quarta-feira, novembro 16, 2016

Quem come carne é racista, homofóbico e machista?

Um tiro no pé da causa
Sorsha Morava, 20 anos, é uma blogueira e estrela do YouTube que está causando um tremendo reboliço na internet. Está sendo duramente criticada ao comparar a escravidão e os massacres de toda a humanidade com a indústria alimentícia, mais especificamente a da carne. Ela atacou os carnívoros. Disse que quem come carne também apoia, por exemplo, o Holocausto, e ainda acusou: “Quem consome carne é homofóbico, machista e racista, sim! E também é nojento!” Sorsha já publicou uma série de vídeos polêmicos sobre a causa vegana. Entretanto, o mais controverso foi “Por que você apoia o Holocausto e eu não”. Em um dos vídeos, a blogueira de Los Angeles disse aos telespectadores: “Você pode ser contra o racismo, mas isso não significa que você é contra a discriminação. Mas ainda assim você provavelmente consumirá produtos de origem animal, o que significa que você não é nem um pouco contra a discriminação. Se você não é vegano, não pode ser contra a discriminação porque você está discriminando literalmente quem é animal não humano. Ou seja, você discrimina quem não é da sua própria espécie.”

Teve quem ficasse bem bravo com essas declarações. Vários usuários no YouTube pediram que Sorsha “respeitasse os comedores do carne”. Até mesmo alguns veganos acharam o discurso da loirinha um absurdo: “Você está manchando o nome dos veganos”, comentou um internauta.

Sorsha, que possui quase 94 mil inscritos em seu canal do YouTube, também causou controvérsia no Twitter depois de comparar que quem bebe leite de vaca apoia a escravidão dos bichos. Ela provocou uma onda de fúria quando tuitou uma imagem que mostrava a silhueta de um homem sendo pendurado em uma árvore, e em cima estava escrito “Ano: 1815”. Ao lado dele, havia a silhueta de um porco sendo pendurado em uma árvore, e em cima escrito “Ano: 2015”. Sobre a imagem, Sorsha disse: “Somente as vítimas mudaram. Você não pode ser contra a opressão se você ainda consome produtos de origem animal.”

Os usuários do Twitter a acusaram de ser “ignorante”. Um dos internautas escreveu: “Que p#%*# há de errado com você? Massacre não deve ser comparado ao consumo animal.” Outro explodiu: “Os dois não são sinônimos. Comparar o racismo opressivo com uma escolha dietética... acaba logo, 2016!”

As reações negativas ao post da blogueira não paravam de aparecer. “Sorsha... você realmente tentou comparar 500 anos de supremacia branca genocida com comer uma porcaria de carne de porco?”, disse outro usuário do Twitter. Sorsha também marcou as celebridades Arika Sato e Ariana Grande em um tuite e pediu para elas pararem de comer carne ou usar produtos de origem animal. No tuite, ela também disse: “Usar produtos de origem animal é simplesmente PAGAR para violar as vacas.”

Outro youtuber chamado PewDiePie rebateu um dos vídeos da Sorsha com um “vídeo resposta”. PewDiePie é o nome do seu usuário nas redes sociais, mas seu nome verdadeiro é Felix Arvid Ulf Kjellberg. No vídeo de resposta, ele disse: “Eu acho engraçado ela dizer que se eu não sou vegano, sou um pedaço de m#%*@.”


Nota: É evidente que Sorsha está exagerando e atraindo mais ódio e aversão à causa que defende. É o que fazem também certas entidades que promovem o veganismo e o bem-estar dos animais (confira). É óbvio que promover o vegetarianismo e o cuidado dos animais trata-se de uma causa nobre, e eu mesmo tenho feito isso aqui no blog há anos (confira aqui e aqui). Mas ocorre que veganismo é uma filosofia evolucionista que iguala humanos a “animais não humanos”. Há veganos que bebem substâncias nocivas à saúde, como a cafeína, mas não consomem mel, isso porque a primeira é “natural” e o segundo estressa as abelhas, quando é recolhido nas colmeias. Evito o termo “vegan” ou “vegano” justamente para não ser confundido com os adeptos dessa filosofia extremista.

Historicamente, os adventistas têm promovido o vegetarianismo e o estilo de vida saudável (que envolve muito mais do que dieta). E por quê? Porque a saúde física tem reflexos na saúde mental e espiritual. E uma mente saudável tem melhores condições de se “conectar” com Deus e entender Sua mensagem. Longevidade e melhor saúde geral são consequência da adoção desse estilo de vida recomendado por Deus. E o cuidado dos animais deriva de nosso amor cristão pela criação e de nossa consciência de que somos administradores da natureza (princípio da mordomia). Nosso estilo de vida está fundamentado na Bíblia, não em filosofias exotéricas, espiritualistas ou darwinistas.

Mas, convenhamos, há vegetarianos que, guardadas as proporções, acabam exagerando como a Sorsha. Fazem da comida o assunto mais importante da vida e colocam a própria saúde acima das outras pessoas. Certa vez, ouvi um “defensor da reforma de saúde” dizer que não poderia dar estudos bíblicos à noite para uma família porque precisava dormir cedo todos os dias. Não acreditei naquilo! Quantas noites Jesus passou em claro orando por nós? Quantas vezes Ele colocou a salvação das pessoas acima de Seu bem-estar? (Na verdade, sempre.) Temos que ter sabedoria, tato e discernimento guiado pelo Espírito Santo a fim de saber socializar sem comprometer princípios. Devemos atrair as pessoas com o nosso testemunho cristão equilibrado, não repeli-las assustadas com esquisitices fanáticas de “vegechatos”.

Sim, é importante defender o estilo de vida saudável e o bem-estar dos animais, mas que se faça isso pelo motivo certo e da forma correta. [MB]