequenciamento de DNA, os cientistas puderam avaliar pela primeira vez de forma
empírica os efeitos do processo de recombinação genética, que acontece quando a
célula está em meiose. Na meiose, uma célula diploide, ou seja, com duas cópias
de cada cromossomo, emparelha os cromossomos e “embaralha” (recombina) suas
partes, separando-as depois e gerando duas células haploides, ou seja, que têm
apenas uma cópia de cada cromossomo. Nesse processo, são formados os
espermatozoides, e a recombinação garante que cada espermatozoide terá genes
dos dois avós da futura criança que poderá ser gerada.
Até
hoje, a quantidade de recombinações não havia sido verificada, mas estimada por
processos estatísticos. Com o mapeamento do genoma dos espermatozoides, os
cientistas chegaram pela primeira vez em um número médio de recombinações: 23,
valor surpreendentemente próximo do estimado. Só que, se na média as
recombinações são 23, em cada
espermatozoide individual as coisas são mais complicadas. Na amostra
sequenciada, foram encontrados até mesmo espermatozoides com cromossomos
inteiros faltando, e isso em um indivíduo normal, saudável.
Além
das recombinações, os cientistas também fizeram outra descoberta notável: os
espermatozoides tinham entre 25 e 36 mutações de nucleotídeos que não estavam
presentes no código genético do doador. Tanto as recombinações quanto as
mutações são importantes fontes de
variação genética; a primeira é responsável por deixar os novos indivíduos
com uma mistura mais ou menos equilibrada dos genes de seus avós, e a segunda
por acrescentar novas variações ausentes no código genético original. Entretanto, as mutações, se acontecerem em
certas áreas do genoma, podem ser potencialmente prejudiciais.
Obviamente
as células que tiveram seu genoma sequenciado foram destruídas no processo, e
não podem ser utilizadas para gerar embriões, mas o estudo da frequência das
mutações e as recombinações existentes podem lançar uma luz sobre o surgimento
de problemas genéticos e de infertilidade.
Nota:
Releia as partes grifadas no texto acima e volte a esta nota. Ok? Notou que,
seguindo o padrão das pesquisas em genética, essa aponta para mais
complexidade? Além disso, isto também é interessante: “Tanto as recombinações
quanto as mutações são importantes fontes de variação genética [...]
Entretanto, as mutações, se acontecerem em certas áreas do genoma, podem ser potencialmente
prejudiciais.” Com tantos supostos milhões de anos de existência da humanidade
e tantas recombinações e mutações nessa história, é de estranhar que ainda
sejamos humanos. Deveríamos ter sido
geneticamente “detonados” há muito tempo. Fica claro,
também (e mais uma vez), que mutações promovem variação genética (na melhor das
hipóteses), não “evolução”, ou acréscimo de informação complexa e “surgimento”
de novos planos corporais, como teorizam os darwinistas. Na pior das hipóteses,
mutações “podem ser potencialmente prejudiciais”. E estamos falando, ainda,
apenas de espermatozoides. Pense no que vem a seguir, com a fecundação do
óvulo: combinação de material genético distinto, múltiplas e rápidas divisões
do óvulo e tremenda diferenciação celular (uma célula dá origem às mais
diversas que compõem nosso corpo), e por aí vai. Tudo por acaso?[MB]
Leia também: "Quando os espermatozoides 'surgiram'?"