quinta-feira, setembro 15, 2011

O design inteligente dos dedos que enrugam na água

Em um novo estudo, publicado na Brain, Behaviour & Evolution, uma equipe liderada pelo neurobiólogo evolutivo Mark Changiz mostra evidências de que mãos e pés com rugas seriam benéficos na hora de tentar segurar um objeto – assim como os vincos de um pneu em uma estrada molhada. Toda criança sabe que os dedos ficam enrugados quando a gente passa muito tempo na água – mas será que algum pai sabe explicar por que isso acontece? A resposta mais comumente dada à pergunta é a da osmose: um processo natural no qual a água passa do lugar em que é mais abundante para o que é menos. A osmose é uma forma de equilibrar, por exemplo, as concentrações de sais nas células – deixando que a água entre ou saia para manter o nível ideal. Ela ocorre através de uma membrana semipermeável, como a parede de uma célula ou, no caso dos dedos enrugados, a pele.

O problema é que, há quase um século, essa explicação já não é mais muito aceita... Isso porque cirurgiões já demonstraram que não existe enrugamento na água quando os nervos dos dedos são cortados. Como a osmose é um processo físico-químico, que independe das ligações nervosas, os dedos deveriam continuar enrugados se ela fosse a culpada. Além disso, se fosse osmose, por que somente os dedos das mãos e dos pés ficariam enrugados, e não a pele de todo corpo?

Essas evidências motivaram os pesquisadores a se perguntar se as rugas teriam alguma função, ao invés de serem apenas um efeito colateral de se estar molhado. Sua conclusão é a de que há fortes evidências de que elas seriam uma forma do nosso corpo aumentar o poder de segurar objetos com as mãos molhadas.

Analisando a morfologia dos padrões de rugas, eles notaram que ela imita sistemas de drenagem, o que permite a remoção mais eficiente da água das mãos e pés primatas [sic] – justamente as superfícies que usam para “agarrar”.

Outro fato que corroboraria a tese seria o tempo: é preciso ficar pelo menos 5 minutos na água para que as rugas apareçam, o que é rápido o bastante para ajudar em uma situação “molhada”, mas não rápido demais para que qualquer contato com a água o dispare.

Os pesquisadores pretendem agora expandir o estudo, realizando comparações com outros animais.

(Info)