terça-feira, janeiro 12, 2016

Expressar gratidão pode mudar seu cérebro

O poder dos hábitos de pensamento
Pesquisadores da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, chegaram à conclusão de que ser grato pelas pequenas coisas da vida pode causar grandes mudanças – inclusive cerebrais. Um artigo publicado no jornal científico NeuroImage atesta que, depois de poucos meses exercitando sua gratidão por meio da escrita, seu cérebro passa a se sentir ainda mais condicionado a ser grato. E isso traz benefícios. Para a experiência, foram chamados 43 voluntários que passavam por terapia para tratar depressão e problemas relacionados à ansiedade. Todos foram recrutados para uma terapia em grupo semanal, porém apenas 22 deles foram chamados para a “sessão de gratidão”, por assim dizer: nos três primeiros encontros, os participantes passaram vinte minutos escrevendo cartas em que revelavam gratidão pelo destinatário (e poderiam escolher se enviariam ou não a carta). O outro grupo não participou desse exercício. 

Três meses depois desses encontros, todos passaram por um escaneamento cerebral, que ocorria simultaneamente a outro exercício: eram exibidas fotos de pessoas que, em tese, teriam feito grandes doações de dinheiro à pesquisa. Os participantes precisavam agradecer a eles pelo investimento, enquanto seus cérebros eram examinados. Todo mundo sabia que era apenas um exercício, mas foi dito a cada um deles que as doações realmente seriam feitas em algum momento. 

O teste foi claro: quem escreveu as cartas, três meses antes, demonstrou mais atividade cerebral nas áreas relacionadas ao sentimento de gratidão. Vale ressaltar que essas áreas responderam de forma ímpar: ações como se colocar no lugar do outro ou demonstrar empatia não reverberam da mesma forma no cérebro. É um sentimento único. E o mais empolgante é que o efeito de “exercitar a gratidão” é realmente duradouro: seja duas semanas ou três meses depois da experiência, é como se a massa cinzenta se “lembrasse” do comportamento carinhoso e passasse a agir mais dessa forma. A pesquisa compara esse treinamento a como exercitar um músculo: quanto mais você pratica a gratidão, mais propenso estará a senti-la espontaneamente no futuro. Isso ajuda a diminuir a depressão e passar mais tempo com aquele calorzinho bom de se sentir feliz com a ajuda de alguém.

Essas investigações sobre os efeitos de se sentir grato ainda são bastante primordiais – e os próprios pesquisadores admitem isso. Há muito a aprender em termos de efeitos desse sentimento no cérebro e se realmente podemos relaciona-los a efeitos de longo prazo na forma como pensamos e agimos no cotidiano. Mas enquanto isso, talvez seja mesmo bom espalhar #gratidão por aí – e não apenas em uma hashtag. 


Nota: Não é à toa que a Bíblia fale tanto em gratidão: Como é bom render graças ao Senhor e cantar louvores ao Teu nome, ó Altíssimo; anunciar de manhã o Teu amor leal e de noite a Tua fidelidade” (Salmo 92:1, 2); “Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus” (1 Tessalonicenses 5:18); “Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos” (Colossenses 3:15). É interessante constatar a plasticidade cerebral e como os hábitos podem reorganizar nossa maneira de pensar. Lembre-se de que os atos repetidos criam hábitos e que os hábitos têm o poder de construir o caráter. Faça da gratidão um estilo de vida e você será mais feliz. [MB]