terça-feira, janeiro 05, 2016

Charlie Hebdo continua promovendo desrespeito

Em memória do atentado de 7 de janeiro do ano passado, o semanário satírico francês Charlie Hebdo publica nesta quarta-feira (6) um número especial, que trará na capa a charge de um deus barbudo, com um Kalashnikov e com a veste ensanguentada. O título: “1 ano depois, o assassino ainda corre”. O número terá uma tiragem de quase um milhão de exemplares, e vários deles serão enviados para diferentes países. A edição contará com um caderno de charges das vítimas - Charb, Honoré, Cabu, Wolinski e Tignous, cartunistas mortos em 7 de janeiro por dois radicais -, assim como de outros profissionais, além de mensagens de apoio de várias personalidades. O atentado deixou 12 mortos. Entre os colaboradores externos, estão a ministra francesa da Cultura, Fleur Pellerin; atrizes, como Isabelle Adjani, Charlotte Gainsbourg e Juliette Binoche; intelectuais, como Élisabeth Badinter, a bengalesa Taslima Nasreen e o americano Russell Banks; e o músico Ibrahim Maalouf. 

O cartunista Riss, atual diretor do veículo, gravemente ferido em 7 de janeiro de 2015, assina um editorial com uma ferrenha defesa da laicidade e denuncia os “fanáticos alienados pelo Alcorão” e “devotos de outras religiões” que queriam a morte da publicação por “ousar rir do religioso”. “As convicções dos ateus e dos laicos podem mover mais montanhas do que a fé dos crentes”, escreve.

Hoje, o semanário tem tiragem de cerca de 100 mil exemplares em bancas e, destes, pelo menos 10 mil são distribuídos no exterior. A revista conta com 183 mil assinantes.


Nota: A liberdade de expressão não deve ser desculpa para o desrespeito. Colocar uma representação de Deus com uma arma na capa de uma revista é querer atribuir ao Criador uma culpa que Ele não tem. Como se Santos Dumont fosse culpado pelos bombardeios aéreos por ter inventado o avião. Deus não é culpado pelos atos cruéis de pretensos religiosos. E “devotos de outras religiões” não são fanáticos ou intolerantes ou fundamentalistas pelo simples fato de ser devotos. Cristãos devotos que realmente entenderam a mensagem de Jesus estão dispostos a morrer pelo próximo e pela verdade que defendem, nunca a matar por isso. Em nome da laicidade e da liberdade, o pessoal da Charlie Hebdo demonstra quase tanta intolerância quanto a daqueles que condenam. E isso não leva a nada – ou melhor, leva a mais ódio e violência. [MB]