
Segundo o professor Yoel Rak e seus colegas do Departamento de Anatomia e Antropologia da Faculdade de Medicina Sackler, determinadas características morfológicas encontradas em Lucy - e que também são encontradas nos Australopithecus robustus - não existem nos humanos.
"A existência de características comuns aos Australopithecus afarensis e aos Australopithecus robustus e que não existem nos humanos modernos colocam em dúvida o papel de Lucy como ancestral comum", diz o estudo.
Os hominídeos robustos foram descobertos na África do Sul há 69 anos e teriam habitado a Terra entre 2 milhões e 1,2 milhões de anos [sic]. A musculatura de suas mandíbulas era adaptada ao ambiente seco em que viviam.
O estudo se baseou na análise dos esqueletos de 146 espécimes de primatas adultos, incluindo os humanos modernos, os gorilas, os chimpanzés e os orangotangos. Os pesquisadores descobriram que a estrutura que liga a mandíbula inferior desses animais ao crânio é bastante semelhante à encontrada nos hominídeos robustos, o que eliminaria a possibilidade de Lucy e sua espécie serem ancestrais diretos dos humanos modernos. "Lucy e os demais Australopithecus afarensis devem ser posicionados na base de uma outra linhagem que evoluiu paralelamente à nossa" [sic], diz o estudo.
Lucy, que significa "você é maravilhosa" em amharico (o idioma oficial da Etiópia), foi descoberta no vale de Awash, na Etiópia em 1974. O espécime de apenas 1,1 metro de altura pesava cerca de 29 quilos e tinha aparência semelhante à de um chimpanzé. Apesar do cérebro diminuto, apresentava ossatura semelhante aos dos homens modernos na bacia e nas pernas, o que sugeria que esses hominídeos caminhavam de forma ereta.
Nota: Interessante como as certezas absolutas e amplamente divulgadas na mídia como fato, de uma hora para outra podem se desvanecer. Parabéns O Globo por ter sido o único jornal tupiniquim a divulgar isso.[MB]