quinta-feira, setembro 29, 2011

Por que cuidados dos idosos e dos doentes?

Gente frágil e com dificuldade para sobreviver sozinha poderia ser vista como inútil. Mas nossa mente foi projetada para sentir compaixão pelos outros

Sabe a máxima “Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a você”? Pois esse é um dos possíveis motivos. Cuidar de idosos e de doentes é um comportamento movido pelo nosso instinto de moral e por uma capacidade conhecida como “teoria da mente”, por muito tempo vista como unicamente humana. Ela equivale a se colocar no lugar de outra pessoa, e até de outros seres vivos, para imaginar sua dor, seus sentimentos. Intuir o que se passa com o outro é o que acaba levando à compaixão e, por fim, ao altruísmo sem segundas intenções. Como explica o psicólogo americano Steven Pinker em seu livro Tábula Rasa, “nossa teoria da mente está ligada à nossa habilidade para ter empatia e à nossa concepção de vida e morte (...). É a fonte do conceito de alma. Uma crença na alma, por sua vez, entrelaça-se às nossas convicções morais”. E o cerne da moralidade, continua ele, “é o reconhecimento de que os outros têm interesses tanto quanto nós temos”.

A observação desse tipo de comportamento em nossos primos mais próximos [sic], os bonobos e os chimpanzés, sugere que a atenção com o próximo foi uma característica perpetuada pela evolução, como propõe o primatólogo holandês Frans de Waal em seu livro Eu, Primata. [...]

Estudos do neurocientista brasileiro Jorge Moll Neto sobre altruísmo de certo modo confirmam essa ideia. Em um trabalho publicado na revista científica PNAS, ele sugeriu que o comportamento altruísta ativa o sistema de recompensas do cérebro – área ligada ao prazer. Ele observou que uma doação para uma entidade filantrópica ativava essa região e também o córtex subgenual (envolvido com a formação de laços afetivos, como o que ocorre entre mãe e filho, entre casais e amigos).

Extrapolando um pouco [um pouco?!] as conclusões do estudo, Moll Neto propôs uma explicação evolutiva para o altruísmo [para os darwinistas, só existe uma explicação para tudo: a deles]. Ele usa como exemplo as primeiras sociedades tribais, em que as pessoas tinham eventualmente de se juntar para construir algo para a comunidade nascente. “Podemos deduzir que o sistema de apego foi remodelado de modo a nos envolvermos com causas abstratas. Acredito que isso foi fundamental para a estabilização da espécie. Nossa sobrevivência individual dependeu de a gente cooperar com o grupo.” [Ainda bem que Moll Neto admite “acreditar” nessa hipótese. Eu não acredito. E, como fé é algo subjetivo, ficamos nisso mesmo.]

US$ 300 milhões é o valor aproximado anual de doações para caridade feitas nos EUA, o país do mundo que mais faz esse tipo de contribuição aos necessitados. [Seriam eles mais evoluídos ou seria isso resquício do cristianismo que, esse sim, nos ensina a fazer aos outros o que queremos que eles nos façam?]

(Superinteressante)

Nota: Nossa mente foi projetada para sentir compaixão, é? Quem projetou? O acaso cego projeta alguma coisa? Não teria o editor dessa matéria da Super “escorregado” no uso da palavra? Teria levado um bronca de seus pares, depois? Note que a partir das pesquisas os darwinistas sempre “extrapolam um pouco” a fim de encaixar qualquer resultado em seu ponto de vista evolutivo. Mesmo quando um comportamento ou sistema de complexidade irredutível claramente aponta para um projeto inteligente, eles dão um jeito de desviar o assunto e afirmar que “a evolução explica”, sempre sob o guarda-chuva epistêmico do naturalismo filosófico. Por que a evolução favoreceria a criação do processo de recompensa cerebral relacionado a um comportamento desfavorável à sobrevivência, qual seja o de cuidar de idosos e doentes? E a sobrevivência do mais apto, como fica? Cuidamos de idosos e doentes porque fomos criados com senso de moralidade e compaixão (compartilhado em certa medida com nossos companheiros de planeta, os animais).[MB]