Muitos conservadores
preferem explicá-lo em razão dos seus diferentes estilos de vida, como
casamento e credo religioso. Eles observam que a maioria dos conservadores é casada, enquanto
a maioria dos liberais não é. As porcentagens são 53% e 33%,
respectivamente, segundo dados da General Social Survey, de 2004, e a diferença
praticamente não se deve ao fato de que os liberais costumam ser mais jovens do
que os conservadores. Casamento e
felicidade caminham juntos. Se duas pessoas pertencem à mesma faixa
demográfica, mas uma é casada e a outra não, a pessoa casada terá 18 % mais
probabilidades de afirmar que está mais feliz do que a pessoa não casada.
No
que diz respeito à religião, a situação é em grande parte a mesma. Segundo a
Social Capital Community Benchmark Survey, os conservadores que praticam uma
religião são mais numerosos do que os liberais religiosos nos EUA, na proporção
de quase quatro para um. E o que tem isso a ver com a felicidade? É evidente. Os participantes religiosos têm quase duas
vezes mais probabilidades de afirmar que são muito felizes com sua vida do que
os seculares (43% para 23%). As diferenças não dependem da educação, raça,
sexo ou idade. O grau diferente de felicidade existe mesmo que se leve em conta
a renda.
Se
a religião e o casamento devem tornar as pessoas felizes é uma questão que diz
respeito a cada um. Mas é preciso levar em conta o seguinte: 52% dos cidadãos politicamente
conservadores, casados (com filhos), religiosos, são muito felizes - em
comparação com apenas 14% dos solteiros, liberais, seculares sem filhos.
Uma explicação do grau de felicidade menor dos liberais é que os conservadores
não se preocupam com a desgraça dos outros. Se tivessem consciência da
injustiça no mundo, não se sentiriam tão confortáveis. [Será que essa é mesmo a
razão?]
“É
possível que os liberais sejam menos felizes do que os conservadores porque
estão menos preparados, do ponto de vista ideológico, a racionalizar o grau de
desigualdade existente na sociedade”, afirmam Jaime Napier e Jon Jost,
psicólogos de Nova York, na revista Psychological
Science.
Os
conservadores de fato entendem o sistema da livre iniciativa de um ponto de
vista mais positivo do que os liberais. Os liberais veem mais provavelmente as
pessoas como vítimas das circunstâncias e da opressão - e duvidam que os
indivíduos consigam ascender sem a ajuda do governo. Minha própria análise
usando os dados da pesquisa de 2005 da Syracuse University mostra que cerca de
90% dos conservadores concordam que, “embora as pessoas possam começar a vida
com oportunidades diferentes, o trabalho duro e a perseverança em geral farão
com que superem essas desvantagens”. Entre os liberais - até mesmo de faixas de
renda elevadas - 33% têm menos probabilidade de dizer isso. [...]
(Arthur C. Brooks,
Estadão)