Recentemente li um comentário do falecido Stephen Jay Gould, paleontólogo da renomada Harvard. Preste atenção no que ele diz a respeito do propósito da vida: “Estamos aqui porque um estranho grupo de peixes tinha uma peculiar anatomia nas barbatanas que pôde transformá-las em pernas para criaturas terrestres; porque cometas se chocaram com a terra e eliminaram os dinossauros, dando com isso aos mamíferos uma chance que eles de outro modo não teriam (por isso, agradeça aos seus astros favoráveis, literalmente); porque a Terra não se congelou inteiramente durante a era do gelo; porque uma pequena e frágil espécie, surgindo na África há um quarto de milhão de anos, conseguiu sobreviver até agora, pelo uso do anzol e do cajado de pastor. Podemos suspirar uma resposta 'mais elevada' – mas não há nenhuma. Esta explicação, embora superficialmente perturbadora, se não aterradora, em última instancia é libertadora e hilariante.”
Apenas três considerações:
1) Você se sente hilariante diante dos momentos de dor, sofrimento e luto?
2) Se não há nenhuma resposta “mais elevada” (entenda isso como Deus), qual o significado da vida?
3) Se isso é real, alguém precisa me dar fé... Eu não consigo acreditar!
(Luiz Gustavo Assis é pastor e escreve para o site Outra Leitura)
Nota: Gould era defensor da teoria do saltacionismo e, apesar de tudo, tinha a vantagem de discutir com o Dawkins e se mostrar um darwinista mais moderado. Com a morte dele, Dawkins apontou todas as suas armas epistêmicas contra os criacionistas.[MB]