quarta-feira, dezembro 03, 2014

Papa e patriarca da Igreja Ortodoxa buscam reunificação

Quase mil anos de separação
O papa Francisco e o patriarca ecumênico Bartolomeu I, líder da Igreja Ortodoxa, fizeram neste domingo uma declaração conjunta em Istambul, na Turquia, que poderia abrir o caminho para a reunificação das duas correntes cristãs, separadas há quase mil anos. Francisco assegurou que a união não poria riscos à tradição e aos ritos dos ortodoxos, que seriam mantidos. Segundo ele, “não se trata de absorção nem de submissão, mas sim da aceitação de todos os dons que Deus tem dado a cada um”. Católicos e ortodoxos caminham separados desde o Grande Cisma de 1054, quando o grupo de cristãos do Oriente questionou a soberania do papa sobre o credo em Constantinopla (atual Istambul), capital do antigo Império Romano do Oriente. As palavras históricas foram proferidas durante o terceiro e último dia de viagem do pontífice à Turquia. Em Istambul, Francisco participou da festividade de Santo André, irmão de Pedro e um dos discípulos de Jesus, considerado o patrono da Igreja Ortodoxa. Por ser parente do primeiro papa [sic], o santo também serve como um dos elos de ligação entre a Igreja Católica Apostólica Romana e os ortodoxos.

Na sexta e no sábado, dois primeiros dias da viagem à Turquia, Francisco condenou o fanatismo e o fundamentalismo no Oriente Médio e a perseguição de cristãos na Síria e no Iraque. O pontífice afirmou que “os medos irracionais que fomentam a incompreensão e a discriminação precisam ser combatidos com a solidariedade de todos os fiéis”.

Sobre o combate ao Estado Islâmico, o Papa reiterou que o problema não pode ser enfrentado só com ações militares, mas através de um compromisso conjunto “com base na confiança mútua, que pode abrir o caminho para a paz duradoura”. A visita é considerada um desafio às ameaças dos jihadistas do Estado Islâmico (EI), pois ocorre após extremistas capturarem partes de território do Iraque e da Síria perto da fronteira da Turquia, declarando um califado islâmico e matando ou expulsando muçulmanos xiitas, cristãos e outros fiéis que não compartilham a crença no Islã sunita radical pregado pelo grupo.


Nota: Sem dúvida nenhuma, esse é um dos eventos religiosos (e proféticos) mais significativos dos últimos séculos, e protagonizado pelo carismático e ativo papa Francisco, homem que já entrou para as páginas da história como um líder capaz de transpor abismos e fazer alianças. Enquanto estende a mão para os “irmãos separados” e promove a reunificação ecumênica (motivando até mesmo os protestantes a dizer que “o protesto acabou”), Francisco insistentemente condena os fundamentalistas que causam dor e divisão. O problema é a generalização que ele mesmo faz dessa palavra perigosa... [MB]

Momento histórico