quarta-feira, agosto 20, 2014

Papa aprova uso da força militar americana no Iraque

"É lícito deter o agressor"
O papa Francisco deu sinal verde nesta segunda-feira (18/8) para o uso da força militar com o objetivo de conter as ameaças que os extremistas do EI (Estado Islâmico) fazem às minorias religiosas no Iraque. Em conversa com jornalistas a bordo do avião que o levou de volta a Roma, o líder da Igreja Católica não chegou especificamente a endossar os bombardeios aéreos norte-americanos e ressaltou ainda que a decisão de como intervir é dever da comunidade internacional, institucionalizada na figura da ONU (Organização das Nações Unidas) – e não de um ou de outro país em particular. “Nesses casos, em que há uma agressão injusta, só posso dizer o seguinte: é lícito deter o agressor”, disse o papa, segundo a agência AP. “E ressaltou o verbo ‘deter’. Eu não estou dizendo ‘bombardeiem’ ou ‘façam a guerra’, apenas ‘detenham’. E os meios que podem ser usados para detê-los devem ser avaliados”, completou o clérigo argentino.

O papa Francisco disse ainda que está considerando, junto aos seus conselheiros, fazer uma viagem até o norte do Iraque, como demonstração de solidariedade aos cristãos que estão sendo perseguidos no local. A minoria cristã yazidi é uma das que mais sofre nas mãos dos jihadistas do EI. Entrincheirados no norte do Iraque e nordeste da Síria, os yazidi são forçados a se converter ao islã ou obrigados a deixar suas casas.

Francisco, que acaba de voltar de uma visita considerada emblemática na Coreia do Sul, ressaltou que a “desculpa” de deter uma agressão injusta não pode ser usada pelas potências mundiais para justificar uma “conquista de guerra” em que toda uma população seja subjugada – como, aliás, ele disse ter sido feito em diversas ocasiões ao longo da história. [...]

Autoridades do Vaticano já vinham há algumas semanas dando sinais de que a Santa Sé faria um esforço para enquadrar o caso do Iraque no rol de “guerras justas”, o que legitimaria uma intervenção militar.

Embora a Igreja Católica tenha desaprovado com veemência a invasão norte-americana do Iraque de 2003, a postura do Vaticano no caso iraquiano – em que cristãos são vítimas diretas da violência – se distancia da oposição enfática que vinha sendo feita contra qualquer ação militar nos últimos anos, como aconteceu no caso da Síria, no ano passado. O embaixador do Vaticano na ONU em Genebra, o arcebispo Silvano Tomasi, por exemplo, chegou a dizer que “talvez, ação militar seja necessária neste momento”.


Nota: Fico pensando que outras “guerras justas” e detenções serão aprovadas pelo Vaticano, no futuro, quando os EUA aprovarem leis que violarão a liberdade de consciência de minorias tidas como “fundamentalistas” e “extremistas”... [MB]