"É lícito deter o agressor" |
O
papa Francisco deu sinal verde nesta segunda-feira (18/8) para o uso da força
militar com o objetivo de conter as ameaças que os extremistas do EI (Estado Islâmico) fazem às minorias religiosas no
Iraque. Em conversa com jornalistas a bordo do avião que o levou de volta a
Roma, o líder da Igreja Católica não chegou especificamente a endossar os
bombardeios aéreos norte-americanos e ressaltou ainda que a decisão de como
intervir é dever da comunidade internacional, institucionalizada na figura da
ONU (Organização das Nações Unidas) – e não de um ou de outro país em
particular. “Nesses casos, em que há uma agressão injusta, só posso dizer o
seguinte: é lícito deter o agressor”, disse o papa, segundo a agência AP. “E
ressaltou o verbo ‘deter’. Eu não estou dizendo ‘bombardeiem’ ou ‘façam a
guerra’, apenas ‘detenham’. E os meios que podem ser usados para detê-los devem
ser avaliados”, completou o clérigo argentino.
O
papa Francisco disse ainda que está considerando, junto aos seus conselheiros,
fazer uma viagem até o norte do Iraque, como demonstração de solidariedade aos
cristãos que estão sendo perseguidos no local. A minoria cristã yazidi é
uma das que mais sofre nas mãos dos jihadistas do EI. Entrincheirados no
norte do Iraque e nordeste da Síria, os yazidi são forçados a se converter ao
islã ou obrigados a deixar suas casas.
Francisco,
que acaba de voltar de uma visita considerada emblemática na Coreia do Sul,
ressaltou que a “desculpa” de deter uma agressão injusta não pode ser usada
pelas potências mundiais para justificar uma “conquista de guerra” em que toda
uma população seja subjugada – como, aliás, ele disse ter sido feito em
diversas ocasiões ao longo da história. [...]
Autoridades
do Vaticano já vinham há algumas semanas dando sinais de que a Santa Sé faria
um esforço para enquadrar o caso do Iraque no rol de “guerras justas”, o que
legitimaria uma intervenção militar.
Embora
a Igreja Católica tenha desaprovado com veemência a invasão norte-americana do
Iraque de 2003, a postura do Vaticano no caso iraquiano – em que cristãos são
vítimas diretas da violência – se distancia da oposição enfática que vinha
sendo feita contra qualquer ação militar nos últimos anos, como aconteceu no
caso da Síria, no ano passado. O embaixador do Vaticano na ONU em Genebra, o
arcebispo Silvano Tomasi, por exemplo, chegou a dizer que “talvez, ação militar
seja necessária neste momento”.
Nota:
Fico pensando que outras “guerras justas” e detenções serão aprovadas pelo
Vaticano, no futuro, quando os EUA aprovarem leis que violarão a liberdade de
consciência de minorias tidas como “fundamentalistas” e “extremistas”... [MB]
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