quarta-feira, janeiro 13, 2016

O taxista muçulmano e a “ponte”

Aproveite as oportunidades
Em Orlando para fazer a cobertura de um importante evento de saúde da Igreja Adventista, tive que tomar um táxi do aeroporto até o local do congresso. A primeira pergunta que o taxista me fez, num inglês com sotaque, foi: “Você veio passear ou trabalhar?” Disse a ele que vim participar de uma programação relacionada com saúde e estilo de vida, promovida pela Igreja Adventista nos Estados Unidos. Lancei a “isca” e esperei o resultado, que não demorou: “Você é pastor?” Como ainda não sou e não quis multiplicar explicações, disse-lhe apenas que sou jornalista e que vim para fazer reportagens para as revistas Vida e Saúde (da qual sou editor) e Revista Adventista. Falei-lhe sobre essas revistas e sobre as editoras da igreja. Ele ficou interessado e me perguntou mais sobre o adventismo. Quando eu disse que evitamos alimentos que fazem mal, não ingerimos bebidas alcoólicas e não comemos certos tipos de carne, como a de porco, ele manifestou surpresa: “Quer dizer que existem cristãos que não comem porco e não bebem álcool? Por que vocês agem assim?”

Mais perguntas vieram e expliquei ao homem que procuramos seguir a Bíblia em sua totalidade, e que especialmente o Antigo Testamento traz recomendações dietéticas importantes, corroboradas por pesquisas científicas. Foi então que ele me disse que também não consome carne de porco, pois é muçulmano (o sotaque diferente se deve ao fato de ser paquistanês). E ali estava uma “ponte” para continuar a conversa.

Disse-lhe que os adventistas também valorizam uma vida de devoção ao Criador; que somos criacionistas, como os muçulmanos; temos em alta conta os patriarcas, como Abraão; que guardamos o sábado, como eles, os patriarcas, faziam; e que aguardamos a volta de Jesus, apresentado no Alcorão como Issa. Ele sorriu quando soube que tenho e já li boas partes do livro sagrado dele.

Falamos, depois, que, infelizmente, muitos cristãos e muçulmanos não vivem a fé que professam ter. Ele me disse que muitos religiosos adoram mais o dinheiro do que a Deus, no que concordei. E disse estar realmente surpreso de conhecer um cristão adventista (pena que fui o primeiro, num país onde há tantos...).

Paguei a viagem, despedi-me dele com um aperto de mão e uma bênção, e fiquei pensando em algumas coisas: (1) infelizmente, de modo quase geral, o cristianismo que o Ocidente apresenta não honra o nome de Jesus e serve até de empecilho para apresentá-Lo aos muçulmanos, que acabam vendo esses cristãos nominais como verdadeiros “pagãos”, devido ao seu estilo de vida; (2) quando nós, adventistas, vivemos os ensinamentos bíblicos, chamamos a atenção de seguidores do Islã e de judeus, também, afinal, temos vários elementos em comum; (3) precisamos criar mais pontes entre nós e essas pessoas, e mostrar que o verdadeiro cristianismo é atrativo, transformador e poderoso, pois segue um Deus vivo cuja sepultura está vazia; um Deus que prometeu voltar e que ama a todos, sem distinção.

Que o Senhor nos ajude a aproveitar toda e qualquer oportunidade para falar dEle e da razão da nossa esperança (2Pe 3:19).

Michelson Borges   

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