quinta-feira, novembro 24, 2016

Crentes na UTI e o remédio errado

É preciso reagir
Na medicina, temos situações em que pacientes estão entre a vida e a morte. O coração não bombeia o sangue adequadamente. Os vasos sanguíneos não conseguem manter a circulação para os órgãos. O corpo entra em uma espiral degenerativa que pode culminar com a morte. Nesse momento, em uma UTI, entramos com medicamentos para manter a pressão e dar força ao coração. Mas o corpo tem que aceitar e reagir apropriadamente a essa medicação. Caso isso aconteça, o organismo entra em um ciclo virtuoso, ou seja, se recupera, ganha vigor e se restabelece. Existem situações, no entanto, em que infelizmente isso não acontece. O corpo não está preparado, não responde. Entramos com uma segunda, terceira, quarta medicação. Finalmente, o corpo esvai-se completamente de suas reservas e entra em falência completa. Note-se, entretanto, que enquanto entramos com novas medicações, e com doses mais altas, aparentemente muitas vezes a pessoa está melhor. A pressão sobe. Dá sinais de vigor. Mas são só aparências. Essas doses mais altas de medicação acabam gastando mais rapidamente as reservas do organismo e precipitando a falência dele.

Existem pessoas que creem que necessitam de um estilo de adoração mais animado, mais “agitado” para se sentirem espiritualmente motivadas. Muitas vezes o que se observa é que várias dessas pessoas vão querendo formas de louvor cada vez mais agitadas, enérgicas, altas, como se desejassem despertar algo que já não conseguem com aquilo que as sensibilizava anteriormente. Sentem-se como se agora sua vida espiritual fizesse sentido, para em pouco tempo desejar algo mais agitado e radical. Não existiria aqui um paralelo com aqueles pacientes graves?

O louvor não vai encher você de algo que você não tenha por base. Se você não buscar uma vida de comunhão e reavivamento, formas exteriores de estimulação serão somente isto: um estímulo externo e transitório que não terá efeitos duradouros em sua vida espiritual.

(Everton Padilha é cardiologista do Incor e diretor do Estudo Advento)