terça-feira, agosto 05, 2014

Adiar sexo faz bem para o relacionamento

Na hora e contexto certos é melhor
Casais que transam logo de cara – no primeiro encontro ou durante os primeiros meses – apresentam os piores resultados nos relacionamentos. Uma nova pesquisa realizada pela Brigham Young University aponta que ir pra cama com alguém muito cedo pode minar as chances de uma relação duradoura. “O que parece acontecer é que se os casais começam a transar cedo demais – aspecto bastante recompensante da relação – embora isso prejudique a tomada de decisões, mantendo casais num relacionamento que pode não ser o melhor para eles no longo prazo”, disse Dean Busby, pesquisador que liderou o estudo, ao LiveScience. Pesquisas anteriores que ligavam o sexo e a qualidade do relacionamento apresentaram dois paradigmas diferentes até hoje. No primeiro, o sexo seria considerado essencial para o desenvolvimento, uma vez que permite que os parceiros descubram se são sexualmente compatíveis ou não. Ao seguir esta linha de pensamento, casais que se casam antes de testar a química na cama correm maior risco de a relação desabar.

O novo estudo afirma que casais que adiam ou se abstém da intimidade sexual durante o “período inicial” de seus relacionamentos permitem que a comunicação e outros processos sociais se tornem o alicerce da atração que sentem um pelo outro. Em essência, ele defende que o sexo precoce pode ser prejudicial ao relacionamento, afastando a comunicação, o compromisso e a habilidade de lidar com as adversidades.

A relação entre sexo e relacionamento é complexa. Por exemplo, um experimento feito com cerca de 300 estudantes que estavam numa relação estável em 2004 provou: quando os casais estão no ápice do comprometimento, eles tendem a considerar o sexo um momento importante e positivo no relacionamento, aumentando a compreensão e a confiança. No entanto, quando o grau de comprometimento e de abertura emocional eram baixos, a iniciação ao sexo tendia a ser vista como um evento negativo, evocando arrependimento, incerteza e desconforto. [E em que contexto existe o maior grau de comprometimento e intimidade? R.: No casamento.]

Busby e seus colegas focaram especificamente nos períodos dos eventos sexuais. Eles recrutaram 2.035 indivíduos heretossexuais em torno dos 36 anos durante seus primeiros casamentos. Os participantes tiveram que revelar quando transaram pela primeira vez com a parceira(o) atual, além de responder questões que envolviam a comunicação, nível de satisfação e expressão de empatia.

De acordo com os cientistas, quanto mais a pessoa esperava para transar, melhores se sentiam mais tarde no relacionamento. Enquanto isso, aqueles que foram com sede ao pote já no primeiro mês de namoro apresentaram os piores resultados. Quando comparados aos que transaram precocemente, os participantes do grupo que esperou até o casamento revelou 22% mais estabilidade na relação – e 15% mais satisfação na cama.

“Curiosamente, quase 40% dos casais iniciam as relações sexuais na primeira ou segunda vez que se encontram”, revela Busby, e acrescenta: “Com isso eles permitem que o arrebatamento sexual comprometa a capacidade de decidir se querem ou não um relacionamento.”

Atualmente, o pesquisador está repetindo o estudo numa escala maior e sob dinâmica longitudital – em que os participantes são acompanhados periodicamente. “Estamos particularmente curiosos a respeito de pessoas que dizem querer segurar mais o desejo, mas que acabam não seguindo suas convicções; pensamos se tratar de um grupo único com resultados singulares”, sugere Busby.