quarta-feira, fevereiro 18, 2015

A capsula, o carnaval e o fim do mundo

Salvador teve até "capsula do sexo"
A cada ano que passa, os organizadores do Carnaval brasileiro se superam no quesito depravação, e nossa dívida com Sodoma e Gomorra só vai aumentando. Terceira escola a entrar na Sapucaí na madrugada de segunda-feira, a Mocidade Independente de Padre Miguel apresentou um enredo que parece sintetizar o “sabor escatológico” da decadente moral humana: “Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria se só te restasse um dia?” O pessoal de um camarote lá em Salvador não teve dúvidas em responder na prática: sexo, no meio de todo mundo e a 15 metros de altura. Sim, inventaram lá uma tal capsula “do sexo”, “da rapidinha privê”, “da paquera”, como ficou conhecida a cápsula montada pela fabricante de preservativos Durex, dentro da qual casais podiam permanecer 15 minutos, fazendo o que bem entendessem e observando a festa abaixo.

A cápsula suspensa pesava cerca de sete toneladas e tinha banheiro, ar-condicionado, televisão, cama e vista para a cidade. A ideia foi aprovada pelos foliões, já que dezenas de casais utilizaram o espaço. Em nota, a Durex informou que todos os casais que entraram na “cápsula do sexo” ganharam um preservativo, reforçando a velha ideia de que, com camisinha, o sexo seguro está garantido.

A mesma Mocidade levou destaques que simulavam sexo em plena Sapucaí. Decorado com esculturas de casais em pleno ato sexual, a alegoria representou o motel como uma das opções de lugar para estar, caso chegue o fim do mundo. A coreografia contou até com cenas de sexo homossexual e a três.

A que ponto chegamos? Parece cena de algum culto orgiástico catapultada da história passada (quem sabe antediluviana) e transportada para o perdido século 21: pessoas se embriagando e dançando suarentas no solo e, acima delas, casais fazendo sexo dentro de uma cápsula! E basta carregar o preservativo para dentro e deixar a vergonha do lado de fora. Preservam-se de um bebê inconveniente que poderia “surgir” desses minutos de prazer inconsequente. Preservam-se de algumas (mas não todas) doenças sexualmente transmissíveis, mas não se protegem da decadência emocional e psicológica que advém do fato de se tratarem como objetos a serem usados e, depois, descartados. Usam uma fina camada de látex achando que se protegem de muita coisa, mas o que estão fazendo é conduzir a humanidade para o fundo, para a decadência completa.

“Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria se só te restasse um dia?” Para esses hedonistas adoradores do prazer a qualquer custo (ainda que o da própria moral), essa pergunta é apenas o refrão de uma música feita para divertir. Mas não é. Na verdade, é uma pergunta crucial – a mais crucial, talvez. “Se o mundo fosse acabar...”, não, o mundo vai acabar. E o que você fará a respeito disso? Se trancará numa capsula de prazeres ilusórios e momentâneos? (No fim das contas, a vida passa tão rápido quanto 15 minutos.) Usará de paliativos para os problemas que você mesmo está trazendo sobre si? Preferirá fechar os olhos para os sinais que indicam que este mundo está com os dias contados? Ou reconhecerá que a vida é muito mais do que festa, sexo, música e diversão? Se só lhe restasse um dia, você jogaria fora a eternidade?

Saia da “cápsula” e venha para a vida! Um mundo maravilhoso, de alegria e prazeres verdadeiros aguarda por você. Ali não é preciso fazer nada escondido. Não é preciso se proteger do pecado consciente e de seus resultados. E a contagem do tempo não será feita em minutos, nem dias, meses, anos ou milênios.

Michelson Borges

Nota 1: Nesses dias de carnaval, fiquei com minha família totalmente alheio à bagunça que toma conta do país e dos noticiários – essa verdadeira catarse coletiva que faz muitos se esquecerem até dos desmandos políticos e das mazelas sociais. Participei de um dos muitos retiros espirituais promovidos pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Desta vez, minha esposa, meus filhos e eu ficamos quatro dias com os irmãos da igreja de Guaranhuns, Vila Velha, ES, acampados num sítio em Guarapari. Foram dias muito abençoados em que minha esposa e eu tratamos de temas relacionados com criacionismo, educação de filhos, teologia e apologética. Eram dois cultos por dia (manhã e noite) com muito louvor e estudo da Palavra da Deus e das evidências de um design inteligente na criação (com um laboratório bem perto da gente: a natureza que nos rodeava). Momentos marcantes, também, foram as ocasiões em que se formavam espontaneamente grupos de até 20 pessoas para conversar um pouco mais (às vezes por horas) sobre os temas apresentados. Na última palestra, fiz um apelo e muitos jovens decidiram entregar a vida ao Criador. Depois dessa convivência fraterna, em contato com Deus, com os irmãos e com a natureza, duas coisas se tornaram mais difíceis: voltar para a vida “real” e esperar pela vida eterna.

Com minha amada, na "praia adventista" de Guarapari, nos fundos do Catres
Grupo musical Louvor e Voz: jovens dedicados e talentosos

Nota 2: Na manhã de segunda-feira, aproveitamos para visitar o retiro do Centro Adventista de Treinamento e Recreação do Espírito Santo (Catres), onde quase mil adventistas estiveram reunidos nos dias de carnaval. A reportagem veiculada pela TV Gazeta (Globo) pode ser vista aqui.