terça-feira, novembro 29, 2016

Chapecoense: quando a tragédia entra em campo

O momento é para solidariedade
Eles certamente viajavam felizes e com a mente cheia de expectativas. O time estava em uma boa fase e voava a bordo de um avião com destino a Medellín, na Colômbia, onde disputaria a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, na quarta-feira, dia 30. Só Deus e talvez alguns familiares conheçam os sonhos que cada um alimentava, os planos, os projetos, as ambições. Talvez alguns tenham prometido gols para a namorada, a esposa ou os filhos. Possivelmente, outros sonhassem com o título inédito a fim de alegrar ainda mais o Natal e o Ano Novo. Sonhos, esperanças e projetos que ficaram definitivamente no passado. O avião que transportava 81 passageiros, entre os quais a equipe do time catarinense da Chapecoense, caiu nesta madrugada, quando se aproximava da capital colombiana. Pelo menos 76 pessoas morreram. A notícia chocou o Brasil na manhã desta terça-feira.

Toda vez que um evento dessa natureza acontece revive a sensação de que habitamos um mundo inseguro e injusto. E isso é fato. Tragédias não escolhem lugar nem data para acontecer. Elas simplesmente estão como que à espreita, aguardando o momento de “entrar em campo” e ceifar vidas, destruir sonhos. No campeonato da vida, somente vencerá aquele que jogar segundo as regras do Céu. Podem acontecer reveses pelo caminho e até a morte surpreender um ou outro “jogador”, mas, para aqueles que seguram firmemente a mão do Criador, a vitória já está garantida. O último inimigo a ser derrotado é a morte; e que venha logo esse dia!

É claro que Deus não deixou de proteger os passageiros e os tripulantes do voo que ia para a Colômbia, enquanto estaria livrando de todos os males Seus “queridinhos”. O assunto é muito mais complexo do que isso. Deus tem em vista o bem eterno de todas as Suas criaturas, e mesmo nas tragédias é possível ver a mão dEle atuando – ainda que os afetados pela perda e pela dor não consigam compreender o que se passa no momento. Tragédias, mortes e sofrimento são a especialidade de Satanás, o inimigo de Deus, o originador do mal no Universo. E sua jogada de mestre consiste em causar destruição e levar as pessoas a atribuir essas coisas a Deus. O mal não existe porque o Criador quer. Muito pelo contrário: o que Ele mais quer é destruir o mal de forma definitiva. E fará isso em breve. Por hora, o que Ele faz em nosso favor é usar o bem e até o mal que Ele não causa – se puder, com isso, nos lembrar de nossa finitude e de nosso desamparo; que temos um Céu a ganhar e uma morte eterna a evitar. Como escreveu C. S. Lewis, as tragédias, muitas vezes, são o megafone de Deus.

O que aproveito de tudo isso é a reflexão suscitada pelos fatos que me fazem pensar que a vida é frágil, a tragédia é uma realidade sempre presente, este não é o lar que Deus planejou para nós e que nossa existência é feita de decisões. E se seu avião caísse hoje, como estaria sua vida? Que legado você deixaria para sua família e seus amigos? Que esperança de futuro o acompanharia até a sepultura?

Não adianta dourar a pílula. A tragédia e a tristeza estão em campo e permanecerão aqui até a volta de Jesus. O que nos resta fazer é nos preparar para esse grande evento, correr agora mesmo para os braços do Pai e orar pelos que estão com o coração apertado pela dor da perda e da saudade.

Vem logo, Senhor Jesus!

Michelson Borges 

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Uma das reflexões mais bonitas que li sobre o acidente é de Felipe Sandrin:

“Quando um avião cai a gente cai junto. Um avião transporta mais do que vidas, transporta sonhos. É o pai que está indo reencontrar os filhos, é a mãe que está indo buscar o sustento de sua família, são pilotos que planejam estar em casa ao jantar e a aeromoça que leva na bagagem o perfume favorito do namorado.

“Quando cai um avião a gente cai junto, pois quantos de nós viram os sonhos começar dentro de um avião. A viagem tão esperada, a assinatura de um contrato, o encontro com alguém com que tanto sonhamos estar junto.

“Aviões partem rumo a sonhos, e era isso que cabia também nesse trágico voo que quase chegou a seu destino. Jogadores que representavam o sonho do menino que quer ser jogador, jogadores que representavam seus familiares, seus torcedores.

“Quando um avião cai todos nós caímos juntos. Morrem sonhos, morrem encontros que não vão mais ocorrer, morrem saudades que não vão ser vencidas e que dali por diante vão apenas crescer e se tornar um buraco junto a quem nunca chegou.

“Quando um avião cai a dor é compartilhada, pois todos nós somos torcedores, torcemos para quem amamos, torcemos para logo poder dar o abraço, torcemos, pois ninguém sonha sozinho.

“Hoje esse humilde time de Santa Catarina tem a maior torcida do mundo, pois quando sonhos despencam do céu a solidariedade é a única camisa que todos vestem, pois essa é a única camisa que nesse momento nos conforta.

“Fica meu abraço e sincera dor a familiares e torcedores desse triste voo. O Resto é silêncio.”