Outro dia, vi uma cena que me deixou realmente aborrecido. Da sacada de um sobrado de classe média um grupo de adolescentes desocupados fazia pontaria na rolinha, pousada em uma árvore em frente de casa. De repente, ouvi um estampido seco vindo da espingarda de pressão e alguns risos de triunfo. No instante seguinte, o pobre animal indefeso estava no chão, debatendo-se inutilmente contra a morte. Creio ter lançado um olhar gélido e involuntário aos rapazes, pois eles se esconderam dentro da casa, até que eu entrasse em minha residência. A "política da boa vizinhança" me impediu de ir até eles e dizer algumas coisas.
Depois comentei com a Débora, minha esposa, enquanto acariciava nossa cadelinha Laila, contente por ver-me chegar do trabalho: "Como o ser humano se tornou insensível."
Enquanto conversávamos sobre o triste ocorrido, outra cena me veio à mente. Lembrei-me de quando fui visitar uma pessoa considerada um bom cristão, bastante missionário. Ao chegar à casa dele, fui convidado a entrar, mas havia um cachorro distraído obstruindo o acesso. Sem pensar duas vezes, o homem desferiu um pontapé no bicho, expulsando-o do jardim. Engoli em seco e prossegui em minha visita.
O que ocorre conosco? Mesmo pessoas que se dizem religiosas comportam-se, por vezes, de maneira mais selvagem que certos animais. [Leia mais]