sábado, maio 03, 2008

Lucy não é ancestral direto dos humanos modernos

Um dos maiores achados arqueológicos da história foi posto em dúvida por um grupo de antropólogos israelenses. Em um estudo publicado na edição online da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), antropólogos da Universidade de Tel Aviv afirmam que Lucy [que depois se descobriu ser Lúcio], o famoso esqueleto de Australopithecus afarensis, de 3,2 milhões de anos [sic], encontrado em 1974 na Etiópia, não é o último ancestral comum [sic] entre os humanos modernos e uma família de grandes primatas conhecidos como "hominídeos robustos".

Segundo o professor Yoel Rak e seus colegas do Departamento de Anatomia e Antropologia da Faculdade de Medicina Sackler, determinadas características morfológicas encontradas em Lucy - e que também são encontradas nos Australopithecus robustus - não existem nos humanos.

"A existência de características comuns aos Australopithecus afarensis e aos Australopithecus robustus e que não existem nos humanos modernos colocam em dúvida o papel de Lucy como ancestral comum", diz o estudo.

Os hominídeos robustos foram descobertos na África do Sul há 69 anos e teriam habitado a Terra entre 2 milhões e 1,2 milhões de anos [sic]. A musculatura de suas mandíbulas era adaptada ao ambiente seco em que viviam.

O estudo se baseou na análise dos esqueletos de 146 espécimes de primatas adultos, incluindo os humanos modernos, os gorilas, os chimpanzés e os orangotangos. Os pesquisadores descobriram que a estrutura que liga a mandíbula inferior desses animais ao crânio é bastante semelhante à encontrada nos hominídeos robustos, o que eliminaria a possibilidade de Lucy e sua espécie serem ancestrais diretos dos humanos modernos. "Lucy e os demais Australopithecus afarensis devem ser posicionados na base de uma outra linhagem que evoluiu paralelamente à nossa" [sic], diz o estudo.

Lucy, que significa "você é maravilhosa" em amharico (o idioma oficial da Etiópia), foi descoberta no vale de Awash, na Etiópia em 1974. O espécime de apenas 1,1 metro de altura pesava cerca de 29 quilos e tinha aparência semelhante à de um chimpanzé. Apesar do cérebro diminuto, apresentava ossatura semelhante aos dos homens modernos na bacia e nas pernas, o que sugeria que esses hominídeos caminhavam de forma ereta.

Nota: Interessante como as certezas absolutas e amplamente divulgadas na mídia como fato, de uma hora para outra podem se desvanecer. Parabéns O Globo por ter sido o único jornal tupiniquim a divulgar isso.[MB]